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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Estudo mostra que cirurgia traz melhores resultados para diabéticos cardíacos

Estudo mostra que cirurgia traz melhores resultados para diabéticos cardíacos Imperial Hospital de Caridade/Divulgação
Foto: Imperial Hospital de Caridade / Divulgação
Estudo foi realizado com 1,9 mil diabéticos portadores de
doença coronariana em estágio avançado
Pesquisa, com pacientes com média de idade de 63 anos, apontou que a melhor opção é a angioplastia, em que as artérias são desobstruídas com a instalação de stents
 
Técnicas menos invasivas, que proporcionam tempo menor de internação e recuperação mais rápida, nem sempre são a melhor opção de tratamento para problemas cardíacos.

Estudo com 1,9 mil diabéticos portadores de doença coronariana em estágio avançado mostra que a cirurgia para implante de pontes, como safena e mamária, são mais indicadas para esses pacientes que a angioplastia, em que as artérias são desobstruídas com a instalação de stents (pequenas próteses metálicas, que expandem as paredes dos vasos sanguíneos).

A pesquisa, realizada em 140 hospitais, foi publicada nesta segunda-feira no New England Journal of Medicine e apresentada no congresso da American Heart Association, nos Estados Unidos.

— É uma quebra de paradigma. A medicina avança cada vez mais para evitar o sofrimento por intervenção cirúrgica. Operava-se o estômago por úlcera, hoje toma-se remédio. Também já não se opera amígdala. Mas, para o paciente cardíaco diabético, a cirurgia convencional se mostrou a mais indicada — afirmou o cardiologista Whady Hueb, coordenador da equipe de pesquisadores no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, instituição que incluiu o maior número de pacientes no estudo (200), seguido pelo Mount Sinai, de Nova York, com 70.

O estudo Avaliação de Revascularização Futura em Pacientes com Diabete (Freedom, na sigla em inglês) foi coordenado pelos pesquisadores Michael Farkouh e Valentin Fuster, da Escola de Medicina Mount Sinai, de Nova York. Eles levaram em conta o fato de que, só nos Estados Unidos, 25% das 700 mil ocorrências anuais de revascularização de múltiplas artérias envolviam pacientes diabéticos. Mesmo assim, não havia dados científicos que abordassem a melhor tática para tratá-los.

Para o estudo, foram selecionados 3.309, dos quais 1,9 mil aceitaram participar da pesquisa. A idade média era de 63 anos: 71% do sexo masculino, 40% com colesterol elevado e 83% com obstrução em múltiplas artérias, o que caracteriza o estágio mais avançado da doença coronariana. De forma aleatória, foram divididos em dois grupos, os que receberam stents e os que passaram pela cirurgia convencional.

Eles foram acompanhados por cinco anos: aqueles submetidos à cirurgia morreram menos por causas diversas (11% contra 16,3% no grupo que recebeu stent) ou por problemas cardíacos (7% contra 11%). Eles tiveram menos enfarte no decorrer da evolução da doença (6% contra 14%) e necessitaram de um número menor de novas intervenções, sejam elas cirúrgicas ou por angioplastia (4,8% contra 12,5%).

Os pacientes que passaram por angioplastia, no entanto, tiveram menos derrames.

— A ideia é que, quanto menos se intervém numa pessoa, melhor. A angioplastia é um procedimento de meia hora e internação de dois dias. Já na cirurgia, abre-se o paciente de ponta a ponta, é preciso deixá-lo internado por 10 dias. Mas, para o diabético, o resultado da cirurgia foi de longe melhor que a angioplastia — ressalta Hueb.

Os pacientes ainda serão reavaliados sete anos depois de realizado o procedimento. O cardiologista Roberto Kalil, diretor da Divisão de Cardiologia Clínica do Incor, ressalta, no entanto, que a decisão final sobre o tipo de intervenção tem de ser avaliada caso a caso. É uma decisão entre médico e paciente.

— Medicina não é matemática e nenhum estudo científico é lei. Esse estudo é interessante e serve de alerta. Mas se você tem uma paciente de 30 anos, saudável, diabética, com uma artéria obstruída, não vai abrir o peito dela. Coloca-se o stent — afirma.

O estudo Freedom custou US$ 400 milhões e foi patrocinado pelo NIH (a agência de saúde norte-americana) e por fabricantes de stent.
 
Fonte Estadão

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