Doença atinge 12% da população; um terço dos pacientes não responde à medicação |
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq)
procura voluntários para pesquisa sobre tratamento de depressão sem o
uso de remédios. Pesquisadores querem analisar a eficácia da técnica de
neuromodulação em 120 pacientes com depressão unipolar (aquela sem
alternância no estado de humor) e bipolar (episódios depressivos que
incidem em portadores do transtorno bipolar do humor). Ainda há vagas
para voluntários.
A depressão atinge de 12% a 14% da população mundial. Entre
os pacientes com a doença, um terço não apresenta resultado com o
tratamento por remédios. “São muitas pessoas, então novos tratamentos
são bem vindos”, diz, Valiengo.
O
psiquiatra Leandro Valiengo, médico do serviço de neuromodulação do
IPq, explica que existem muitas teorias para a ocorrência da depressão.
Duas delas são as mais pesquisadas. Uma afirma que se trata de um
problema químico que atua em neurotransmissores – serotonina,
noradrenalina e dopamina. Outra acredita que a depressão é resultado de
um desequilíbrio entre o lado direito e esquerdo do cérebro. A técnica
testada pelo IPq parte dessa segunda visão e vai aplicar descargas
elétricas para modular o cérebro.
Valiengo destaca que, ao
contrário do medicamento - que em alguns casos pode desencadear
tonturas, náuseas e perda da libido -, a técnica de estimulação elétrica
transcraniana não traz efeito colateral. Pelo tratamento, os pacientes
devem fazer até 15 sessões de 30 minutos com um aparelho que terá dois
eletrodos, cada um ajustado de um lado da cabeça.
A estimulação
elétrica não deve ser confundida com eletrochoque, usado há 75 anos por
psiquiatras para estimular hormônios e neurotransmissores. Nesse último,
ocorre a liberação de descargas elétricas muito mais fortes, o paciente
tem convulsões e provoca crises convulsivas.
A técnica de
estimulação elétrica criada pelo grupo já foi testada com o uso de
antidepressivos. “Tivemos um resultado muito satisfatório. Os pacientes
que usaram a técnica combinada com o uso de antidepressivos apresentaram
uma melhora maior que aqueles que só usaram o medicamento. Agora vamos
testá-la sem os antidepressivos”, disse.
O grupo do IPq também já
utiliza técnicas de estimulação magnética transcraniana por corrente
contínua (ETCC) e estimulação magnética transcraniana profunda, que
funcionam através da geração de campo magnético em áreas específicas do
cérebro, melhorando a atividade dessas áreas e os quadros depressivos,
sem os efeitos colaterais indesejados dos remédios. “O único efeito
colateral é que alguns pacientes, minutos após a sessão, ficam com a
pele um pouco vermelha próxima do local onde os magnetos foram colados",
diz.
De
acordo com Valiengo ainda é difícil falar em custos de tratamento.
Sabe-se que a magnética é mais cara que a elétrica. “No curto prazo, é
mais caro que o tratamento comum, mas acredito que no longo prazo possa
valer a pena. Não podemos esquecer também das tantas pessoas que não têm
melhoras nem mesmo com a medicação”, diz.
Podem se inscrever para
triagem homens e mulheres de 18 a 65 anos pelo site www.sin.org.br ou
pelos emailspesquisa.depressao@gmail.com (para o projeto depressão
unipolar) e pesquisadepressaobipolar@gmail.com (para o projeto depressão
bipolar).
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