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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Estabilização da Aids mascara disparidades regionais

Foto: Reprodução
Epidemia continua concentrada nas grandes cidades, e a mudança para o interior é caracterizada por pequenas ou médias subidas e descidas nos relatórios
 
No artigo Geografia social da Aids no Brasil: identificando padrões de desigualdades regionais, publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, as pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Tatiana Rodrigues de Araujo Teixeira e Monica Siqueira Malta, e os pesquisadores Renata Gracie e Francisco Bastos, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), apontam para a aparente estabilização da mortalidade por Aids, que tende a mascarar desigualdades regionais. “Os determinantes sociais da saúde e disparidades regionais devem ser levadas em conta na formulação de programas e políticas”, indicam os pesquisadores.
 
O mais recente relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) mostrou uma redução de mais de 50% na taxa de novas infecções pelo HIV em 25 países de baixa e média renda, mais da metade da África, a região mais fortemente afetada pela propagação do HIV. De acordo com o artigo, o Brasil tem um território grande e extremamente heterogêneo, com a epidemia de Aids concentrada em determinadas regiões e subpopulações. Os autores esclarecem, no entanto, que homogeneidade e estabilidade aparente da epidemia mascaram uma situação complexa com processos epidêmicos localizados que afetam determinadas regiões e/ou populações em maior risco. “De 1980 a junho de 2012, 656.701 novos casos de Aids foram notificados no Brasil. O Sul foi a região do país com maior incidência de Aids, com 30,9 casos/100.000 habitantes, seguido por taxas mais baixas nas regiões Sudeste (21,0), Norte (20,8), Centro-Oeste (17,5) e Nordeste (13,9)”, explicam os pesquisadores.
 
A pesquisa observa que a maior concentração de casos ocorre nas cidades costeiras e grandes áreas metropolitanas. A epidemia continua concentrada nas grandes cidades, e a mudança para o interior é caracterizada por pequenas ou médias subidas e descidas nos relatórios, exibindo uma combinação heterogênea de estabilidade, declínio e expansão, que ocorre de forma diferente nas diversas regiões do país.
 
Além disso, muitos municípios com altas taxas de incidência estão localizados em áreas ao longo das principais rodovias federais. “Rodovias podem levar a diferentes mudanças no ambiente social e desempenham papéis distintos na disseminação e manutenção de doenças e ameaças à saúde, tais como a transmissão e a violência HIV, uma vez que funcionam como ligações entre locais isolados”, apontam.
 
Outros estudos recentes, informa o artigo, indicam que a mortalidade por Aids no Brasil também é subestimada pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Foram identificados cinco causas de mortes relacionadas com o HIV/Aids que apresentaram erros de classificação: pneumonia, sarcoma de Kaposi, outras imunodeficiências, outras causas de septicemia, e outras causas de pneumonia.
 
Os dados históricos da doença mostram que, desde 1996, houve uma queda constante da mortalidade por Aids; o aumento da incidência da doença não foi acompanhado por um aumento proporcional no número de mortes. Enquanto isso, o Sudeste também apresentou uma queda na incidência desde 1998, embora menos acentuada do que a diminuição da mortalidade. De 1999 a 2007, 290.189 novos casos de Aids foram notificados no Brasil. O ano de 2002 apresentou o maior número de novos casos (35.463), e tem havido um declínio no número desde 2003. A taxa de incidência nacional aumentou de 16,10 casos/100. 000 habitantes em 1999, para 20.31/100. 000 em 2002.
 
Segundo os autores, os progressos realizados no tratamento da infecção pelo HIV incluem o desenvolvimento e uso de diferentes grupos de drogas anti-retrovirais (nucleosídeo e inibidores da transcriptase reversa não-nucleósidos, inibidores de protease e, mais recentemente, os inibidores da fusão e da integrase). A combinação desses medicamentos na forma de esquemas definidos de tratamento com base em protocolos clínicos validados constitui chamado terapia anti-retroviral altamente ativa (Haart), implementado desde o final da década de 1990, juntamente com várias medidas de prevenção e controle. “Esse tratamento resultou em importantes melhorias na expectativa de vida e da qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/Aids nos países em desenvolvimento e nas populações marginalizadas nos países desenvolvidos, com uma redução importante na morbidade e mortalidade”, destacam.
 
O artigo Geografia social da Aids no Brasil: identificando padrões de desigualdades regionais foi publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, vol. 30 n.2 , de fevereiro de 2014.
 
SaudeWeb

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