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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Consumo exagerado de álcool e alimentos pode causar queimação no estômago

Quem exagera na bebida alcoólica ou na quantidade de comida no prato pode sofrer com o problema, assim como muitas grávidas.
 
Chegado dezembro, o mês de concentração de festas, confraternizações, Natal e réveillon, todos regados a um cardápio farto e bebidas de todo tipo, é bom redobrar a atenção com a saúde alimentar, pois a sensação de queimação na “boca do estômago”, bem conhecida pela população, pode atacar. A azia se manifesta em algumas pessoas ocasionalmente, por conta de um dia de excessos. Mas há quem conviva com o problema e precise procurar um médico para buscar uma solução definitiva, em vez de constantes medidas paliativas.

O mal aparece quando a acidez do estômago reflui para o esôfago, que não é preparado para recebê-lo, causando o desconforto e a sensação de queimação. Segundo José Carlos Ferreira Couto, vice-presidente do Departamento de Gastroenterologia da Associação Médica de Minas Gerais, “o mais comum é o refluxo ácido. Mas também há o refluxo alcalino, causado pela bile. Mas é bem mais raro”, revela.

Ele explica que o organismo tem uma boa capacidade de reagir à azia, com saliva e peristaltismo, que é o movimento muscular que auxilia no encaminhamento do alimento para o estômago. Mas nem sempre é o suficiente.

O caso costuma ser mais grave quando a pessoa tem a doença do refluxo gastroesofágico e hérnia de hiato. “A hérnia é uma posição anormal do estômago em relação ao diafragma. Entre eles há uma válvula muscular, chamada esfíncter esofágico inferior, com a função de lacrar a entrada do estômago. O esôfago se contrai para fechá-la. Quando há um relaxamento anormal dessa válvula, há refluxo e azia. Obesos têm maior propensão ao problema”, conta.

Álcool, café, chocolate, alimentos gordurosos, condimentos, chá mate, chá preto e tabaco são grandes potenciais relaxantes do esfíncter. A ingestão de muitos líquidos, especialmente os gasosos, durante uma refeição também é ruim. Assim como medicamentos corticoides e alguns sedativos. Também não é bom deitar depois das refeições — uma dica é colocar um calço de 15 centímetros na cabeceira da cama para deixar a cabeça mais alta em relação ao restante do corpo, o que dificultará o refluxo.

No caso das grávidas, a mulher passa por um processo de transformação hormonal grande, o que prejudica o funcionamento da musculatura da junção esôfago-gástrica. Associado com o crescimento progressivo do útero, faz um aumento da pressão sobre o estômago, que é empurrado para cima nas fases finais da gravidez, favorecendo o refluxo.

Tratamento
Para aliviar a sensação de queimação, pode-se tomar antiácidos à base de hidróxido de alumínio ou de magnésio. “Mas não se deve fazer uso contínuo. É para exceções, num dia de abuso de comida ou bebida. Quem tem azia frequentemente, precisa procurar um médico. Existem complicações como esofagite leve ou intensa, inclusive com úlceras (sangramentos) e em casos mais graves até a estenose (estreitamento) do esôfago. Em casos mais raros e graves, a inflamação crônica pode trazer mudanças nas células do esôfago e causar metaplasia intestinal, conhecida como esôfago de Barrett, que pode evoluir para um câncer”, esclarece José Carlos.

Para confirmar o diagnóstico e descartar a existência de complicações, às vezes é necessário fazer exames endoscópicos (endoscopia digestiva alta), com ou sem a prova de Bernstein (teste de infusão de ácido no esôfago, que quando positivo provoca dor) e mais raramente, testes de determinação do pH esofágico (pHmetria esofageana, que mede a presença e o teor da acidez patológica no esôfago). Uma ótima prova para demonstrar que os sintomas são causados pelo refluxo de ácido é a biópsia (exame ao microscópio de fragmentos da mucosa do esôfago) ou a prova de Bernstein, principalmente quando os achados endoscópicos da mucosa esofageana são normais.

A biópsia é também o método para diagnosticar o esôfago de Barrett. Em casos mais sintomáticos, faz-se o tratamento com medicamentos que são potentes inibidores da produção do ácido, cientificamente conhecidos como bloqueadores da bomba de prótons. É um tratamento mais longo. A opção cirúrgica só é feita em último caso, quando não se consegue uma boa resposta ao tratamento medicamentoso.

A relação da azia com atividades físicas não é preocupante. A pessoa com hérnia de hiato e doença de refluxo tem que evitar exercícios que aumentem a pressão intra-abdominal. “Basicamente, as abdominais devem ser realizadas em séries pequenas, de 10 repetições. Esportes como futebol, tênis e natação não influem”, afirma o gastroenterologista José Carlos Couto.

Mitos nada eficazes
Uma prática muito comum entre as pessoas com azia é o uso do bicarbonato de sódio ou do leite para amenizar o desconforto. Mas o médico mineiro José Carlos Couto alerta que a bebida é alimento e não remédio. Ao bloquear a acidez do estômago, acaba por induzi-lo a produzir mais ácido. O mesmo ocorre com o bicarbonato. “Leite e bicarbonato, no momento em que são ingeridos, promovem o alívio, mas causam o efeito rebote. Duas ou três horas depois, a pessoa está com mais azia. Isso porque o leite tem gordura, açúcar e proteínas que precisam ser digeridas. Assim, o estômago libera mais ácido”, ensina.

Há outras receitas caseiras, como chá de casca de batata ou água com limão, e ambos também devem ser evitados. “Não se consegue um tratamento confiável com esses procedimentos”, diz o médico. Além disso, há outros fatores a serem considerados. A batata, por exemplo, recebe muito agrotóxico para seu cultivo. E a maior parte se concentra na casca. “Outro mito é o de tomar uma colher de azeite antes de consumir bebida alcoólica. Não tem nenhuma influência na prevenção da azia”, completa.
 
Fonte Correio Braziliense

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