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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Extrato de ipê amarelo promete combater mordida de cobras

Extrato de ipê amarelo promete combater mordida de cobras
Extrato de ipê amarelo promete combater mordida de cobras
Uma substância extraída de uma árvore muito comum em países sul-americanos se mostrou eficaz para, em experimentos realizados por pesquisadores brasileiros em animais para tratar as lesões provocadas pelo veneno de cobras.
 
O produto foi extraído da casca do ipê (Tabebuia aurea), uma árvore de até 15 metros de altura que, com suas vistosas flores, tinge de amarelo as paisagens do sudeste e centro-oeste brasileiro, do Pantanal e de algumas regiões da Bolívia, Guiana, norte da Argentina, Peru e Paraguai, onde é conhecida como Tajy ou Lapacho amarelo.
 
Experimentada em laboratório e em ratos, a substância se mostrou muito eficaz para reduzir a inflamação provocada pela mordida das cobras, conter a hemorragia, minimizar o edema e diminuir a atividade tóxica do veneno.
 
Conseguimos identificar e isolar a substância responsável por esses efeitos e já a patenteamos, disse à Agência Efe a farmacêutica Mônica Qadri, pesquisadora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e coordenadora do projeto.
 
De acordo com Mônica, um possível medicamento desenvolvido a partir do extrato do ipê amarelo não substituirá o soro usado para tratar as picadas de cobra, mas como um complemento a este tratamento para diminuir as lesões, traumas e sintomas provocados pelo veneno.
 
Integrante da rede de pesquisa Inovatoxin (Inovação com Peçonhas de Animais da Biodiversidade do Centro-Oeste do Brasil), Mônica conta que escolheu o ipê amarelo para sua pesquisa devido à tradição de habitantes do Pantanal, que já atribuíam à árvore propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes em casos de ataques de cobras.
 
As propriedades medicinais do ipê amarelo são tão conhecidas que a árvore é conhecida em algumas regiões do Brasil e Paraguai como Paratudo.
 
Decidimos investigar as atividades anti-ofídicas da Tabebuia aurea em ratos. Injetamos o veneno com a intenção de obter novos inibidores da ação do veneno que possam complementar a soroterapia e reverter as lesões locais causadas pelo envenenamento, disse.
 
A substância, um extrato da casca tratado com álcool etílico, foi experimentada como antídoto para o veneno de três espécies de cobras do gênero Bothrops, responsável pela maioria das mortes provocadas por mordidas de serpentes em todo o continente americano.
 
As espécies escolhidas foram a Bothrops moojeni, a Bothrops neuwiedi e a Bothrops jararaca, conhecidas popularmente como jacuruçu, boca-de-sapo e jararaca-da-mata.
 
Segundo o Ministério da Saúde, 88% dos acidentes ofídicos no Brasil são provocados pelas Bothrops, que causa danos sistêmicos, inflamação e necrose de tecidos, até o ponto de algumas vítimas precisarem ser amputadas.
 
Nos experimentos se constatou que o produto reduziu o número de células inflamadas no local da mordida e conteve a hemorragia provocada pelos venenos das três serpentes.
 
No caso da Bothrops moojeni, a substância também minimizou o edema local e a atividade tóxica do veneno. Os resultados foram muito promissores. O extrato diminuiu a lesão no músculo e a reação inflamatória, afirmou Qadri.
 
Os pesquisadores já conseguiram isolar a substância considerada responsável por esse efeito e agora, em uma nova série de experimentos, querem conferir diretamente suas propriedades.
 
Já conhecemos a estrutura química do composto e as enzimas responsáveis pelos efeitos locais.
 
Consideramos que, com a substância isolada, sua ação pode ser mais eficaz e vamos prová-la.
 
Também realizaremos estudos de segurança para determinar até que grau a substância pode se tornar tóxica, acrescentou.
 
Outros passos são a associação com indústrias farmacêuticas, universidades e centros científicos para continuar com a pesquisa, realizar testes clínicos (em humanos), desenvolver o produto específico e patenteá-lo.
 
EFE/MSN

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