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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Número de clientes cresce, mas planos de saúde reduzem leitos

Contratos cresceram 13,5% e leitos diminuíram em 10,45%, segundo ANS

Mais usuários e menos leitos. Esse é o panorama do setor de saúde privada ao longos dos últimos três anos, segundo apontam números da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

De setembro de 2009 até o mesmo mês de 2011, o número de contratos de plano de saúde cresceu 13,5% - de 41,4 milhões para 47 milhões. Por outro lado, os leitos caíram em 10,45% - de 511,6 mil a 458,1 mil (somadas as redes pública e privada).

Dante Montagnana, presidente do Sindhosp (Sindicato dos Hospitais de São Paulo) comentou a situação do sistema.

- As operadoras venderam mais planos em comparação com o número de leitos. Essa é a realidade. Esse é um problema que deve ser solucionado pelas empresas, e não pelos hospitais. E a ANS deveria sentar com as operadoras e resolver isso.

O problema é que a ANS não regulamenta a parte de leitos que as operadoras de saúde oferecem.

A advogada Sandra Regina Montanhani paga convênio médico para sua família e quando seu filho de 2 anos precisou ser internado, teve problemas.

- Ele chegou ao hospital com falta de ar e a médica mandou interná-lo imediatamente.

Mas o menino só foi encaminhado três horas depois, após muita insistência.

- Foi o próprio funcionário responsável pelas internações que me informou da falta de vagas.

O hospital era da própria operadora do plano da qual ela é cliente.

Para a advogada especializada em direito do consumidor Rosana Chiavassa, além de faltar regulamentação para o setor, o "monopólio" de algumas empresas atrapalham a distribuição dos leitos.

- Proporcionalmente, o número de leitos no Brasil em relação aos beneficiários não foge muito da realidade de outros países. O problema é que há poucas operadoras com um número muito grande de clientes. Para esses consumidores, certamente, o leito vai faltar em algum momento. Não há plano que aguente uma situação dessas.

Marco Rocha, gerente financeiro, também enfrentou dificuldade para poder internar seu pai.

- Ele foi diagnosticado com pneumonia e o médico avisou que ele teria de ser internado, mas um funcionário disse que não havia leito em nenhuma unidade. Meu pai paga pelo plano com internação em apartamento individual, mas, simplesmente, depois de muito tempo de espera, ofereceram um quarto de enfermaria.

Menos hospitais

O grande problema, principalmente na cidade de São Paulo, explica o presidente do Sindhosp, foi o fechamento de hospitais.

- Muitas operadoras de plano de saúde que tinham hospitais próprios foram liquidadas. E esses espaços estão inoperantes.

Além disso, novos segurados ingressaram no setor.

- As classes C e D cresceram e as operadores estão facilitando o pagamento para um plano popular.

De acordo com Arlindo de Almeida, presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), o número de leitos no Brasil caiu por razões alheias aos convênios médicos, embora isso não tenha prejudicado os consumidores.

- Muitos hospitais acabaram fechando, mas, em São Paulo novos leitos foram construídos. Pode haver um local onde faltem leitos, mas isso é pontual. Não sentimos qualquer problemas aqui no que diz respeito às internações.

Já a FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar), que representa as 15 maiores operadoras, informa, de acordo com o Ministério da Saúde, que o número de hospitais credenciados aos planos privados de saúde cresceu 9,7%, entre maio de 2010 e maio de 2011.

A ANAHP (Associação Nacional de Hospitais Privados) projeta que haverá um crescimento de 10% na rede hospitalar privada até o fim de 2012.

Fonte R7

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