Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Laser, antidepressivos e conversa ajudam a driblar questões de cama

Raios laser, ondas de choque e uso criativo de remédios já conhecidos são algumas das terapias empregadas hoje para minorar males sexuais que atingem homens e mulheres de todas as idades. O tratamento principal, porém, continua sendo a boa e velha conversa.
 
"O que você vê hoje é remédio para cá, remédio para lá. Eu só trato com medicação quando existe uma causa predominantemente orgânica. Caso contrário, faço a terapia sexual, comportamental cognitiva. É uma reeducação sexual", diz Tânia das Graças Mauadie Santana, 65, fundadora e coordenadora do Centro de Referência e Especialização em Sexologia do Hospital Pérola Byington.
 
 
Nem todos os pacientes estão dispostos a passar por esse tipo de processo. Se uma pílula resolve, vão logo aceitando a droga, mesmo para males considerados de origem predominantemente psicológica, como é o caso da ejaculação precoce.
 
Principal problema sexual masculino, atinge mais de um em cada quatro homens adultos no Brasil --estatísticas internacionais apontam índices ainda maiores.
 
Os números são crescentes, observa o urologista Conrado Alvarenga, 34, do Grupo de Disfunção Sexual do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
 
A culpa, afirma, é do mundo moderno. Sobretudo numa cidade acelerada como São Paulo. "As pessoas querem tudo para ontem, determinam tarefas e depois de cinco minutos já estão cobrando. Esse mundo muito imediatista aumenta as taxas de disfunção sexual."
 
"O perfil do ejaculador precoce jovem é o moleque que deu certo, que trabalha no ramo de tecnologia ou no mercado financeiro, está crescendo, é um moleque com futuro, mas vive num mundo muito ansioso, o mundos das start-ups. Esse moleque, quando vai transar, goza rápido. É gente de 20, 25, 30 anos", completa Alvarenga.
 
Joguinhos
Segundo ele, o tratamento básico é a terapia comportamental, que ensina os chamados jogos amorosos. "Você incentiva o indivíduo a ficar muito tempo nas preliminares, a não penetrar rápido, estimular mais a mulher, depois vai penetrar. O cara se masturba e goza antes. Depois vai sair para transar.
 
O outro lado tem de estar disposto a abraçar a causa ou é melhor parar por aí. "Isso envolve uma parceira que não o cobre, que entenda que ele tem essa dificuldade e que isso tem tratamento", afirma Alvarenga.
 
Os médicos vêm receitando também medicamentos antidepressivos em doses menores do que as empregadas no tratamento da depressão, segundo o urologista Geraldo Eduardo Faria, 68, membro da Sociedade Brasileira de Urologia.
 
São inibidores da captação de serotonina, que têm como efeito secundário o bloqueio circulatório --utilizados para deixar o paciente menos ansioso e retardar a ejaculação.
 
Já entre a população masculina mais velha, o problema é a falta de ereção, a disfunção erétil. Estudos feitos nos EUA mostram que, lá, 52% dos homens de 40 a 70 anos apresentam o problema em algum grau. Aqui no Brasil, a pesquisa Mosaico Brasil, que ouviu mais de 8.200 homens e mulheres maiores de 18 anos, em dez capitais, aponta índice menor: 45% dos homens maiores de 40 anos.
 
"É quando as doenças que prejudicam a ereção começam a incidir: diabetes, hipertensão, colesterol alto, doenças da próstata, cardiovasculares, depressão, ansiedade. São os problemas que começam a ficar mais frequentes com a idade", diz a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
 
Fora da receita
Desde o final do século passado, homens se beneficiam de remédios por via oral, que revolucionaram o tratamento. "A vinda dessa medicação teve impacto muito grande, pois os homens começaram a procurar mais ajuda para tratar seus problemas de sexualidade", afirma Faria.
 
Cerca de dois terços dos pacientes são tratados, com sucesso, com o Viagra e outros medicamentos, como o Levitra e o Cialis, que precisam ser tomados de 30 minutos a até 12 horas antes da relação sexual, dependendo do medicamento escolhido.
 
Os laboratórios buscam, hoje, é por formas que tornem natural esse processo, evitando que o paciente precise se programar para ter a relação sexual. Já há algum tempo está no mercado versão de remédio para uso diário: a pessoa toma um comprimido pela manhã e fica em condições de ter ereção ao longo do dia.
 
Pesquisas mostram que mesmo isso pode melhorar. Em maio, foi apresentado em um congresso de urologia nos EUA um estudo sobre o uso de ondas de choque de alta energia para tratamento da disfunção erétil. É o mesmo sistema usado para quebrar pedras do rim --agora, balanceado para atuar no pênis.
 
Pesquisa feita em um hospital de Israel com 20 homens que sofriam impotência havia três anos, em média, mostrou bons resultados. Metade deles não precisou mais usar pílulas seis meses depois do tratamento.
 
Apesar disso, é preciso ir com calma: "Não se sabe ao certo o mecanismo de ação desse tratamento. Não seria um simples aumento do fluxo de sangue", afirma Joaquim de Almeida Claro, 52, coordenador do Hospital do Homem de São Paulo.
 
Vez delas
Para as mulheres, a situação é mais complicada. Continua sem vencedor a corrida dos laboratórios para encontrar a pílula do desejo, o Viagra feminino. O público é enorme: segundo a pesquisa Mosaico Brasil, 23,5% das adultas relatam ausência de orgasmo; 26,6%, falta de excitação.
 
Médicos têm receitado também um antidepressivo --que funciona como um inibidor da captação de dopamina que melhora a disposição para o sexo. "Esse uso não está na bula, mas vem sendo feito de forma ampla para as que não têm desejo sexual", diz Carmita Abdo.
 
Neste ano, começou a ser empregado em São Paulo tratamento a laser para atrofia vaginal. Mais comum entre mulheres que já passaram da menopausa, é o afinamento das paredes vaginais e seu ressecamento.
 
A técnica "estimula a produção de colágeno", diz a ginecologista Vera Lúcia da Cruz, 55, da Faculdade de Medicina do ABC. Primeira médica a aplicar a terapia no país, ela diz que o processo recupera a elasticidade, a espessura e a lubrificação da vagina.
 
Folhaonline

Nenhum comentário:

Postar um comentário