Estudo realizado na USP mostra que resultados de exames de radiação espalhada foram mais eficazes do que mamografias tradicionais
O diagnóstico precoce de qualquer tipo de câncer aumenta significativamente as chances de cura de um paciente.
No caso do câncer de mama, quando um nódulo é encontrado com menos de um centímetro, as chances de cura superam 90% na maioria dos casos.
Difícil, porém, é identificar tumores desse tamanho no autoexame. Mesmo em mamografias tradicionais, dependendo da densidade do tecido mamário da paciente, nódulos tão pequenos podem não ser identificados. A imagem analisada nos exames convencionais, especialmente em pacientes jovens, cuja mama ainda é mais fibrosa, nem sempre é nítida.
Pensando nessas dificuldades, pesquisadores do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) decidiram investigar técnicas de identificação do câncer de mama. Eles queriam acabar com as taxas de erros – entre 10% e 20% – nos diagnósticos feitos por mamografias no Hospital das Clínicas da instituição.
Durante o doutorado, André Luiz Coelho Conceição pesquisou a eficiência de uma técnica de raio-X chamada radiação espalhada. Segundo ele, ela mostra informações “escondidas” nas moléculas internas do tecido mamário. Os testes demonstraram que tecidos afetados pelo câncer, por exemplo, apresentam fibras de colágeno mais espaçadas do que as normais. As imagens ficam mais nítidas também.
“Nas mamografias tradicionais, os tecidos que formam as mamas – adiposo, fibroso e glandular – não apresentam diferenças grandes. A diferenciação é muito maior pela técnica de radiação espalhada, que observa os espectros de cada tecido durante o exame”, explica. Para Conceição, a combinação de imagens por essa técnica, no futuro, poderia até substituir as mamografias.
Próximos passos
A pesquisa de Conceição, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), analisou 156 amostras de tecidos mamários. Por meio de um modelo estatístico criado por ele, foi possível identificar quais tinham alterações benignas ou malignas e quais eram tecidos normais. A taxa de acerto das amostras foi de 100%.
“O próximo passo é desenvolver um método para aplicação clínica na mama inteira. Há grupos tentando criar detectores sensíveis o suficiente para utilizar a técnica. Hoje, achamos que esse raio-X poderia complementar as mamografias, mas, no futuro, se for mais eficiente, poderia substitui-la. Nosso maior objetivo é minimizar erros”, afirma o pesquisador.
Orientado por Martin Poletti, Conceição quer aprimorar a técnica durante o pós-doutorado e fazer testes em mamas inteiras. A pesquisa avaliou amostras de tecidos de pacientes de 20 a 84 anos.
Fonte Delas
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