Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



terça-feira, 3 de setembro de 2013

Por que médicos não gostam de Big Data?

Temor é de que a lista de métricas de desempenho forcem profissionais a não tratar pacientes idosos e terminais, que puxam os resultados para baixo
 
A preocupação de Venkat Warren, noticiado recentemente em um artigo do Wall Street Journal, que “algum contador decidirá o que é o desempenho”, e seu temor de que as aplicações da análise de Big Data e a pressão para ir ao encontro da enorme lista de métricas de desempenho podem forçar os médicos a evitar o trato de pacientes mais velhos e doentes já que podem baixar sua estatística de desempenho. “Se isso não é corte de custos, o que é?”, perguntou Warren, que é cardiologista do Memorial Care Health System da Califórnia.
 
Warren não está só em suas preocupações. Thomas Santo, médico que vive e trabalha na cidade de Nova York, chegou a uma conclusão parecida: “…para qualquer médico que possa ter seu reembolso cortado por conta de ‘cuidado aquém do esperado’, como considerado pela CMS (Medicare e Medicaid Services), o que os impediria de recusar o atendimento de pacientes com doenças crônicas e hospitalizados com frequência? Ao negar atendimento, eles elevam a “qualidade” do cuido que provêm e baixam os custos ao mesmo tempo…”
 
Muitos médicos também apontam que seus pontos de desempenho no sistema de pay-for-perfomance (pagamento por desempenho) não estão completamente sob seu controle. Eles podem fazer o seu melhor para garantir que seus pacientes com diabetes tipo 2 visitem o oftalmologista, por exemplo, ou podem pedir que continuem tomando seus remédios. Mas quando os pacientes não se importam o suficiente com sua própria saúde, ou são forçados a escolher entre pagar pelo aluguel ou comprar sua medicação, as métricas dos médicos é que sofrerão.
 
Os problemas ligados à disparidade econômica estão bem-documentados em um estudo de Harvard que avaliou os rankings de desempenho de médicos de pronto atendimento. Sua conclusão: “Entre os médicos de pronto atendimento (PCPs – primary care physicians), clinicando dentro do grande sistema de cuidados primários, com painéis de pacientes com grandes proporções sem seguro saúde, minorias e pessoas que não falam a língua inglesa, estão associados a menor qualidade no ranking”.
 
O que é ainda mais frustrante para os médicos é se depois que essas métricas de desempenho forem colocadas para funcionar, ainda assim não gerarem economias.
 
Os últimos dados do programa Pioneer ACO chega a essa conclusão. Trinta e duas ACOs (accountable care organizations) envolvidas no experimento participaram do programa Medicare por cerca de um ano. Nesse tempo, todas as 32 mostraram que o pagamento por desempenho de fato melhora a qualidade do cuidado. Pacientes receberam mais diagnósticos precoces de câncer e o controle da pressão sanguínea melhorou, por exemplo. Mas apenas 18 das ACOs conseguiram baixar os custos para seus pacientes Medicare.
 
Apesar de essa pesquisa sugerir que as métricas de pay-for-performance podem frustrar tanto os médicos quanto os CFOs, não é exagero concluir que as análises de dados não têm valor na área de saúde. Tais análises demonstraram que muitos exames e protocolos de tratamento são desnecessários e precisam ser limitados.
 
Entre os exames e procedimentos que estão provavelmente dispendendo dinheiro por não terem evidência científica para suportar seu uso estão: exames de ECGs em adultos saudáveis, exames de Papanicolau anuais em mulheres entre 30 e 65 anos, indução de parto ou cesariana antes de 39 semanas de gestação, quando não há indicação médica para tal e prescrição de antibióticos para crianças com garganta inflamada, tosse e coriza. E a lista é ainda maior.
 
E antes que você pense que a lista de exames e procedimentos desnecessários foi feita por um grupo de especialistas sem coração, vale mencionar que ela foi compilada pela American Board of Internal Medicine Foundation em parceria com nove associações médicas de especializações e o Consumer Reports.
 
Em suma, muitos médicos não gostam do Big Data sendo aplicado em seu desempenho de qualidade e custo porque limita suas opções. Em algumas circunstâncias, essas limitações são perigosas porque impedem que a habilidade do médico forneça um bom cuidado ao paciente ao evitar que peçam exames que não estão na lista oficial recomendada. Em outros casos, previne que haja gasto particular ou da seguradora com exames desnecessários. Líderes de TI de Saúde, juntamente com fornecedores de tecnologia e os formuladores de políticas públicas não devem temer o desafio de colocar em prática o sistema de análise e métrica que pode separar as duas situações.
 
Por Paul Cerrato | InformationWeek Healthcare USA
 
** Tradução de Alba Milena, especial para o InformationWeek Brasil
 
SaudeWeb

Nenhum comentário:

Postar um comentário