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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Médicos que fazem abortos em casos previstos pela lei afirmam sofrer preconceito

Eles dizem que ficam estigmatizados, pois são sempre os mesmos profissionais que trabalham com a técnica

Médicos que realizam abortos em situações previstas pela lei afirmam sofrer preconceito entre os profissionais da saúde. Com a liberação do procedimento em fetos com anencefalia, são três as situações em que a prática não é considerada crime - isso vale também para gestações resultantes de estupro e quando a vida da grávida corre risco.

"Existe dificuldade do médico em trabalhar com o aborto, uma morte provocada. Muitos não fazem o procedimento e os que fazem, por serem sempre os mesmos, acabam marcados", afirma a ginecologista e obstetra Rosiane Mattar, professora livre-docente do Departamento de Obstetrícia da Unifesp. "Não faço porque gosto, muito pelo contrário. Faço por ser um direito (abortamento legal) da mulher", completa a médica.

Outro que afirma receber olhares condenatórios de colegas por realizar abortos legalizados é o ginecologista, obstetra e coordenador do Ambulatório de Violência Sexual e Aborto Legal do Hospital Pérola Byington, Jefferson Drezett. Segundo ele, além da falta de conhecimento sobre a legislação, "convicções pessoais, morais e religiosas" são responsáveis pelo preconceito. "Em tese não deveria ser. Por isso, não há motivo para atender uma paciente e julgá-la ou discriminá-la ", diz Drezett, que também integra do grupo de estudo sobre aborto da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

A questão é tão delicada que em março, pouco depois de assumir a Secretaria de Políticas para Mulheres, a ministra Eleonora Menicucci criticou a falta de médicos nos serviços que fazem aborto legal no País. Ela observou que muitos centros funcionam apenas na teoria porque profissionais se recusam a fazer o procedimento, alegando objeção de consciência.

"O que há são diferenças de convicções", diz o secretário da Comissão de Violência Sexual e Interrupção da Gestação Prevista por Lei da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Cristião Fernando Rosas. Ele participou, em 1989, do primeiro programa municipal sobre aborto, mas não acredita que hoje os profissionais que fazem o procedimento sofram retaliações. "Eu faço o procedimento. Entendo que em 1989 existia a insegurança ética, judicial e técnica sobre o aborto. Tudo isso colaborava para o preconceito. Agora, não."

Estudo
Pesquisa da Febrasgo indica que 2 em cada 10 ginecologistas ou obstetras são favoráveis à descriminalização do aborto. "Mas a parcela contrária ainda faz mais e muito barulho. A discussão é abafada por esse grupo", afirma Drezett.

De acordo com o Conselho Federal de Medicina, o País tem cerca de 206 mil médicos especialistas. Desses, quase 25% são pediatras, obstetras ou ginecologistas.

Fonte Estadão

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