Em artigo, especialista afirma que falta de normatização da área de ultrassonografia pelo CFM deixa pacientes vulneráveis, pois muitos médicos que a exercem não tem a formação e qualificação para atuar como ultrassonografistas
Os exames de ultrassonografia hoje se constituem no segundo exame mais solicitado nos EUA, de acordo com as estatísticas do Instituto Nacional da Saúde, ficando abaixo apenas do hemograma. No Brasil ocorre o mesmo, mas já há relatos de que em alguns estados ele ultrapassou o hemograma e atualmente é o exame mais realizado, como informou o representante da Bahia no último congresso Nacional da SBUS – Sociedade Brasileira de Ultrassonografia. E, absurdamente, até hoje, a ultrassonografia não foi reconhecido como especialidade medicada pelo AMB – Associação Médica Brasileira nem CFM- Conselho Federal de Medicina, ficando sob o jugo de uma especialidade bem menos numerosa, que é a de Radiologia e demais métodos de diagnóstico por imagem. A falta de normatização da área de ultrassonografia pelo CFM deixa pacientes vulneráveis, pois muitos médicos que a exercem não tem a formação e qualificação para atuar como ultrassonografistas e estão sem controle de uma entidade normatizadora. A ultrassonografia não é puramente um método de imagem. Ela é considerada um híbrido entre a clínica e a imagem por exigir correlação de dados clínicos para a interpretação das imagens, além de interação entre médico e paciente. Ela foi definida pelo CFM como ato médico, ou seja, só o médico pode executar e dar o parecer técnico. Para sua execução é necessário preparo do profissional quanto a técnicas e procedimentos específicos.
Mas atualmente a ultrassonografia é um apêndice do CBR, o que não está à altura da sua importância, pois no Colégio Brasileiro de Radiologia o foco é outro. O CBR é uma entidade que foi criada primordialmente para congregar médicos radiologistas, focada em conhecimentos muito distintos da ultrassonografia a começar que utilizam outro princípio físico para obter as imagens diagnósticas, a radiação ionizante, cujo manuseio é perigoso para quem executa o método e para quem recebe a radiação, mas não exige que o próprio médico realize o exame, podendo um técnico obter as imagens, que posteriormente serão interpretadas pelo médico, sem nunca ter visto o paciente. É totalmente diferente da ultrassonografia, cujo exame obrigatoriamente tem que ser realizado pelo médico, envolvendo o importantíssimo relacionamento médico-paciente, não tem qualquer perigo (não causa dano biológico às células dos pacientes ou da sua descendência) e tem capacidade de atuar com 3 princípios físicos distintos: o princípio acústico, que é focado como um raio e, quando direcionado para os tecidos, delineia a sua anatomia que é projetada em uma tela de TV ao se refletir nas interfaces teciduais e seu eco ser captado pela sonda; o efeito Doppler, que permite detectar o movimento e com isso é capaz de avaliar a circulação sanguínea, em tumores, vasos obstruídos, dilatados ou fetais, para saber como está se desenvolvendo a gestação; e a elasticidade, que recentemente foi incorporada aos equipamentos de ultrassonografia e é capaz de detectar a dureza dos órgãos, estruturas e tecidos e tem revolucionado a detecção de tumores e a conduta dos pacientes portadores de hepatite B e C , pois consegue detectar o grau de fibrose hepática sem biopsiá-los. A ultrassografia é hoje um método muito mais complexo que a Radiologia e sua rápida expansão está longe do limite. Nós ultrassonografistas, achamos que temos o direito de nos dirigirmos, sem conflito de interesse com outra especialidade, que pode até se julgar ameaçada pelo rápido desenvolvimento do nosso método, o que mais cresce em todo mundo.
Por que foi criada a Sociedade Brasileira de Ultrassonografia?
Em agosto de 1993 foi criada a Sociedade Brasileira de Ultrassonografia (SBUS) que, desde o início, preocupou-se com a atividade científica cultural, pesquisa e aprimoramento do profissional que pratica a ultrassonografia para torná-lo habilitado ao exercício dessa área médica. A ultrassonografia é amplamente utilizada em todas as áreas da medicina e, apesar de sua sabida importância e de estar bem estabelecida no Brasil desde 1974, ainda não foi reconhecida como especialidade médica, permanecendo como área de todos e ao mesmo tempo de ninguém. Nossa luta atual é para sairmos da tutela do CBR e conseguirmos nosso título de especialista, a facilitação no desenvolvimento profissional e a proteção da classe. Por incrível que pareça, por 10 anos, o CBR e a AMB outorgaram títulos de especialistas em Ultrassonografia que jamais foram reconhecidos pela CFM pois o processo não seguiu a tramitação exigida por lei e precisou ser descontinuada.
Atualmente, cada Sociedade mãe pode emitir o título de especialista que solicitou ao CFM e as demais, que estão afiliadas à entidade principal, só podem ser consideradas áreas de atuação. Entretanto, a “Área de Atuação” que é a Ultrassonografia hoje é muito maior do que a Radiologia, embora essa seja mais antiga. Estima-se em 30.000 o número de médicos que exercem a US no Brasil, sendo 10.000 -15.000 em tempo integral e 13.000 – 15.000 em tempo parcial. Quem deve conter quem? Essa é a pergunta a ser respondida
Em agosto de 1993 foi criada a Sociedade Brasileira de Ultrassonografia (SBUS) que, desde o início, preocupou-se com a atividade científica cultural, pesquisa e aprimoramento do profissional que pratica a ultrassonografia para torná-lo habilitado ao exercício dessa área médica. A ultrassonografia é amplamente utilizada em todas as áreas da medicina e, apesar de sua sabida importância e de estar bem estabelecida no Brasil desde 1974, ainda não foi reconhecida como especialidade médica, permanecendo como área de todos e ao mesmo tempo de ninguém. Nossa luta atual é para sairmos da tutela do CBR e conseguirmos nosso título de especialista, a facilitação no desenvolvimento profissional e a proteção da classe. Por incrível que pareça, por 10 anos, o CBR e a AMB outorgaram títulos de especialistas em Ultrassonografia que jamais foram reconhecidos pela CFM pois o processo não seguiu a tramitação exigida por lei e precisou ser descontinuada.
Atualmente, cada Sociedade mãe pode emitir o título de especialista que solicitou ao CFM e as demais, que estão afiliadas à entidade principal, só podem ser consideradas áreas de atuação. Entretanto, a “Área de Atuação” que é a Ultrassonografia hoje é muito maior do que a Radiologia, embora essa seja mais antiga. Estima-se em 30.000 o número de médicos que exercem a US no Brasil, sendo 10.000 -15.000 em tempo integral e 13.000 – 15.000 em tempo parcial. Quem deve conter quem? Essa é a pergunta a ser respondida. Por que é tão importante para o CBR manter os ultrassonografistas sob controle? Por que o CBR tem vetado a independência dos ultrassonografistas ?
A resposta é simples: o CBR perderia poder, pois nós somos efetivamente muito mais numerosos do que os radiologistas e o ultrassom é o exame de imagem mais solicitado e realizado em todo o mundo, inclusive no Brasil. Enquanto a Ultrassonografia não for especialidade reconhecida, o CBR, usando prerrogativas da especialidade mãe, pode negociar em nosso nome os acordos e sentar-se às mesas de negociações, quando estiverem sendo discutidas as tabelas de preço dos procedimentos ultrassonográficos. Nós queremos fazer nossa defesa profissional, lutar por nossos acordos, sem intermediação de terceiros. No passado os ultrassonografistas tiveram que derrubar com uma liminar na Justiça um acordo firmado pelo CBR em nosso nome e que nos desfavorecia, quando a Dra Lucy Kerr era a presidente da SBUS. O presidente atual eleito em setembro de 2011, Dr. Waldemar Naves do Amaral está com o firme no propósito de conseguir o reconhecimento da ultrassonografia como especialidade e durante o evento garantiu que irá lutar para esse fim, usando todas as armas disponíveis. Queremos nós mesmos organizar nossos congressos, estabelecer nossos protocolos, fazer as nossas provas para assegurar o prestígio da nossa especialidade e o atendimento competente da população, garantido que o melhor profissional estará sendo qualificado pela sistemática que os ultrassonografistas aprovaram. A ultrassonografia sem dúvida é um dos melhores frutos do desenvolvimento científico-tecnológico das últimas três décadas e custa crer que esteja sendo tão difícil conseguir um reconhecimento tão óbvio, de tão importante especialidade.
Por que a ultrassonografia não deseja estar vinculada a nenhuma especialidade já existente?
Pelo fato de a SBUS já ser uma grande Sociedade com problemas e características próprias que não seriam resolvidos com prioridade dentro de outra grande especialidade. Já tivemos essa experiência de 1984 a 1993, quando o ultrassonografista esteve vinculado ao CBR. A criação da SBUS e sua rápida expansão demonstram que os ultrassonografistas brasileiros não estavam satisfeitos com sua associação ao CBR. Nenhuma planta se desenvolve bem à sombra de um grande carvalho. Reconhecemos o lugar de destaque da CBR, que está bem plantado no solo das especialidades médicas, mas a ultrassonografia também deseja seu lugar ao sol para atingir sua maturidade e plenitude. Cremos firmemente que as divergências de opiniões que ocorrem para o reconhecimento da ultrassonografia como especialidade médica não tem embasamento em argumentos consistentes e defensáveis, mas são a expressão de interesses unilaterais e imediatistas, fundamentalmente de ordem financeira a combater a implantação de uma nova especialidade, visando mais a disputa de prerrogativas e direitos do que aos altos objetivos da ciência da medicina. A ciência e a tecnologia se constituem, hoje, na mais poderosa força que afeta a vida das pessoas e a ultrassonografia, embasada na informática e na tecnologia de formação de raios para satélites, está exatamente na ponta desta onda. Os médicos ultrassonografistas clamam por Justiça, por um tratamento em nível de igualdade com os demais médicos, para que o atendimento ao paciente possa transcorrer nos esperados níveis de segurança e respeito.
* Lucy Kerr e presidente fundadora da Sociedade Brasileira de Ultrassonografia. Waldemar Naves do Amaral é o atual presidente da SBUS, eleito para o triênio 2011-2114
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Fonte SaudeWeb
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