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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Conheça mitos e verdades sobre a epilepsia

Conheça mitos e verdades sobre a epilepsia Shutterstock/Yakobchuk Vasyl
Epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento
 do cérebro
Problema pode surgir em qualquer idade
 
A epilepsia é uma doença neurológica crônica que afeta cerca de 65 milhões de pessoas, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, temos aproximadamente 1,9 milhão portadores de epilepsia, e, infelizmente, grande parte ainda não tem um controle adequado das crises ou não recebe tratamento algum, tanto por desconhecimento dos profissionais da área da saúde como por desinformação da população.
 
O médico neurocirurgião Paulo Porto de Melo explica que a epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial, se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada.
 
— Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, o que não significa que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente — diz o especialista.
 
A doença não é contagiosa e pode surgir em qualquer idade.
 
— A epilepsia é um conjunto de doenças e é preciso estabelecer a causa exata das crises para estabelecer a melhor conduta. As causas vão desde doenças estruturais como neurocisticercose, derrames, tumores e sequela de acidentes até predisposição genética — relata o médico.
 
Muitas vezes, a sua causa é desconhecida, mas pode ter origem em ferimentos sofridos na cabeça, recentemente ou não. Traumas na hora do parto, abusos de álcool e drogas, tumores e outras doenças neurológicas também facilitam o aparecimento da epilepsia. Em 70% dos casos as crises são controláveis e muitas pessoas que têm epilepsia levam uma vida normal.
 
— As drogas antiepilépticas são eficazes na maioria dos casos, e os efeitos colaterais têm sido diminuídos. Também existe uma dieta especial, hipercalórica, rica em lipídios, que é utilizada geralmente em crianças e deve ser muito bem orientada por um profissional competente. Em determinados casos, a cirurgia é uma alternativa — afirma o especialista.
 
Segundo a OMS, cerca de 5% da população terá, ao menos, uma crise na vida. Por isso, o médico afirma que é importante entender um pouco mais sobre a doença que ainda é rodeada de muitos mitos. Ele esclarece as principais dúvidas sobre o assunto.
 
Confira:
 
MITO: durante uma crise devemos impedir que o paciente engula sua própria língua
Esse é um erro comum e perigoso. A língua não enrola e o paciente não é capaz de engoli-la. Não se deve em hipótese alguma introduzir os dedos dentro da boca do paciente (pelo risco de lesões graves nos dedos) e tampouco introduzir objetos rígidos (pelo risco de lesões dentárias e gengivais graves). O correto é virar o paciente de lado, protegê-lo, deixar que a saliva escorra e aguardar calmamente que a crise acabe, o que ocorre geralmente antes de 3 minutos.
 
VERDADE: as crises podem ser bem controladas com medicamentos
O uso regular de uma ou duas medicações é capaz de controlar adequadamente as crises em 70% dos casos. Muitos dessas medicações são distribuídas gratuitamente na rede pública.
 
MITO: convulsão e ataque epiléptico são sinônimos
A convulsão é apenas um tipo de ataque epilético. A convulsão é mais intensa, aonde o paciente perde os sentidos e se debate, podendo morder a língua e urinar na roupa. Mas existem crises mais fracas, manifestas por breves desligamentos, formigamentos ou contrações restritas a alguns grupos musculares. Se ocorrerem de maneira recorrente, configuram epilepsia.
 
MITO: epilepsia tem tratamento, mas não tem cura
Existe a possibilidade de cura em alguns casos. Seja porque o paciente ficou muito tempo sem ter crises (mínimo de dois anos) e a medicação foi descontinuada sem recorrência das crises, após um procedimento cirúrgico que retirou a causa das crises, ou pelo próprio amadurecimento do cérebro em alguns tipos de epilepsias infantis.
 
MITO: a saliva durante uma convulsão pode transmitir a doença
A epilepsia não é uma doença contagiosa. Paulo Porto de Melo garante que o contato com a saliva do paciente de maneira alguma torna a outra pessoa epiléptica. No entanto, a saliva pode transmitir (mesmo que raramente) algumas doenças infecciosas. Por isso não é recomendado o contato desnecessário com a saliva de um desconhecido sem mecanismos de proteção.
 
MITO: devemos dar dose extra do remédio ao paciente quando ocorre uma crise
As medicações devem ser mantidas nos horários acertados pelo médico. Não devemos dar remédio extra durante ou logo após a crise, sob o risco do medicamento ir parar nos pulmões devido a sonolência. Também não devemos passar água fria e muito menos álcool no rosto do paciente, pois são medidas absolutamente inefetivas.
 
MITO: pacientes com epilepsia têm dificuldades mentais
A maioria dos pacientes com epilepsia tem inteligência absolutamente normal, alguns até acima da média. Uma pequena parcela apresenta patologias que causam dificuldade intelectual associada às crises.
 
VERDADE: o paciente com epilepsia pode levar uma vida normal
Pacientes bem controlados podem e devem trabalhar, praticar esportes, casar, ter filhos, etc. Até mesmo dirigir o paciente pode após dois anos de controle e bom seguimento clínico.
 
Zero Hora

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