Hábitos considerados inadequados colocam o Brasil como um dos países de maior incidência de câncer de boca em todo o mundo. Os principais fatores de risco estão no uso do tabaco, consumo de bebidas alcoólicas e a exposição excessiva ao sol.
Para o professor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP/Unicamp), Osley Paes de Almeida, o número de casos entre brasileiros justifica a adoção de políticas públicas que resultem em conscientização dos pacientes e rapidez na identificação da doença. O professor encerrou nesta quinta-feira (13) o 4º Encontro Londrinense de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, no anfiteatro do Centro de Estudos Sociais Aplicados (Cesa), no campus da Universidade Estadual de Londrina (UEL)
Os dados sobre a incidência não são ainda totalmente exatos, de acordo com o professor. Ele cita números recentes que se referem ao universo de sua prática e estudos, em Piracicaba, município do interior paulista de 380 mil habitantes. Lá são registrados cinco casos semanais, o que corresponde a 300 novos casos de câncer bucal/ano. "Isto implica pensar que teríamos, em tese, o dobro disso em Londrina, o que é número significante", afirma o professor.
Entre os problemas para o tratamento está o diagnóstico tardio. Culturalmente a falta de identificação da doença em tempo hábil acaba elevando a taxa de mortalidade em pacientes atingidos. Ele defende uma intervenção preventiva, que esclareça à população que o câncer bucal precisa ser considerado. Da mesma forma, cirurgiães-dentistas têm de atentar para a importância do diagnóstico mais precoce.
O professor explica que a população mais atingida são homens entre 40 e 60 anos. O tabagismo acaba respondendo por 90% dos casos, seguido pelo consumo do álcool. Os sintomas são representados por feridas, ulcerações ou lesões internas ou nos lábios.
De acordo com o professor, qualquer alteração no interior da boca que incomode por mais de 10 dias deve ser comunicada a um cirurgião-dentista. O diagnóstico rápido pode significar as chances do paciente, já que a expectativa de cura varia de 85% a 100% quando o câncer é diagnosticado e tratado na fase inicial.
Segundo o diretor da Clínica Odontológica da UEL, José Roberto Pinto, o professor Osley de Almeida é considerado uma das maiores autoridades em diagnóstico de patologias bucais do mundo, sendo frequentemente convidado para cursos e palestras no exterior. O professor participou ontem como convidado do curso de mestrado em Odontologia da UEL. Dessa forma, a direção da Clínica aproveitou a estada do professor em Londrina para possibilitar um contato dele com estudantes de graduação da UEL e da Unopar.
O 4º Encontro Londrinense de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial reuniu ainda professores locais. Pela manhã, participaram do encontro, no anfiteatro do CESA, o professor Ricardo Alves Mateus, que falou sobre "Tomografia" e o professor Glaykon Stábile, que falou sobre "Prototipagem em Cirurgia da Face". Com informações da Agência UEL de Notícias.
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