Gerald Herbert/Associated Press Frankie Thevenot, 3, brinca com iPad em seu quarto na sua casa, em Metairie, Louisiana; grupo diz que apps podem ser prejudiciais |
A queixa, feita pela Campanha para uma Infância Livre de Comércio, mesma
organização sem fins lucrativos que obrigou o "Baby Einstein" a recuar das
afirmações sobre seu caráter didático, contesta a ideia de que aplicativos
educacionais ofereçam algo a mais do que entretenimento.
Além da queixa contra os aplicativos Laugh & Learn, da Fisher-Price, já
baixados mais de 2,8 milhões de vezes, a ONG apresentou uma queixa semelhante
contra aplicativos para bebês comercializados pela Open Solutions.
Segundo essas queixas, as empresas propagandeiam que seus aplicativos ensinam
habilidades espaciais, números, linguagem ou habilidades motoras aos bebês. Mas,
afirmam os críticos, não há provas científicas de que os produtos garantam tais
benefícios.
"A indústria é notória por comercializar produtos como sendo educativos,
quando, na verdade, não há provas de que o sejam", disse Susan Linn, diretora da
Campanha para uma Infância Livre de Comércio, em Boston.
O grupo argumenta que o uso desses aplicativos "pode até ser prejudicial para
bebês". Linn afirmou que os programas podem roubar tempo de outras atividades,
como brincadeiras manuais criativas ou momentos frente a frente com adultos
afetuosos. Segundo ela, a Associação Americana de Pediatria recomenda que os
pais evitem mídias com telas para crianças menores de dois anos.
Kathleen Alfano, diretora-sênior de pesquisas com crianças da Fisher-Price,
disse que a empresa realiza amplas pesquisas "para criar brinquedos
apropriados".
Stefan Babinec, executivo da Open Solutions, com sede em Bratislava, na
Eslováquia, diz que o marketing da sua empresa não faz afirmações como "pegue o
jogo e deixe que ele ensine tudo ao seu filho". Em vez disso, afirmou, a empresa
acha que seus aplicativos "ajudam pais com bebês".
A Campanha para uma Infância Livre de Comércio apontou sete aplicativos
comercializados pela Fisher-Price, junto com oito da Open Solutions, que estão
disponíveis nas lojas App Store e iTunes, ambas da Apple. Os aplicativos
apresentam ilustrações animadas ou em alta definição de personagens animais que
convidam crianças pequenas a escutar frases ou barulhos de bichos e a apontar as
partes do corpo do animal. Os aplicativos são comercializados como tendo valor
educativo para crianças muito pequenas.
A página de informação de um aplicativo para iPad da Fisher-Price chamado
Laugh & Learn Let's Count Animals for Baby, por exemplo, diz que o
aplicativo "ensina números, a contagem de um a dez e primeiras palavras".
Russ Chupnik, vice-presidente-sênior de análise setorial da empresa de
pesquisa de mercado NPD Group, disse que os pais sentem que a tecnologia tornou
o aprendizado mais fácil e divertido para os seus filhos.
Reprodução/Associated Press Imagem do site da Fisher-Price mostra os aplicativos para crianças da empresa; grupo afirma que essa companhia e a Open Solutions estão tentando levar os pais a acreditarem que seus apps tornam as crianças mais inteligentes |
Em 2011, o grupo de defesa do consumidor protocolou uma queixa contra um
vídeo chamado "Your Baby Can Read" (seu bebê consegue ler). Propagandas sugeriam
que o produto poderia ensinar bebês com idade a partir de nove meses a ler.
No ano passado, a empresa, chamada Your Baby Can, aceitou um acordo que levou
a Comissão de Comércio a arquivar as acusações de propaganda enganosa.
Agora, desenvolvedores de aplicativos estão comercializando esse mesmo tipo
de programa para o aprendizado de bebês em formatos para dispositivos portáteis.
Para Linn, isso tem o potencial de aumentar o tempo que os bebês passam
diante de telas, afetando seu desenvolvimento cerebral.
Folhaonline
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