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sexta-feira, 4 de julho de 2014

Médicos procuram voluntários para tratamento de depressão sem uso de medicamento

Doença atinge 12% da população; um terço dos pacientes não responde à medicação
Técnica promissora e sem efeitos colaterais usa corrente elétrica de baixa intensidade para modular o cérebro; tipo de procedimento não deve ser confundido com eletrochoque 

O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq) procura voluntários para pesquisa sobre tratamento de depressão sem o uso de remédios. Pesquisadores querem analisar a eficácia da técnica de neuromodulação em 120 pacientes com depressão unipolar (aquela sem alternância no estado de humor) e bipolar (episódios depressivos que incidem em portadores do transtorno bipolar do humor). Ainda há vagas para voluntários. 

A depressão atinge de 12% a 14% da população mundial. Entre os pacientes com a doença, um terço não apresenta resultado com o tratamento por remédios. “São muitas pessoas, então novos tratamentos são bem vindos”, diz, Valiengo.

O psiquiatra Leandro Valiengo, médico do serviço de neuromodulação do IPq, explica que existem muitas teorias para a ocorrência da depressão. Duas delas são as mais pesquisadas. Uma afirma que se trata de um problema químico que atua em neurotransmissores – serotonina, noradrenalina e dopamina. Outra acredita que a depressão é resultado de um desequilíbrio entre o lado direito e esquerdo do cérebro. A técnica testada pelo IPq parte dessa segunda visão e vai aplicar descargas elétricas para modular o cérebro.

Valiengo destaca que, ao contrário do medicamento - que em alguns casos pode desencadear tonturas, náuseas e perda da libido -, a técnica de estimulação elétrica transcraniana não traz efeito colateral. Pelo tratamento, os pacientes devem fazer até 15 sessões de 30 minutos com um aparelho que terá dois eletrodos, cada um ajustado de um lado da cabeça. 

A estimulação elétrica não deve ser confundida com eletrochoque, usado há 75 anos por psiquiatras para estimular hormônios e neurotransmissores. Nesse último, ocorre a liberação de descargas elétricas muito mais fortes, o paciente tem convulsões e provoca crises convulsivas.

A técnica de estimulação elétrica criada pelo grupo já foi testada com o uso de antidepressivos. “Tivemos um resultado muito satisfatório. Os pacientes que usaram a técnica combinada com o uso de antidepressivos apresentaram uma melhora maior que aqueles que só usaram o medicamento. Agora vamos testá-la sem os antidepressivos”, disse.

O grupo do IPq também já utiliza técnicas de estimulação magnética transcraniana por corrente contínua (ETCC) e estimulação magnética transcraniana profunda, que funcionam através da geração de campo magnético em áreas específicas do cérebro, melhorando a atividade dessas áreas e os quadros depressivos, sem os efeitos colaterais indesejados dos remédios. “O único efeito colateral é que alguns pacientes, minutos após a sessão, ficam com a pele um pouco vermelha próxima do local onde os magnetos foram colados", diz.

De acordo com Valiengo ainda é difícil falar em custos de tratamento. Sabe-se que a magnética é mais cara que a elétrica. “No curto prazo, é mais caro que o tratamento comum, mas acredito que no longo prazo possa valer a pena. Não podemos esquecer também das tantas pessoas que não têm melhoras nem mesmo com a medicação”, diz.

Podem se inscrever para triagem homens e mulheres de 18 a 65 anos pelo site www.sin.org.br ou pelos emailspesquisa.depressao@gmail.com (para o projeto depressão unipolar) e pesquisadepressaobipolar@gmail.com (para o projeto depressão bipolar).

iG

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