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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Estudo questiona eficácia de reposição de nicotina contra o tabagismo


Patch e chicletes: pesquisa questiona eficácia da reposição de nicotina
Fumantes que deixaram o cigarro usando reposição de nicotina foram tão propensos a recaídas quanto os que pararam sem ajuda alguma

Gomas de mascar, adesivos e sprays nasais que repõem nicotina não ajudam os fumantes a deixar de fumar em longo prazo em comparação com aqueles que tentam enfrentar o tabagismo sozinhos, destacou um estudo publicado nesta segunda-feira (9).

A pesquisa, realizada pela Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, acompanhou 787 adultos no estado de Massachusetts que pararam de fumar recentemente e descobriu que, ao longo do tempo, cerca de um terço sofreu recaída, tanto no grupo que fez a terapia de reposição de nicotina (TRN) quanto no que deixou o cigarro sem o apoio de nenhum outro procedimento.

"Este estudo demonstra que o uso de TRN não é mais eficaz em ajudar as pessoas a parar de fumar em longo prazo do que tentar parar por conta própria", disse o principal autor do estudo, Hillel Alpert, cientista de Harvard.

Os participantes do estudo foram consultados durante três períodos: 2001-2002, 2003-2004 e 2005-2006. Não só houve taxas de recaída entre os mesmos que usaram TRN e aqueles que não usaram, como o estudo demonstrou que fumantes com alta dependência que fizeram uso da TRN sem o apoio de uma terapia profissional mostraram ser duas vezes mais propensos a sofrer recaída do que aqueles que não a utilizaram.

"Isto pode indicar que alguns fumantes altamente dependentes veem a TRN como um tipo de pílula 'mágica' e ao perceber que não é, se veem sem apoio em seus esforços de abandonar o vício, condenados ao fracasso", destacou o estudo, publicado no periódico Tobacco Control.

Embora estudos aleatórios controlados anteriores tenham demonstrado a eficácia da TRN em ajudar os fumantes a largarem o cigarro, a última pesquisa demonstra a fraqueza daqueles quando comparados com a situação de vida real da população em geral, argumentaram os autores do estudo.

A pesquisa também demonstrou que muito poucas pessoas seguem a recomendação de usar a TRN por oito semanas e muitas preferem usá-la por períodos mais curtos.

A indústria da terapia de reposição de nicotina teve um boom desde que foi lançada a primeira goma de nicotina, em 1984, de acordo com o artigo. Na época, os produtos de TRN representavam uma indústria de US$ 45 milhões só nos Estados Unidos.Desde que foram aprovadas as vendas sem receita de produtos de TRN, em 1996, a indústria saltou para US$ 800 milhões ao ano. Além disso, as vendas de medicamentos prescritos para parar de fumar alcançaram o montante de US$ 841 milhões em 2007.

Mais recursos públicos também ajudam a subsidiar tratamento para parar de fumar para americanos de baixa renda, com programas públicos de saúde (Medicaid) em 39 estados cobrindo um ou mais tipos de TRN em 2011 contra 17 estados em 1996. Enquanto isso, as taxas de tabagismo nos Estados Unidos se equilibraram em 20% da população nos últimos cinco anos, após um período contínuo de queda.

"O que este estudo demonstra é a necessidade de a Food and Drug Administration (nr: FDA, agência reguladora de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos) aprovar apenas medicamentos que tenham tido eficácia comprovada em auxiliar os fumantes no longo prazo e reduzir a nicotina a fim de diminuir a propensão à dependência causada pelo cigarro", afirmou o co-autor do estudo, Gregory Connolly, diretor do Centro para Controle Global do Tanaco, da Universidade de Harvard.

Fonte iG

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