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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pesquisa associa compulsão por compras a lesão cerebral

Comprar compulsivamente é uma doença do mundo moderno, mas, além dos apelos de uma sociedade consumista, o impulso pode ser causado por um dano cerebral.

Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia mostraram que lesões em uma parte do cérebro responsável por escolher objetos e quantificar seu valor levam as pessoas a fazer mais escolhas irracionais e a gastar mais para adquirir produtos.

Na pesquisa, os produtos eram alimentos: os participantes podiam comprar kits contendo suco de fruta e chocolate, em diferentes quantidades. Em alguns kits, o preço total era mais alto do que o preço de cada item individualmente.

Participaram da pesquisa 11 pessoas com lesões em uma área do córtex pré-frontal (causadas por derrame, aneurisma ou tumor no cérebro) e 26 voluntários saudáveis, para controle.

Estudos anteriores usando imagens de ressonância magnética sugeriam que a região do córtex chamada ventromedial está ligada à avaliação racional na hora de fazer escolhas.

O trabalho coordenado por Joseph Kable, professor de psicologia da Universidade da Pensilvânia, comprovou essa hipótese. Os participantes com essa área danificada fizeram mais escolhas irracionais _sem considerar os preços e em desacordo com suas próprias preferências (listadas por eles antes do início do experimento).

A pesquisa foi financiada pelos Institutos de Pesquisas em Saúde Canadenses e pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos e publicada no "Journal of Neuroscience".

COMPULSÃO DEMAIS
No estudo, 89% das pessoas com lesões no córtex pré-frontal compraram por impulso, pagando mais e levando mais itens que não estavam na lista inicial de suas preferências.

Já no grupo controle, só 68% dos participantes tiveram esse comportamento. Só?

"O que mais me impressiona não é a diferença, realmente significativa, entre o grupo com dano cerebral e o controle. É ver quantas pessoas sem lesão, segundo a pesquisa, compraram por impulso", diz o economista Samuel Pessoa, sócio da empresa Tendências Consultoria Integrada, de São Paulo.

A lesão pode ser um motivo a mais para o consumo desenfreado, mas também dá para concluir, pela pesquisa, que o ser humano é compulsivo.

"Isso tudo pode ser questionado. A verdade é que, individualmente, comprar não é sempre um comportamento estratégico. A maioria das pessoas não está preparada para avaliar racionalmente todas as escolhas. Ser racional também tem seu custo", diz Pessoa.

Fonte Folhaonline

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