No passado problema era chamado pelos médicos de síndrome da dona de casa cansada
Quando a mulher chegava aos 40 ou 50 anos, uma série de transformações acontecia: os filhos começavam a sair de casa, a menopausa chegava e o marido se aposentava. Esses eram os principais "sintomas" usados pelos médicos dar o diagnóstico de... síndrome da dona de casa cansada.
“Não é mentira. Isso realmente estava descrito em livros de medicina há uns 40 ou 50 anos”, afirma Laura Ward, professora da Unicamp e vice-presidente do departamento de tireóide da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).
Essa improvável síndrome reunia sintomas como cansaço excessivo, depressão, lentidão, dor de cabeça e palidez. Hoje, a medicina avançou e se tornou capaz de identificar a produção irregular de hormônios pela glândula tireoide, doença chamada de hipotireoidismo. “Provavelmente era isso que causava a síndrome da dona de casa cansada”, avalia Laura.
Como aconteceu no passado, o hipotireoidismo continua sendo confundido com outras doenças porque seus sintomas são pouco específicos. Mas o perfil dos pacientes já é bem conhecido. Cerca de 90% dos portadores são mulheres, sendo que a doença se torna mais incidente após os 40 anos e no período pós-parto.
“A prevalência de problemas na tireoide é de 10%. Isso foi verificado em estudos internacionais e confirmado por um recente estudo feito em Bauru, neste ano”, revela a endocrinologista.
Apesar dos sintomas serem pouco específicos na maioria dos casos, existem alguns sinais mais característicos como queimação gástrica, constipação intestinal, falta de ar, angina e perda de audição.
Hormônios fora de controle
Quando esses sintomas se manifestam, é sinal que os hormônios da tereóide – T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) – já estão bem abaixo do normal. Quando isso acontece, a glândula hipófise aumenta o nível de TSH para estimular mais a tireoide.
“É uma forma de tentar compensar a doença”, explica a endocrinologista Gisah Amaral de Carvalho, professora da Universidade Federal do Paraná. Quando esses hormônios todos saem do normal, a pessoa se torna sujeita a muitos problemas graves. Um deles é a depressão.
“Pacientes com a taxa de TSH acima de 10 têm três vezes mais chances de manifestar sintomas depressivos”, afirma. Um estudo feito nos Estados Unidos, na Universidade da Carolina do Norte, revela que é três vezes maior (56%) a incidência de ao menos um episódio de depressão em mulheres com ligeira diminuição das funções da tireoide.
Melhor diagnóstico
O exame de TSH é o mais indicado para diagnosticar o hipotireoidismo precocemente. Isso porque este hormônio é o primeiro a manifestar alterações. “Ele se eleva 100 vezes mais do que o T4 diminui”, compara Laura.
O diagnóstico por alterações de TSH pode ser feito no estágio sub-clínico, quando a pessoa não tem nenhum sintoma. “Como o exame não é caro e é coberto por muitos planos, ele pode se tornar um exame de rotina. Ele pode ser feito junto a testes de colesterol, por exemplo, especialmente a partir dos 40 anos”, recomenda Laura.
Campanha
A farmacêutica Sanofi-Aventis lançou em 2010 a Campanha Mulher Sem Falta, na qual alertava para a importância dos sintomas e do diagnóstico precoce. O foco era as mulheres com mais de 30 anos, faixa etária na qual a prevalência da doença aumenta. Como parte da campanha, a farmacêutica lançou um site para dar mais detalhes sobre a doença.
Especialistas revelam que a incidência da doença tem aumentado, ela passou de 3,9 para 14 casos em cada 100 mil habitantes nos últimos 10 anos. E um dos motivos seria o envelhecimento da população.
“Alguns fatores ambientais também podem influenciar, como o consumo de alimentos industrializados e produtos tóxicos (cigarro), além da exposição à radiação, caso de alguns tratamentos contra câncer”, afirma Laura.
Fonte Delas
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