Cor, limpidez e outras características físicas da urina podem revelar uma série de problemas de saúde
Eu adoro aspargos e costumo comê-los com frequência. Uma conhecida, porém, me disse certa vez que toma o cuidado de evitar esse vegetal tão saudável, simplesmente porque ele deixa a sua urina com um cheiro ruim.
Tive vontade de perguntar a ela quem provavelmente se importaria com isso, com exceção, talvez, de algum desconhecido em um banheiro público. Certamente existem crimes piores.
Como uma das quatro rotas pelas quais as substâncias normalmente saem do corpo (as outras são as fezes, a respiração e o suor), a urina tem um papel valioso na medicina: ela oferece indícios não só do que as pessoas comem e bebem, mas também da forma como seu corpo está funcionando. Os médicos solicitam amostras da urina rotineiramente para tomar conhecimento desses indícios, tanto a pacientes que parecem saudáveis quanto aos que estão obviamente doentes.
Cor, limpidez e outras características físicas da urina, bem como as substâncias nela dissolvidas, podem revelar sinais de uma enorme série de problemas, incluindo infecções, distúrbios metabólicos hereditários, doença renal, câncer de bexiga, diabetes, abuso de substâncias, exposição a toxinas, ingestão inadequada ou excessiva de líquidos e, como bem sabem muitos atletas de competição, o uso de drogas que favorecem o desempenho esportivo.
Uma pesquisa europeia, conduzida ao longo de oito anos e publicada recentemente, utilizou o teor de sódio de amostras de urina de 24 horas de 3.681 adultos para estimar o efeito da ingestão diária de sódio sobre o desenvolvimento de pressão alta e de doenças e mortes causadas por problemas cardíacos. Os autores chegaram à conclusão — bastante contestada — de que ingerir uma quantidade muito pequena de sódio na alimentação é mais arriscado do que ingerir uma quantidade muito grande. De todo modo, até nova ordem, seria sensato para a maioria dos americanos reduzir significativamente a quantidade de sal e outras fontes alimentares de sódio consumidas regularmente.
Cor e odor
A urina pode adquirir odores indesejáveis decorrentes do consumo de alguns alimentos, como aspargos (o responsável mais provável por isso é um fator genético que algumas pessoas possuem), e bebidas, como café, ou em consequência de problemas de saúde, como infecção urinária ou diabetes (pode surgir um cheiro doce por conta do excesso de açúcar). Mas a característica da urina em que os leigos mais costumam reparar é a cor.
A cor normal da urina de uma pessoa bem hidratada é um amarelo claro e pálido, cor que é transmitida pelo pigmento urobilina. Já a desidratação — que pode ocorrer como consequência de beber poucos líquidos, suar muito ou sofrer de repetidas crises de vômito ou diarreia — resulta em uma urina escura, com cheiro de amônia, que deve ser tratada como uma advertência para beber mais água ou outros líquidos simples. Mas uma urina de cor constantemente escura pode ser sinal de hepatite, uma doença hepática que requer atenção médica imediata.
De modo menos sério, muitos alimentos e certos medicamentos podem conferir à urina uma cor incomum e, às vezes, preocupante para os desavisados. Por exemplo, a beterraba contém um pigmento chamado betalaína, que deixa as mãos e a água de cozimento vermelhas, podendo fazer com que a urina fique com uma cor que pode se assemelhar ao sangue. Da mesma forma, a amora e o ruibarbo podem tornar a urina vermelha ou rosa.
Uma urina que lembra a coloração de chá pode acompanhar o consumo de feijão fava e às vezes ruibarbo. O betacaroteno, presente na cenoura, no suco de cenoura e em altas doses de vitamina C, pode causar uma urina alaranjada, e as vitaminas B e os aspargos podem levar a urina a ter uma cor esverdeada.
Entre os medicamentos capazes de afetar a cor da urina estão o laxante sene, que pode provocar uma coloração avermelhada ou marrom-avermelhada; a clorpromazina (Amplictil) e a tioridazina (Mellaril), que podem causar vermelhidão; a indometacina (Indocin), a cimetidina (Tagamet) e a prometazina (Fenergan), que podem tornar a urina azul ou verde; a varfarina (Coumadin), a fenazopiridina (Pyridium) e a rifampicina, capazes de provocar uma coloração laranja; e a cloroquina (Aralen), o metronidazol (Flagyl), a nitrofurantoína (Furadantin) e a primaquina, que podem tornar a urina marrom. Claro, às vezes aparece sangue na urina — por exemplo, como resultado de uma infecção urinária, uma pedra nos rins ou na bexiga, uma próstata aumentada ou um choque acidental que tenha ferido a bexiga ou uretra. Além disso, também pode surgir sangue na urina devido à prática de atividades físicas extenuantes, como após uma maratona ou triatlo.
Se não houver uma explicação óbvia para a presença do sangue na urina — ou se ela persistir —, é obrigatório marcar uma consulta médica para verificar se há incidência de doença renal ou câncer. Se não for descoberta nenhuma outra explicação para a existência de um tom avermelhado na urina, deve ser feito um teste para verificar a presença de níveis tóxicos de chumbo e mercúrio.
Se a urina for eliminada muito rapidamente, ele pode parecer espumosa. Mas uma urina constantemente espumosa pode ser sinal de está ocorrendo perda de proteínas, um sintoma de doença renal. Nesse caso, é necessário um exame médico.
Normalmente, uma urina turva decorre de uma infecção na bexiga ou do trato urinário, que costuma ser acompanhada por uma necessidade frequente de urinar e uma sensação de queimação ou dor ao fazê-lo.
Outros fatores importantes
O volume de urina produzida pode ser um importante indicador de hidratação. Normalmente, uma pessoa saudável produz cerca de 100 mililitros (cerca de 96 gramas) de urina por hora, aproximadamente um copo a cada duas horas e meia. Se a produção horária exceder 300 mililitros, há sinal de ingestão excessiva de líquidos; se o volume estiver abaixo de 30 mililitros, há indício de uma provável desidratação.
Consumir muitos alimentos salgados ou carboidratos pode reduzir temporariamente a produção de urina, porque o açúcar, o sal e o amido retêm mais água no corpo do que, por exemplo, as proteínas. E consumir alimentos ou bebidas diuréticos — incluindo bebidas que contenham cafeína (como café, chá e muitos refrigerantes), bebidas alcoólicas (especialmente cerveja) e alimentos com alto teor de água, como melancia ou aspargos — pode resultar temporariamente em uma produção de urina acima da média.
Atualmente, é comum testar a urina de atletas e de animais que participam de práticas esportivas, para investigar sinais de drogas que possam ter melhorado o seu desempenho físico, promovendo uma vantagem competitiva desleal. Às vezes, os atletas que tomam remédios contra problemas de saúde legítimos também são pegos.
Em uma análise de uma amostra de urina coletada em um check-up de rotina, é provável que seja verificada a presença de açúcar (indicador de diabetes) e proteínas (sinal de doença renal), e talvez de ácidos biliares (indício de doença hepática) ou glóbulos brancos (resultantes de uma infecção).
Se existirem sintomas de uma infecção do trato urinário, o organismo responsável — geralmente a bactéria E. coli, que reside normalmente no trato digestivo inferior — pode ser isolado da urina e, se necessário, submetido a um teste de sensibilidade a antibióticos.
As meninas que tomam banhos de espuma e as mulheres sexualmente ativas (especialmente as que acabam de iniciar a vida sexual ou as que estão voltando a ter relações) ficam particularmente propensas a infecções do trato urinário. Os médicos têm uma expressão nada agradável para esse problema que costuma acometer as mulheres que iniciam uma relacionamento sexual novo: eles se referem a ele como "cistite de lua de mel".
Em uma pessoa saudável, no entanto, a urina é estéril e não contém microrganismos infecciosos, nem glóbulos brancos tentando combatê-los. Assim, ao produzir uma amostra de urina para análise, é extremamente importante empregar o que os médicos chamam de técnica do "jato médio".
Esse método de coleta requer que a pessoa primeiro urine no vaso sanitário antes de depositar a quantidade necessária para o teste. Não deixe de cobrir a amostra imediatamente, para reduzir o risco de contaminação.
Tive vontade de perguntar a ela quem provavelmente se importaria com isso, com exceção, talvez, de algum desconhecido em um banheiro público. Certamente existem crimes piores.
Como uma das quatro rotas pelas quais as substâncias normalmente saem do corpo (as outras são as fezes, a respiração e o suor), a urina tem um papel valioso na medicina: ela oferece indícios não só do que as pessoas comem e bebem, mas também da forma como seu corpo está funcionando. Os médicos solicitam amostras da urina rotineiramente para tomar conhecimento desses indícios, tanto a pacientes que parecem saudáveis quanto aos que estão obviamente doentes.
Cor, limpidez e outras características físicas da urina, bem como as substâncias nela dissolvidas, podem revelar sinais de uma enorme série de problemas, incluindo infecções, distúrbios metabólicos hereditários, doença renal, câncer de bexiga, diabetes, abuso de substâncias, exposição a toxinas, ingestão inadequada ou excessiva de líquidos e, como bem sabem muitos atletas de competição, o uso de drogas que favorecem o desempenho esportivo.
Uma pesquisa europeia, conduzida ao longo de oito anos e publicada recentemente, utilizou o teor de sódio de amostras de urina de 24 horas de 3.681 adultos para estimar o efeito da ingestão diária de sódio sobre o desenvolvimento de pressão alta e de doenças e mortes causadas por problemas cardíacos. Os autores chegaram à conclusão — bastante contestada — de que ingerir uma quantidade muito pequena de sódio na alimentação é mais arriscado do que ingerir uma quantidade muito grande. De todo modo, até nova ordem, seria sensato para a maioria dos americanos reduzir significativamente a quantidade de sal e outras fontes alimentares de sódio consumidas regularmente.
Cor e odor
A urina pode adquirir odores indesejáveis decorrentes do consumo de alguns alimentos, como aspargos (o responsável mais provável por isso é um fator genético que algumas pessoas possuem), e bebidas, como café, ou em consequência de problemas de saúde, como infecção urinária ou diabetes (pode surgir um cheiro doce por conta do excesso de açúcar). Mas a característica da urina em que os leigos mais costumam reparar é a cor.
A cor normal da urina de uma pessoa bem hidratada é um amarelo claro e pálido, cor que é transmitida pelo pigmento urobilina. Já a desidratação — que pode ocorrer como consequência de beber poucos líquidos, suar muito ou sofrer de repetidas crises de vômito ou diarreia — resulta em uma urina escura, com cheiro de amônia, que deve ser tratada como uma advertência para beber mais água ou outros líquidos simples. Mas uma urina de cor constantemente escura pode ser sinal de hepatite, uma doença hepática que requer atenção médica imediata.
De modo menos sério, muitos alimentos e certos medicamentos podem conferir à urina uma cor incomum e, às vezes, preocupante para os desavisados. Por exemplo, a beterraba contém um pigmento chamado betalaína, que deixa as mãos e a água de cozimento vermelhas, podendo fazer com que a urina fique com uma cor que pode se assemelhar ao sangue. Da mesma forma, a amora e o ruibarbo podem tornar a urina vermelha ou rosa.
Uma urina que lembra a coloração de chá pode acompanhar o consumo de feijão fava e às vezes ruibarbo. O betacaroteno, presente na cenoura, no suco de cenoura e em altas doses de vitamina C, pode causar uma urina alaranjada, e as vitaminas B e os aspargos podem levar a urina a ter uma cor esverdeada.
Entre os medicamentos capazes de afetar a cor da urina estão o laxante sene, que pode provocar uma coloração avermelhada ou marrom-avermelhada; a clorpromazina (Amplictil) e a tioridazina (Mellaril), que podem causar vermelhidão; a indometacina (Indocin), a cimetidina (Tagamet) e a prometazina (Fenergan), que podem tornar a urina azul ou verde; a varfarina (Coumadin), a fenazopiridina (Pyridium) e a rifampicina, capazes de provocar uma coloração laranja; e a cloroquina (Aralen), o metronidazol (Flagyl), a nitrofurantoína (Furadantin) e a primaquina, que podem tornar a urina marrom. Claro, às vezes aparece sangue na urina — por exemplo, como resultado de uma infecção urinária, uma pedra nos rins ou na bexiga, uma próstata aumentada ou um choque acidental que tenha ferido a bexiga ou uretra. Além disso, também pode surgir sangue na urina devido à prática de atividades físicas extenuantes, como após uma maratona ou triatlo.
Se não houver uma explicação óbvia para a presença do sangue na urina — ou se ela persistir —, é obrigatório marcar uma consulta médica para verificar se há incidência de doença renal ou câncer. Se não for descoberta nenhuma outra explicação para a existência de um tom avermelhado na urina, deve ser feito um teste para verificar a presença de níveis tóxicos de chumbo e mercúrio.
Se a urina for eliminada muito rapidamente, ele pode parecer espumosa. Mas uma urina constantemente espumosa pode ser sinal de está ocorrendo perda de proteínas, um sintoma de doença renal. Nesse caso, é necessário um exame médico.
Normalmente, uma urina turva decorre de uma infecção na bexiga ou do trato urinário, que costuma ser acompanhada por uma necessidade frequente de urinar e uma sensação de queimação ou dor ao fazê-lo.
Outros fatores importantes
O volume de urina produzida pode ser um importante indicador de hidratação. Normalmente, uma pessoa saudável produz cerca de 100 mililitros (cerca de 96 gramas) de urina por hora, aproximadamente um copo a cada duas horas e meia. Se a produção horária exceder 300 mililitros, há sinal de ingestão excessiva de líquidos; se o volume estiver abaixo de 30 mililitros, há indício de uma provável desidratação.
Consumir muitos alimentos salgados ou carboidratos pode reduzir temporariamente a produção de urina, porque o açúcar, o sal e o amido retêm mais água no corpo do que, por exemplo, as proteínas. E consumir alimentos ou bebidas diuréticos — incluindo bebidas que contenham cafeína (como café, chá e muitos refrigerantes), bebidas alcoólicas (especialmente cerveja) e alimentos com alto teor de água, como melancia ou aspargos — pode resultar temporariamente em uma produção de urina acima da média.
Atualmente, é comum testar a urina de atletas e de animais que participam de práticas esportivas, para investigar sinais de drogas que possam ter melhorado o seu desempenho físico, promovendo uma vantagem competitiva desleal. Às vezes, os atletas que tomam remédios contra problemas de saúde legítimos também são pegos.
Em uma análise de uma amostra de urina coletada em um check-up de rotina, é provável que seja verificada a presença de açúcar (indicador de diabetes) e proteínas (sinal de doença renal), e talvez de ácidos biliares (indício de doença hepática) ou glóbulos brancos (resultantes de uma infecção).
Se existirem sintomas de uma infecção do trato urinário, o organismo responsável — geralmente a bactéria E. coli, que reside normalmente no trato digestivo inferior — pode ser isolado da urina e, se necessário, submetido a um teste de sensibilidade a antibióticos.
As meninas que tomam banhos de espuma e as mulheres sexualmente ativas (especialmente as que acabam de iniciar a vida sexual ou as que estão voltando a ter relações) ficam particularmente propensas a infecções do trato urinário. Os médicos têm uma expressão nada agradável para esse problema que costuma acometer as mulheres que iniciam uma relacionamento sexual novo: eles se referem a ele como "cistite de lua de mel".
Em uma pessoa saudável, no entanto, a urina é estéril e não contém microrganismos infecciosos, nem glóbulos brancos tentando combatê-los. Assim, ao produzir uma amostra de urina para análise, é extremamente importante empregar o que os médicos chamam de técnica do "jato médio".
Esse método de coleta requer que a pessoa primeiro urine no vaso sanitário antes de depositar a quantidade necessária para o teste. Não deixe de cobrir a amostra imediatamente, para reduzir o risco de contaminação.
Fonte Zero Hora
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