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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Partos antes da hora podem ocasionar problemas para as mães e bebês

Partos antes da hora podem ocasionar problemas para as mães e bebês Yvetta Fedorova/The New York Times
Foto: Yvetta Fedorova / The New York Times
Partos prematuros estão associados com o aumento da morbidade
 neonatal
Especialistas recomendam que, em gestações saudáveis, os bebês nasçam com 39 semanas, período denominado de "a termo"
 
Qualquer pessoa que tenha assado um peru sabe que se ele for tirado do forno muito antes da hora estará cru por dentro, e se for deixado por muito tempo, ficará seco e duro.

Para um bebê no útero, o mesmo princípio pode ser aplicado: a hora certa é fundamental. Uma gestação mais curta ou mais longa do que o normal, pode, às vezes, não ser ideal para a criança e, ocasionalmente, para a mãe. Segundo estudos, uma gravidez com uma semana a mais ou a menos pode afetar a saúde do feto notavelmente.

Alarmadas pela recente tendência de induzir o parto ou agendar cesarianas antes de 39 semanas de gestação para um único feto, a Escola Americana de Obstetras e Ginecologistas, junto com a Sociedade da Medicina Maternal e Fetal lançaram, em outubro, quatro novas definições de partos "a termo" — aqueles que duram entre 37 e 42 semanas — para esclarecer as dúvidas das mulheres e dos médicos.
 
As controvérsias surgem, muitas vezes, porque o período considerado a termo dura cinco semanas, o que gera um grande desentendimento entre grávidas e médicos quanto à melhor hora para que os bebês nasçam.

— A linguagem é muito importante — explica Jeffrey L. Ecker, especialista materno-fetal em Boston, e presidente do comitê sobre práticas obstétricas da faculdade.

— As consequências podem variar, e nós queremos nos certificar de que todos os envolvidos – médicos, parteiras e pacientes – estejam falando a mesma língua.

As novas definições são baseadas na duração da gravidez calculada desde o primeiro dia da última menstruação da mulher, data conhecida como concepção, ou da medição do feto através de ultrassom, durante as 13 primeiras semanas de gravidez. Elas são as seguintes:

>> Pré-termo: entre 37 semanas e 0 dia, e 38 semanas e 6 dias
>> A termo: entre 39 semanas e 0 dia, e 40 semanas e 6 dias
>> Pós datismo: entre 41 semanas e 0 dia, e 41 semanas e 6 dias
>> Pós-termo: 42 semanas e 0 dia, ou mais

Segundo Ecker, esta mudança na terminologia deixa claro tanto para o médico quanto para a paciente que os resultados não são uniformes mesmo depois de 37 semanas.

— É importante que o feto se desenvolva completamente antes do parto.

Durante as últimas semanas de gravidez, entre a 37ª e a 40ª, os pulmões do bebê e o cérebro estão completamente maduros, e aqueles que nascem a termo, segundo a nova definição têm, em média, os melhores resultados de saúde.

Assim como outros especialistas, Ecker defende, assim, a paciência: observar a mãe e o feto semanalmente, e permitir que a natureza tome seu curso quando não há outro motivo para intervir. Se for importante agendar uma cesariana ou induzir o parto em uma gravidez saudável, "é propício apenas depois da trigésima nona semana", alerta ele.

Gravidez de gêmeos, anomalias e quantidade inadequada de fluidos amnióticos podem antecipar o parto
Obviamente, há muitas situações nas quais um parto planejado é desejável e, possivelmente, salvará vidas. Uma circunstância comum é na gravidez de gêmeos, que agora costumam nascer com 38 semanas.

Outras condições que podem justificar um parto pré-termo incluem anomalias placentárias, uma cesariana anterior que tenha cortado a parede muscular do útero, uma quantidade inadequada de fluidos amnióticos e ruptura permanente das membranas que envolvem o feto.

— Se tudo estiver certo com a mãe e o bebê, um parto antes da semana 39 não é justificável — afirma Catherine Y. Spong, especialista materno-fetal no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, cujos estudos, em grande parte, formaram a nova definição da gravidez a termo.

Pesquisa indica que, quanto mais cedo o parto, maiores os riscos
Em uma pesquisa realizada com 28.867 mulheres que haviam marcado uma segunda cesariana, Spong e os colegas avaliaram as chances de um resultado adverso para um bebê em relação à duração da gestação.

Quanto mais cedo o parto, descobriram eles, maiores os riscos para o bebê desenvolver problemas respiratórios, ser levado para a UTI neonatal, precisar de ressuscitação cardiopulmonar ou ventilação mecânica, desenvolver uma infecção, enfrentar baixo nível de açúcar no sangue ou precisar de hospitalização prolongada.

Em comparação aos partos de 39 semanas, os riscos de problemas para os bebês que nascem em 37 aumentaram até quatro vezes, e dobraram em relação aos de 38.

— Os resultados indicam que uma proporção elevada de cesarianas são feitas antes das 39 semanas nos Estados Unidos. Esses partos prematuros estão associados a um aumento da morbidade neonatal e às entradas na UTI neonatal, que têm um custo financeiro elevado.
 
Spong também apontou os riscos que a mãe corre ao dar à luz antes do tempo. O parto induzido pode não funcionar e demorar muito; as chances de infecções e hemorragia pós-parto são maiores, e a hospitalização pode ser prolongada. Embora a cesariana seja "muito segura de modo geral ela também oferece um risco maior de complicações anestésicas e danos aos órgãos internos".

Parto após 40 semanas também está relacionado a um risco maior de perigo para a criança
Uma pesquisa israelense descobriu uma taxa de morte infantil três vezes maior naqueles nascidos entre 34 e 37 semanas, quando comparados a bebês nascidos a termo. Os autores mostraram que as últimas seis semanas de gestação "representam um período crítico de crescimento do cérebro e pulmões fetais, bem como de outros sistemas".

Efeitos de um nascimento pré-termo podem durar a vida toda
Um estudo finlandês publicado na edição de outubro na revista médica Pediatrics, que acompanhou aproximadamente 9 mil homens e mulheres nascidos entre 1934 e 1944 descobriu que, comparados àqueles nascidos a termo, os que nasceram entre 34 e 36 semanas de gestação eram menos educados, tinham rendimentos mais baixos e cargos menores do que os pais.
 
The New York Times/Zero Hora

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