"Não se leva atendimento em massa com métodos artesanais", diz representante da International Medical Informatics Association. Especialista evidencia problemas e aponta soluções
Por mais que assuntos ligados ao uso do prontuário eletrônico do paciente sejam constantemente abordados no setor da saúde, ainda faltam estratégias para que a ideia de diminuir o uso do formulário convencional realmente saia do papel. Segundo o representante da International Medical Informatics Association – IMIA, Lincoln de Assis Moura Júnior, não se pode levar atendimento para as massas fazendo uso de métodos artesanais.
“É preciso usar ferramentas adequadas para proporcionar um atendimento de melhor qualidade. Quanto mais nos aproximamos do core business da área de saúde mais complexa a situação fica. Essa é uma realidade que o setor encontra”, afirma Moura.
De acordo com o especialista, a saúde é uma das poucas áreas onde os processos dependem da equipe de plantão. “O médico pode chegar no seu turno de trabalho e legitimamente mudar todas as prescrições feitas a uma paciente”. Por isso, é importante que existam procedimentos dentro das organizações.
Ele usa como exemplo os programas de Saúde da Família para exemplificar sua afirmação “Não há nada mais humano do que estar perto da família. É um conceito maravilhoso. No entanto, em uma cidade como São Paulo, se não houver um sistema de informação capaz de organizar as equipes, ela se perdem. As equipes podem ser trocadas, mas as informações são as mesmas”, completa.
O sistema de informação deve ser o motor da instituição, para Moura. Sendo assim, o representante da IMIA explica que para que a implantação de um sistema de prontuário eletrônico do paciente funcione é preciso organizar, gerenciar e operar essa ferramenta.
Moura conta que para reverter essa situação é necessário que o gestor olhe para dentro da sua organização, mas que não se limite a isso. “Só é possível sozinho melhorar até certo ponto, se os membros com quem você se relaciona não estão fazendo certo, o resultado não será positivo”.
Entendendo os problemas
Em sua explanação no Congresso Internacional eSaúde & PEP 2011, realizado no Royal Palm Plaza Resort, em Campinas, o executivo se aprofundou na complexidade do sistema de saúde brasileiro.
Fazendo uma comparação com os sistemas dos bancos, que são simples, funcionam de forma estruturada e com poucas classes de informações, a saúde possui dificuldades de estabelecer padrões estruturais, conta.
“Um dos problemas é a dificuldade de estabelecer padrões de vocabulário. Existe uma complexidade de vários termos dizendo a mesma coisa”. Ele exemplifica dizendo que a falta de padrão faz com que, por exemplo, existam dezessete maneiras de se exemplificar apendicite.
Existe uma grande complexidade também nos serviços de saúde. Os hospitais atendem uma grande demanda de pacientes cada um com um tipo diferente de diagnóstico, fazendo com que as informações fiquem fragmentadas.
“Não é para reclamar do mercado, mas é para entendê-lo, pois se isso não for compreendido, os profissionais ficarão frustrados.”
E ressalta que para que essa carência do setor seja sanada, é preciso que existe uma estratégia é uma tática para o setor denominada Arquitetura Organizacional.
Arquitetura organizacional
É uma maneira moderna de representar o que uma organização faz, conta. Sendo compreendido como um processo elaborado de auto conhecimento, onde é possível ver o que a instituição faz, como ela faz, para quem ela faz, com quem ela compete etc. “Ele surgiu na área de TI, mas na verdade ele está enraizado na administração e leva ao conhecimento de como os projetos de TI podem ajudar a melhorar a empresa”.
O problema é que esse projeto costuma ser muito oneroso para as instituições. Na opinião de Moura quem poderia implantar esse tipo de projeto seriam grandes instituições ou até mesmo o Ministério da Saúde.
No entanto, o especialista propõe que as empresas e hospitais de menor porte implantem a arquitetura organizacional simplificada dentro de casa. Para explicar esse método, ele divide em quatro pilares distintos compostos por Recursos Tecnológico , Recursos Metodológicos, Recursos Humanos e Recursos Organizacionais.
Recursos Tecnológicos:Conhecer a enfraestrutura de rede de comunicação, sistemas gerenciadores de bancos de dados, computadores, equipamentos e automação.
Recursos Metodológicos: Aprofundar-se na especificação, desenvolvimento e documentação de sistemas. Ter padrões de conteúdo, representação e transmissão da informação. Entender os sistemas em si e seus atributos. Gestão de projetos de TI e gestão dos projetos em si.
Recursos Humanos: Compreender a equipe de informática em si e o corpo de profissionais que utiliza a TI para exercer sua atividade.
Recursos Organizacionais: Saber qual é a estrutura da organização, seu negócio e seus macroprocessos. Da mesma forma, ter ciência dos requisitos de negócio a serem atendidos. Ter noção da área de TI, relacionamento interno e externo. E saber a quem pertence o sistema de informação.
Fonte SaudeWeb
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