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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Voluntários são infectados com vírus da gripe para pesquisa nos EUA

Daniel Bennett, de 26 anos, recebe uma esguichada de vírus da gripe no nariz  (Foto: AP Photo/Charles Dharapak)
Foto: AP Photo/Charles Dharapak
Daniel Bennett, de 26 anos, recebe uma esguichada de vírus
 da gripe no nariz
Até 100 pessoas vão ficar deliberadamente gripadas até o ano que vem. Objetivo é aperfeiçoar vacina da gripe; participantes recebem US$ 3 mil
 
Pesquisadores do governo americano estão deliberadamente infectando voluntários com gripe, esguichando o vírus vivo pelos seus narizes. Pode parecer estranho, mas o tipo raro de pesquisa faz parte de uma busca por vacinas melhores contra gripe.
 
“As vacinas estão funcionando, mas poderíamos fazer melhor”, disse o médico Matthew Memoli, do National Institutes of Health (NIH), que está liderando o estudo que pretende infectar até 100 adultos até o próximo ano.
 
Em uma época do ano em que a gripe está se espalhando pelos Estados Unidos, seria sensato questionar por que não simplesmente estudar as pessoas que já estão doentes. Porém isso não permitiria que os cientistas medissem como o sistema imunológico reage em cada estágio da infecção a partir do primeiro contato com o vírus.
 
A gripe mata milhares de pessoas a cada ano, por isso a estratégia exige muitos cuidados. Por segurança, Memoli escolheu uma dose que produz sintomas leves a moderados – e aceita somente voluntários saudáveis de até 50 anos de idade.
 
Para evitar espalhar os vírus, os participantes devem ficar pelo menos nove dias em quarentena, dentro de uma área de isolamento no hospital do NIH, com a saúde monitorada de perto. Eles não são liberados até que testes nasais comprovem que eles não são mais contagiosos.
 
O incentivo para participar do projeto é de cerca de US$ 3 mil como compensação por seu tempo (o equivalente a quase R$ 7,3 mil).
 
Médico Matthew Memoli manipula vírus vivos de ripe antes de administrá-los a voluntário  (Foto: AP Photo/Charles Dharapak)
Foto: AP Photo/Charles Dharapak
Médico Matthew Memoli manipula vírus vivos de gripe
antes de administrá-los a voluntário
“Eu recebi uma bronca por e-mail da minha mãe” sobre a inscrição no estudo, disse Daniel Bennett, de 26 anos. “Os padrões de qualidade são tão altos que eu não acredito que esteja em perigo”, acrescentou Bennett, funcionário de um restaurante de College Park. “Eu não fico doente com tanta frequência.”
 
Na hora de receber o vírus, Bennett teve de ficar deitado por cerca de um minuto. “Vai sentir um gosto salgado.

Uma parte vai escorrer para o fundo de sua garganta”, disse Memoli, antes de esguichar em cada narina uma seringa cheia de milhões de partículas de vírus microscópicas, flutuando em água salgada. Alguns dias depois, Bennett sentia as dores e o nariz escorrendo de uma gripe leve.
 
Aperfeiçoamento da vacina
A melhor defesa contra a influenza é uma vacina anual, mas ela está longe de ser perfeita. Ela é ainda menos eficaz para pessoas com mais de 65 anos, justamente o grupo mais suscetível à gripe. 
 
Entender como o organismo de adultos mais jovens combate a gripe pode ajudar os cientistas a determinar o que está faltando para os idosos, pistas que podem ajudar a desenvolver vacinas mais efetivas para todos, segundo Memoli.
 
A vacina é desenvolvida para aumentar os níveis de um anticorpo específico que combate a gripe. Ele tem como alvo uma proteína que envolve o vírus, a hemaglutinina. Mas não está claro qual é o nível de anticorpo necessário para essa proteção, nem se ter certa quantidade de anticorpo significa que você está totalmente protegido ou que você teria uma gripe leve, em vez de um caso severo.
 
Ter como alvo apenas a hemaglutinina provavelmente não é suficiente, diz Memoli. Algumas pessoas no estudo já não ficaram doentes, apesar dos baixos níveis de anticorpos, o que significa que alguma outra coisa deve as estar protegendo.
 
Para tentar descobrir, ele primeiro desenvolveu em laboratório uma cópia da cepa da gripe H1N1 e espirrou em diferentes quantidades nos narizes de voluntários até encontrar a dose certa para desencadear uma gripe leve.
 
Agora, ele está infectando dois grupos: pessoas com baixos níveis de anticorpos e pessoas com altos níveis de anticorpos. Algumas foram recentemente vacinadas e outras não. Ele vai comparar a intensidade da doença de cada um, por quanto tempo ficarão contagiosas e como o sistema imunológico entra em ação.
 
Bennet passou a maior parte de sua quarentena lendo e jogando com outros voluntários infectados (Foto: AP Photo/Charles Dharapak)
Foto: AP Photo/Charles Dharapak
Bennett passou a maior parte de sua quarentena lendo e jogando com outros voluntários infectados
 
Esse tipo de estudo com o vírus da gripe não tem sido realizado nos Estados Unidos por mais de uma década. “Tudo vai contribuir para um melhor entendimento do que você precisa para estar protegido da gripe”, disse John Treanor, especialista em gripe do Centro Médico da Universidade de Rochester.
 
Os sintomas de Bennett foram bem suaves, e ele passou um tempo estudando, assistindo à TV e jogando com outros quatro participantes infectados este mês.  “Tudo o que eu tinha que fazer era ler e assistir a filmes, então não era tão terrível”, disse Bennett. “Foi uma experiência bem legal” ver como essas experiências são feitas.
 
G1

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