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terça-feira, 1 de outubro de 2013

Problemas de saúde ligados ao trabalho consomem milhões

Falta de conhecimento sobre legislação, baixa disposição para investir em prevenção de acidentes e gestão de saúde fazem o setor gastar muito além do necessário
 
Investir em ergonomia, programas de conscientização em saúde e prevenção de acidentes pode parecer desnecessário, se comparado com outros tantos gastos urgentes que fazem parte do orçamento das organizações. Mas só parece. Segundo a Associação Internacional de Seguridade Social (AISS), a cada real investido em prevenção de acidentes de trabalho, as empresas podem lucrar até R$ 2,20.
 
O alerta da organização, presente na pesquisa “Os lucros da prevenção: cálculo dos custos e benefícios dos investimentos na segurança e saúde no ambiente de trabalho”, só corrobora a máxima popular de que é melhor prevenir que remediar – inclusive nas empresas. O estudo, que ouviu 300 companhias de 15 países, constatou que metade delas que investiu mais em segurança e saúde no ambiente corporativo obteve a diminuição de seus custos.
 
Para o proprietário de empresas na área de segurança e medicina do trabalho e coordenador da Escola Técnica Faculdade Futuro de Curitiba, Vanderlei do Rocio Borges, a cultura de atuar nas consequências e não nas causas ainda é predominante entre as corporações brasileiras. “O conceito de segurança só aumenta após o empresário ter as planilhas mostrando os benefícios que a sua empresa obtém quando não há afastamento e acidentes”, afirma.
 
Segundo o anuário dos Ministérios da Previdência Social e do Trabalho e Empresa, são 700 mil acidentes de trabalho por ano no Brasil. Hoje, boa parte da legislação que regula normas sobre segurança no ambiente corporativo está inclusa dentro da CLT, com o título Normas Regulamentadoras.
 
Uma das empresas que auxilia as corporações a identificar problemas nesta área é a Mednet, que atende cerca de 4500 clientes em todo o País. O diretor da companhia, Paulo Barbudo, lembra que nos últimos anos muitas empresas adotaram práticas para melhorar os indicadores dessa área. O problema é que um número significativo delas atende às regras de forma parcial e, no caso das pequenas empresas, ainda falta conhecimento para entender até quais leis regulam o tema.
 
Barbudo, que também é médico, lembra que investir na saúde ocupacional não se traduz apenas em evitar que um funcionário sofra um acidente, como se prega no senso comum. “Para cada empresa existe um programa específico e riscos diferentes, mas na média assume-se que para cada R$ 1 investido haverá uma economia de R$ 5 em ações trabalhistas, multas, absenteísmo e queda de produtividade no trabalho”, projeta.
 
Acidentes
Segundo o Ministério da Saúde, os acidentes mais comuns são aqueles que causam fraturas, luxações, amputações e outros ferimentos. O alerta, nesses casos, é que a prevenção simples e o investimento em tecnologia poderiam reduzir ou até anular esses casos.
 
Depois, estão os casos de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e também os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort), que incluem dores nas costas. Esses problemas são solucionados com mobiliário adequado e oferta de instrumentos corretos para atividade.
 
Em terceiro, estão os mais complexos, como transtornos mentais e comportamentais, como episódios depressivos, estresse e ansiedade.
 
O que fazer
Apesar de se tratar de um problema que provoca milhões de reais em prejuízo às empresas todo ano, algumas medidas preventivas não consomem grande tempo ou volume de recursos, e requerem apenas organização, como lembra o diretor do grupo Mednet. “O empresário pode fazer pequenos investimentos para minimizar os riscos. Um deles é a elaboração de dois programas básicos: o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais que irá ‘mapear’ os riscos existentes no ambiente de trabalho e estabelecer uma prioridade nas ações. O outro é o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, no qual o médico do trabalho estabelecerá medidas para averiguar se os funcionários estão adoecendo em função do dia a dia na empresa”, recomenda.
 
E além de ficarem atentas aos problemas de rotina – como de audição em indústrias têxteis e LER, em atividades com digitação, por exemplo – há uma mudança em curso neste cenário que deve ser analisada pelas empresas, como lembra o presidente da Associação Nacional dos Médicos do Trabalho (ANAMT), Zuher Handar. “Vivemos no mundo uma epidemia de doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho e de transtornos mentais que atingem milhares de trabalhadores no mundo inteiro. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho vivemos, no momento, com uma pandemia oculta de doenças relacionadas ao trabalho”, alerta.
 
E é justamente por isso que a própria associação tem se preocupado com a notificação que, muitas vezes, deixa de ser feita em diversos casos pelo temor das empresas em desgastar a imagem. “É desta maneira que vamos conseguir conhecer melhor o que está acontecendo e como poderemos intervir neste processo”, diz Handar.
 
Ele acrescenta que é necessário que os, hoje, 20 mil médicos do trabalho atuantes no Brasil mudem o olhar com relação à saúde do trabalhador. “O médico do trabalho precisa ter uma visão que enxergue o indivíduo por inteiro e entender que os riscos de adoecimento e agravo à saúde dele não estão somente relacionados aos agentes físicos ou químicos, mas também aos agentes das condições do trabalho. Precisamos identificar todos os determinantes que possam interferir na relação saúde e trabalho para que possamos atuar no seu controle e buscar, desta forma, uma condição de vida produtiva no aspecto social ou econômico”, descreve.
 
Investimento
A empresa Vulcabras|Azaleia começou, há três anos, um programa para diminuir os problemas ligados à saúde de seus colaboradores, em unidade baiana. Foram R$ 20 milhões em proteções de máquinas, R$ 6 milhões em equipamentos de proteção individual e coletiva e R$ 500 mil em treinamento e capacitação.
 
“Havia instalações, máquinas e equipamentos que estavam fora das normas de segurança. Não havia uma cultura voltada para o cumprimento de normas e padronização de tarefas e qualificação profissional. Diante disto, foi realizado um planejamento para adequar 100% de todo o parque fabril. Também se investiu para criar uma cultura de prevenção”, conta o engenheiro de segurança do trabalho da Vulcabras|Azaleia, Emílio Frota.
 
Apenas nos últimos três anos, o grupo recebeu, na unidade baiana, cerca de 500 mil horas de treinamentos de segurança. Apesar das conquistas, a ideia é seguir o projeto e continuar sendo referência. “Queremos nos manter entre as melhores empresas do Brasil em relação às questões de saúde e meio ambiente e qualificar nossos funcionários para essa visão de trabalho seguro e saudável”, revela Frota.
 
Problemas mais comuns

- Fraturas, luxações, ferimentos e até amputações
Solução: criar sistemas de prevenção, investir em tecnologia e programas para criar procedimentos padrões em sistemas de trabalho

- Lesões por esforço repetitivo (membros superiores, com lesões no sistema tendíneo, muscular e ligamentar) e Distúrbios Osteomusculares relacionados ao Trabalho (alterações no pescoço, braços, punhos em decorrência de atividades corporativas).
Solução: ergonomia, mobiliário adequado e oferta de instrumentos corretos para atividades. Ginástica laboral pode contribuir para minimizar os efeitos

- Transtornos mentais e comportamentais, episódios depressivos, estresse e ansiedade
Solução: levantar causas, realizar pesquisas de clima, compreender todas as dinâmicas que impactam na atividade diária, relacionamento no ambiente de trabalho e canais que a empresa abre em seu sistema de comunicação
 
SaudeWeb

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