Em mais um passo da estruturação da rede própria, Unimed – BH inaugura Centro de Promoção à Saúde para desafogar a emergência de hospitais oferecendo alternativas ao paciente
A partir de abril de 2014, a rotina do presidente da Unimed-BH, Helton Freitas, promete ser mais calma. Atualmente, ele se divide entre Belo Horizonte (MG) e a capital paulista, onde atua como diretor de operações da Seguros Unimed. “Não é fácil, habitualmente estou às 5 da manhã em (aeroporto) Confins“, conta o executivo sobre sua rotina de viagens semanais a São Paulo. “Mas há uma complementariedade de atuação e uma coisa ajuda a outra”, completa.
No final do primeiro trimestre do ano que vem, Freitas deixará para trás oito anos na direção de uma das maiores unimeds em número de vidas e faturamento. Pelas regras da entidade, um presidente pode ter no máximo duas gestões com quatro anos cada. Neste período, algumas marcas já fazem parte de seu legado, são elas: expansão da rede própria e o alcance de cerca de 1,14 milhão de vidas.
“Temos discutido nesta gestão de oito anos, o profissionalismo e a entrega de resultado: dobramos a carteira que já era grande, de 574 mil clientes e fechamos com exatos 1, 138 milhão, em sete anos. Também se criou um processo para participação dos médicos, contamos frequentemente com 3 mil cooperados presentes em assembleias”, afirma.
Para atender a carteira em constante crescimento, o que também é fruto da expansão da saúde suplementar na região, segundo o executivo, em 2006 no começo de sua gestão, 40% das pessoas na capital mineira tinham plano de saúde e hoje este número é 56%, considerando o crescimento proporcional da população, o investimento em rede própria se torna necessário e também significa, na opinião dele, um componente que ajuda na escolha por uma operadora.
“De alguma forma, se gera um benefício comercial e atratividade para os clientes no plano de saúde. Para eles, isso é o fator de decisão para escolher entre uma operadora e outra”, afirma Freitas, exemplificando o caso do Centro de Promoção à Saúde, localizado em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde segundo ele, atraiu mais clientes após a inauguração.
Como a unidade localizada em Contagem, há mais dois centros, ambos localizados na capital mineira, um em Barreiros e o Centro de Promoção à Saúde- Unidade Pedro I, que começa a funcionar neste mês de março. Com ele, a cooperativa quer desafogar a emergência de hospitais e oferecer alternativas ao paciente.
O centro ambulatorial estará disponível para os 390 mil clientes da cooperativa, que são moradores da região do Vetor Norte. Nele foram investidos R$ 48 milhões, parte dos R$ 500 milhões anunciados pela operadora em 2011, como plano de expansão da rede própria.
Fluxo
O local oferece aos pacientes um centro de diagnóstico com exames de imagem e análises clínicas. A unidade terá 58 consultórios médicos e os clientes terão acesso a 15 especialidades: Cirurgia Geral, Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Acupuntura, Anestesiologia, Cardiologia, Dermatologia, Endocrinologia, Medicina de Família, Neurologia, Oftalmologia, Ortopedia, Otorrinolaringologia e Urologia. No local, ainda haverá salas para pequenos atendimentos cirúrgicos ambulatoriais.
“Vamos orientar o percurso assistencial do cliente. Hoje 85% dos pacientes que buscam atendimento hospitalar não deveriam estar ali”, afirma o diretor de Provimento de Saúde da Unimed- BH, Luiz Otávio Andrade, citando estatísticas internacionais.
O que a cooperativa deseja é desafogar a área de urgência e orientar o fluxo (veja mais no box) do paciente dentro de seu sistema de saúde. Ou seja, aquele paciente que procurar um especialista no pronto-socorro e for identificado como um atendimento “não urgente” será orientado a agendar uma consulta no novo centro. Assim, se diminui o custo da unidade hospitalar que é alto, mas também se oferece alternativas ao paciente. “Vamos evitar que esses 85% cheguem ao hospital com a pronto-consulta”, explica Andrade.
A estratégia é há tempos discutida pelo setor e já tem alguns exemplos em outras operadoras: sair do custoso modelo hospitalocêntrico, que, por vezes, não é o melhor para o paciente, pois além da questão de custo, o doente que não necessita de atendimento emergencial pode estar exposto há algum tipo de infecção, e levá-lo a uma melhor gestão da saúde. A iniciativa também vai ao encontro do perfil epidemiológico cada vez mais incidente entre os brasileiros: os doentes crônicos.
Do ponto de vista do negócio, a nova unidade também se mostra interessante. “A estrutura hospitalar é cara para um paciente que não precisa estar lá. Quando se atende fora (do hospital) se racionaliza o custo”, diz Andrade.
Freitas, explica que há uma preocupação em ofertar atendimento a carteira e também uma discussão do ponto de vista do percurso assistencial: “onde se pode ter o custo mais adequado para ter o fluxo? Ao colocar na unidade hospitalar será custoso para quem não precisa estar lá e, em última análise, isso reflete no custo”.
De acordo com os executivos, há uma articulação entre a rede sobre a transferência do paciente e as unidades. Existe serviço de ambulância para remover e levar o doente à unidade adequada e quem, eventualmente, demandar de internação, será direcionado do ambulatório para o hospital.
Outro indicador de que o pronto-socorro está com o seu fluxo desorganizado, é que em 2012, a cooperativa não teve crescimento em atendimentos de emergência. Considerando, a carteira de clientes e o número de atendimento em pronto-atendimento, e o aumento proporcional da carteira, houve um decréscimo de 8%.
Isso se deve aos demais centros ambulatoriais, mas também à ferramenta de agendamento online, onde os paciente procuram especialistas e marcam consultas pela internet, teve 650 mil agendamentos em 2012. Hoje já são 1400 médicos cadastrados para atender as marcações online.
Rede própria
A cooperativa ainda tem três hospitais em Belo Horizonte e Betim, totalizando 487 leitos, sendo 80 deles para terapia intensiva; uma unidade de pronto-atendimento em Contagem; quatro Núcleos de Atenção à Saúde, dois Centros de Radiologia e Exames e Serviços de Atenção Pré-hospitalar, Atenção Domiciliar e Saúde Ocupacional.
Somente em 2012, os Serviços Próprios responderam por 21% das internações, 37% dos atendimentos de urgência e emergência e 14% das consultas eletivas realizadas pela cooperativa. Apesar disso, uma carteira desse porte demanda muito da rede credenciada e isso, segundo fontes do mercado, dá a cooperativa um super poder de negociação para a Unimed no mercado mineiro, o que tem deixado tem de certa forma prejudicado a concorrência nas negociações.
Questionado sobre o assunto, Freitas é assertivo. “Isso, no mundo inteiro é assim, não é só questão de volume. Temos relacionamento com a rede credenciada, glosamos muito pouco porque temos práticas muito firmes, pagamos rigorosamente em dia, nunca atrasamos com os hospitais”, garante.
Há também os investimentos na rede credenciada, o conhecido programa de incentivo à qualificação já investiu R$ 80 milhões desde 2005. Apenas em 2012 foram R$ 23 milhões destinados a eles. Hoje, 72% das internações dos clientes ocorrem em hospitais que tem algum tipo de certificado ou acreditação como o ISO, ONA, Niaho e JCI. “Aqui no nosso estado a maioria é ONA, 13 prestadores têm nível 3”.
A expansão da rede própria, segundo Andrade, parece não assustar os prestadores credenciados. “Os hospitais perceberam que o investimento próprio não é uma ameaça. Temos clientes para garantir essa demanda”, diz.
Como funciona
• Ao chegar à rede hospitalar, o paciente será acolhido por um profissional de saúde e caso não seja classificado como urgência ou emergência será orientado a buscar alternativas na rede de atendimento. Uma delas é o novo Centro de Promoção à Saúde, onde ocorrerá a pronto-consulta. Isso pode acontecer no mesmo dia ou dependendo da especialidade em uma data mais próxima. “É do pronto-socorro para a pronta-consulta”, diz Andrade.
• Seguindo lógica semelhante a do protocolo de Manchester, quando o paciente chegar ao Centro de Promoção à Saúde, ele será atendido por um enfermeiro, que vai orientar sobre o atendimento seguinte, que pode ser desde uma consulta com um clínico-geral até com uma das especialidades oferecidas no centro.
O local contará com um prontuário eletrônico integrado com as demais unidades da rede e com espaço para atividades de promoção à saúde. As duas ações combinadas possibilitam um atendimento mais holístico: de um lado, as informações integradas e de outro, ações preventivas e de acompanhamento aos pacientes.
• Os grupos de educação em saúde terão o foco, sobretudo, nos doentes crônicos como os diabéticos, hipertensos, pacientes com doenças renais crônicas e portadores de ostomias e cuidados materno-infantis. A orientação será feita por uma equipe composta por nutricionistas, terapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros. Para estas atividades, a unidade oferecerá um auditório com 80 lugares.
• O centro funcionará de segunda à sexta das 7 às 22 horas e aos sábados, das 7h às 13h. A unidade tem capacidade de fazer 46 mil atendimentos por mês.
Fonte Saudeweb
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