Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



terça-feira, 5 de novembro de 2013

Ciclistas feridos em acidentes sem carros têm maior risco de serem hospitalizados

Foto: Adival B. Pinto
Até o momento em que perdeu o controle de sua bicicleta, quando fazia uma curva acentuada numa descida de morro, andando a 56 km/h, Harold Schwartz achava que acidentes de ciclismo aconteciam com outras pessoas. Agora, depois de se recuperar de uma fratura de pelve, Schwartz, que tem 65 anos e é vice-diretor do hospital de Hartford, em Connecticut, mudou de ideia.
 
"Ninguém está imune", comentou. Como muitos ciclistas entusiastas, ele está convencido que não se trata de "se" você terá um acidente, mas de "quando" isso vai acontecer.
 
Mas Rob Coppolillo, que durante dez anos participou de corridas de elite em superfícies planas, dirigiu tours ciclísticos na Itália e anda sempre de bicicleta em sua cidade (Boulder, no Colorado), discorda. Ele próprio nunca teve um problema mais grave que uma irritação de pele. "Para a imensa maioria de nós, o ciclismo é um esporte bastante seguro", disse.
 
Muitos ciclistas têm opiniões formadas a esse respeito, mas ninguém sabe ao certo até que ponto o esporte é ou não seguro. Ninguém tem estatísticas confiáveis sobre, por exemplo, o número de acidentes por quilômetro rodado. E os dados que existem não distinguem entre o ciclismo praticado em estradas, com bicicletas leves e velozes, o ciclismo com mountain bike ou o ciclismo recreativo.
 
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA mantém estatísticas sobre mortes e idas aos setores de emergência hospitalar em decorrência de acidentes de bicicleta. O índice de mortalidade anual varia entre 0,26 e 0,35 por 100 mil habitantes. Em 2010, segundo a organização, houve 800 mortes em acidentes de bicicleta, representando um quadragésimo das mortes em rodovias.
 
A cirurgiã traumatológica Rochelle Dicker, da Universidade da Califórnia em San Francisco, e seus colegas estudaram as fichas hospitalares e policiais de 2.504 ciclistas tratados no Hospital Geral de San Francisco. Dicker tinha previsto que a maioria das lesões graves envolveria acidentes com automóveis, mas, para sua surpresa, esse não era o caso de quase metade. Ela desconfia que muitos ciclistas com lesões graves tenham desviado de um pedestre ou tido as rodas da bicicleta presas em trilhos de trens, por exemplo. Os ciclistas feridos em acidentes que não envolviam automóveis tinham probabilidade mais de quatro vezes maior de ser hospitalizados, devido à gravidade de seus ferimentos.
 
Se as estatísticas indicam que o ciclismo é relativamente seguro, por que o esporte aparenta ser tão perigoso? George Loewenstein, professor da universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, na Pensilvânia, imagina que as estatísticas oficiais possam não estar revelando a maior parte do que acontece. "Existem muitas razões pelas quais é provável que muitos acidentes de bicicleta não sejam informados às autoridades", comentou. Os ciclistas feridos podem não procurar os setores de emergência.
 
Mas, disse Loewenstein, a própria natureza das lesões gera a percepção de que o ciclismo é particularmente perigoso. Diferentemente do que acontece com outros esportes, as lesões do ciclismo não aparecem aos poucos.
 
Mesmo assim, lesões como clavículas fraturadas estão longe de ser tão graves quanto as lesões por desgaste vistas em outros esportes -as fraturas de desgaste ou rupturas do manguito, por exemplo. "Não jogo mais futebol", comentou Coppolillo. "Sofri tantos entorses de um dos tornozelos que ele deixou de funcionar. Mas raramente vejo alguém que tenha tido que deixar de praticar ciclismo devido a lesões."
 
Andy Pruitt, fundador do Centro Boulder de Medicina Esportiva e ciclista ávido desde sempre, compreende a impressão que as pessoas têm dos perigos. "Se você fosse à sala de espera do meu consultório, pensaria que vamos todos morrer de lesões de ciclismo", comentou. "Mas não é verdade."
 
Pruitt, 62, pratica o esporte há quatro décadas. Ele percorre entre 8.000 e 16 mil quilômetros por ano. Em todo esse tempo, sofreu quatro acidentes sérios. Quebrou a clavícula duas vezes quando participava de corridas e teve dois acidentes de mountain bike, uma vez quebrando um quadril e outra vez torcendo um pulso.
 
Considerando quantos quilômetros já percorreu e os riscos que encarou participando de corridas e percorrendo trilhas de mountain bike, ele acha que sua taxa de lesões não é nada grave. "É um risco que eu aceito", concluiu.
 
Folhaonline

Nenhum comentário:

Postar um comentário