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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Carreta da Saúde quer atender 100 mil pessoas em 2012

Para o gastroenterologista Roberto Kikawa não devem existir fronteiras para levar cuidados e carinho a um paciente necessitado

Existe uma característica notável na personalidade do médico gastroenterologista, a dificuldade em ficar no mesmo lugar por muito tempo. Para os desavisados, o adjetivo pode soar como defeito ou falta de estabilidade. No entanto, para Kikawa, os hábitos nômades são sinônimos de realização pessoal, profissional e amor pelo ser humano. Isso porque o médico viajante é o idealizador do Projeto CIES – Centro de Integração de Educação e Saúde, que tem como objetivo levar atendimento médico-preventivo a comunidades carentes fazendo uso de um centro médico itinerante, também conhecido como Carreta da Saúde. A unidade móvel caiu na estrada em 2009 e já atendeu mais de 50 mil pacientes em todo Brasil.

Se alguns enxergam a morte apenas pela ótica da dor, Kikawa, que perdeu o pai durante a faculdade, decidiu transformar o sentimento em inspiração. Ele conta que seu pai descobriu um câncer na laringe em estado avançado. “Foi um diagnóstico tardio e as chances de cura clínica eram praticamente nulas”. Além disso, a família não dispunha de recursos financeiros e era obrigada a usar o serviço público de saúde.

Para amenizar a dor, um casal japonês de missionários praticantes do conceito Hospice de atendimento – onde são realizados cuidados paliativos aos pacientes em estado terminal e à família – possibilitou que o paciente recebesse carinho e tranquilidade nos últimos momentos de vida. Motivado pela situação, o pai de Kikawa fez o filho lhe prometer que um dia seria um médico de verdade, que não mede esforços para aliviar o sofrimento das pessoas.

Acatando a solicitação, a primeira ideia foi fazer um trabalho parecido ao realizado pelo casal de missionários. Porém, em um estágio na França, viu os containeres utilizados pelos Médicos sem Fronteiras e sentiu-se inspirado com o trabalho desenvolvido pela organização.

Mas Kikawa concluiu que prevenção primária é algo que já era realizado com frequência. Sendo assim, direcionou suas expectativas para a prevenção secundária. “Esse tipo de trabalho consiste na detecção precoce de lesões potencialmente cancerígenas ou neoplásicas, possibilitando um tratamento curativo”.

Ciente de que um dos fatores que faz com que os pacientes cheguem a condições terminais é a falta de acesso ao atendimento, o profissional decidiu que para chegar a esses pacientes seria necessário utilizar um automóvel robusto. Sua intenção era criar algo que fosse replicável e auto-sustentável. Vale lembrar que não pretendia limitar-se a apenas uma especialidade e sim desenvolver uma concepção que fosse abrangente e perene.

Desta ideia, nasceu o projeto Cies, com o conceito de educar, tratar e prevenir. Para colocar a concepção em prática, Kikawa apresentou o projeto para o presidente da empresa Olympus no Brasil e, posteriormente, para o presidente geral, que disponibilizou os equipamentos para a realização do projeto.

Foram necessários sete meses para finalizar a estrutura da Carreta da Saúde e colocá-la na estrada. Além da Olympus, foram firmadas parcerias com a Phillips, Engernet Baush Lomb, entre outras, juntamente com secretarias de saúde.

DNA do amor
Ao longo de três anos de existência, o projeto passou pelos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Alagoas, Paraíba, Ceará, Maranhão e Goiás.

Mais do que equipamentos, remédios e instrumentos de cuidado ao paciente, a Carreta da Saúde também transporta pelo País o DNA do amor. O termo diz respeito ao tipo de atendimento realizado no projeto. “Procuramos promover o resgate dos valores na relação com o paciente. Não adianta ir até uma população e tentar falar de prevenção se o paciente está com dor. É preciso dar carinho, tirar a dor, fazer os exames para em seguida falar de prevenção”.

Para Kikawa, tratar as pessoas desta forma é imprescindível para ganhar o respeito e obter bons resultados clínicos. “A humanização deve ser utilizada como ferramenta de gestão público-privada, pois a única forma de fazer uma saúde sustentável é formar médicos que tenham o resgate desses valores”.

Valorização do profissional
Para que a carreta possa percorrer as localidades necessitadas, o idealizador do projeto conta que é feito um mapeamento de quais cidades terão maior impacto social. Em seguida, são realizadas palestras e treinamentos com os agentes de saúde para que se assemelhem com os recursos utilizados e se sintam motivados a se envolverem com a causa.

Kikawa conta que, apesar de filantrópico, o projeto remunera todos os profissionais e não possui voluntários. Segundo ele, na saúde é necessário o comprometimento de todas as partes envolvidas e, com uma remuneração adequada, esse objetivo pode ser alcançado.

Saúde sem fronteiras
No intuito de alcançar localidades onde a Carreta da Saúde não consegue chegar devido aos fatores geográficos, o projeto Cies está trabalhando em novas formas de transporte.

Em parceria com a secretaria municipal da saúde do Rio de Janeiro foi inaugurada recentemente a Vã da Saúde, para ser utilizada em regiões montanhosas.

Da mesma forma, para atender populações ribeirinhas, será inaugurado em dezembro deste ano o Box da Saúde junto com o Projeto Saúde e Alegria, que faz uso do Navio Abaré. Kikawa ressalta que o Box da Saúde também pode ser transportado por aviões e trens.

Sem considerar limites territoriais uma dificuldade, Kikawa finaliza ao dizer que tem planos de estender o projeto para o âmbito internacional chegando a países como Haiti, Timor Leste e Angola.

Fonte SaudeWeb

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