Pesquisa revela ligação entre forma leve do hipertireoidismo a mortalidade por doenças cardíacas
Pacientes com hipertireoidismo subclínico – uma forma mais leve da doença caracterizada pelo funcionamento exagerado da tireoide – têm 30% mais risco de morte por doença arterial coronariana.
A descoberta é fruto do estudo “Hipertireoidismo subclínico e o risco de doença cardíaca coronariana e de mortalidade”, que avaliou 50 mil pessoas, de 59 anos em média, no Brasil, Estados Unidos, Japão, Austrália e outros países da Europa. No País, foram avaliados 2.188 pessoas.
O estudo identificou também que o risco de fibrilação atrial em pacientes com essa condição foi 69% maior.
“Todo o mecanismo de contração do coração depende do hormônio tireoidiano, tanto a força contrátil quanto a frequência. Se há um excesso, há um aumento do trabalho cardíaco que leva ao desgaste. A falta de hormônio, por outro lado, enfraquece o coração”, explica José Augusto Sgarbi, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-SP). O médico foi quem conduziu a pesquisa.
descoberta da ligação entre a forma mais leve da doença e o aumento no risco cardíaco deve mudar a conduta médica de tratamento dessa do hipertireoidismo subclínico.
"Por muito tempo acreditou-se que esta forma de hipertireoidismo não teria significado clínico importante e, portanto, não seria necessário o tratamento", afirma Sgarbi.
“Hoje ela não é tratada, mas agora, conhecendo-se as consequências graves dessa disfunção, a conduta tende a mudar. Os médicos devem dar mais importância ao problema”, completa o especialista.
A previsão de Sgarbi é baseada em suas experiências anteriores, já que o mesmo estudo havia conduzido à conclusão semelhante com o hipotireoidismo (funcionamento ineficiente da glândula). Nesses casos, a alteração da tireoide eleva o risco de infarto em 89%, quase o dobro se comparado com indivíduos sem o problema.
Diagnóstico
Um dos primeiros desafios para a implantação do tratamento é o diagnóstico dessa forma mais branda da doença. Isso porque dificilmente os pacientes têm sintomas perceptíveis e, em alguns casos, ela pode ser até assintomática.
Para descobrir o problema, só mesmo por meio de um exame de sangue que mede a taxa do TSH, hormônio da hipófise, glândula que controla a tiroide.
“O exame é extremamente preciso e, dependendo do resultado, o médico pode entrar com remédios já na próxima consulta”, diz Sgabri.
A medição do TSH deve ser feita em mulheres, principalmente após a menopausa, pessoas com mais de 65 anos, e ainda naqueles indivíduos com histórico de doença tireoidiana na família. Também é interessante passar por esse exame grávidas, pessoas com colesterol elevado ou diagnóstico de depressão.
“Essa parte da população deve obrigatoriamente fazer o exame, a fim de que o rastreamento desses casos pode ser feito”, alerta o médico.
Fonte iG
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