Por Dr. Bruno Valdigem
"Os pequenos detalhes são os mais importantes", Sherlock Holmes, de Sir Arthur Conan Doyle.
Os pés são uma
parte do corpo negligenciada por todos. Embrulhamos em panos apertados
(meias), depois colocamos em caixotes de couro (sapatos) que são feitos
em formato padrão, não respeitando diferenças individuais. Chegando em
casa não temos o hábito de secar entre os dedos, acumulando fungos e
restos de pele morta. É a parte que menos cuidamos e menos observamos,
mesmo na posição de médico. Quantas vezes um médico examinou seus pés?
Os pés estão na
periferia do sistema circulatório e por isso sofrem mais com qualquer
obstrução da corrente sanguínea. São menos aquecidos também. As doenças
circulatórias podem ser relacionadas a três ?sistemas?: o arterial (não
chega sangue), o venoso (não drena o sangue adequadamente) e o linfático
(o sistema venoso não tem o suporte de drenagem que deveria). Os dois
últimos são difíceis de diferenciar e, como trabalham juntos, vamos
juntar os dois em "venoso".
Doença venosa é
adquirida ao longo da vida, com dilatações das veias para acomodar mais
sangue. Essas dilatações formam verdadeiros sacos cheios de sangue (as
varizes). A distensão dos sacos provoca dores, extravasamento de
líquidos (inchaço), e escurecimento da pele (pelo deposito de
hemossiderina, vindo das hemácias mortas). O Inchaço é maior à noite,
pela gravidade, bem como a dor é maior quando a pessoa esta de pé.
A doença arterial é mais grave. A
obstrução de artérias grandes (como femoral, ilíaca e até aorta) e
menores (pediosa, poplítea) levam a falta de sangue crônica,
inicialmente nos dedos e cada vem mais próximo da raiz da coxa. Os pelos
das pernas e pés diminuem, pelo sofrimento crônico, e a pele em
especial da planta dos pés e dedos se torna pálida, e em casos mais
greves, escura e com feridas. Quando a pessoa faz esforço com as pernas,
elas doem. E isso obedece um padrão evolutivo: primeiro dores durante
longas caminhadas, depois médias distâncias e depois qualquer distância.
As dores desaparecem assim que a pessoa para de andar.
Identifique o problema
Um teste simples
que pode ser feito em casa é comprimir com o dedo uma polpa digital.
Assim que você solta, ela esta pálida, e logo depois o sangue que você
"espremeu" para fora preenche de novo a região deixando ela cor de rosa
ou vermelha. Meça também no dedão do pé. O tempo tem que ser menor que
três segundos - mais do que isso é suspeito.
Existe um exame
chamado índice tornozelo braquial que usa esse princípio. Com um
ultrassom ele mede a pressão em uma artéria do pé e compara com a
pressão em uma artéria do braço do mesmo lado. Se a razão entre a
pressão do tornozelo sobre a do braço for menor que 0,9, é sinal de
risco aumentado para doença arterial periférica, e isso já coloca a
pessoa em uma condição de maior risco de infarto, angina e AVC.
O não tratamento de doença arterial
periférica pode levar à obstrução aguda, ruptura de placas, gangrena e
necrose de dedos e pés. Muitas pessoas são amputadas anualmente sem
necessidade, e não chegariam a isso se tivessem prevenido. A prevenção
passa por dieta, exercícios e medicamentos para controle de colesterol e
triglicerídeos.
Resumindo, cuide bem de quem sempre carregou você. E preste atenção no que ele tentar avisar!
Minha Vida
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