Michael Duff/ap - 9.82014 Alerta: Vírus é transmitido por fluidos corporais, situação
agravada em locais com pouca infraestrutura
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Boston, EUA. Passados mais de seis
meses e quase mil mortes desde o início do surto de ebola no Oeste da
África, cientistas anunciaram ter descoberto o que seria o “paciente
zero” que deu início à epidemia. Ele seria um menino de 2 anos, que
teria contraído o vírus em uma aldeia em Guéckédou, no sudeste da Guiné,
e morrido no dia 6 de dezembro do ano passado, poucos dias depois de
apresentar sintomas como febre, vômitos e diarreia.
De acordo com os especialistas, a doença teria se espalhado então para a
mãe da criança, além da irmã de 3 anos e a avó do menino, antes de se
transferir para um profissional de saúde a partir de Guéckédou.
O estudo, publicado no periódico norte-americano “New England Journal
of Medicine”, traçou o caminho do ebola por meio da revisão de
documentações hospitalares, bem como entrevistas com famílias afetadas,
pacientes com suspeita de doença e habitantes de aldeias na região entre
Libéria, Guiné e Serra Leoa, que concentra cerca de 70% dos casos.
Transmissão. O vírus é transmitido por fluidos corporais, o que agrava a
situação em hospitais com pouca infraestrutura na África Ocidental. Os
cientistas acreditam que o contágio do primeiro profissional de saúde na
Guiné “parece ter provocado a disseminação do vírus para Macenta,
Nzérékoré, e Kissidougou em fevereiro 2014”.
Em
março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia sido notificada de
que “uma doença contagiosa” se espalhou pela Guiné. No entanto, não foi
possível identificá-la como ebola ainda naquele mês.
O estudo levantou ao menos duas hipóteses para a causa principal da
epidemia. De acordo com os cientistas, há chances de a criança ter
ingerido frutas contaminadas por fezes de morcego ou recebido uma
injeção com uma agulha contaminada. No primeiro caso, o ebola teria sido
carregado por morcegos usados como vetor do vírus. Se a contaminação
por meio de uma agulha for a causa, o mais provável é que tenha havido
um caso anterior de infecção que não foi registrado.
Medidas
Na última sexta-feira, a OMS decretou uma emergência de saúde pública
de alcance mundial e convocou a comunidade internacional a se mobilizar
contra a epidemia de ebola no oeste da África.
Desde o último sábado, aeroportos brasileiros passaram a veicular
mensagens de alerta aos passageiros sobre os riscos de ebola. A doença
já provocou ao menos 1.779 casos na África Ocidental e 961 mortes.
A Costa do Marfim anunciou ontem a suspensão de todos os voos de sua
companhia nacional para e a partir dos países afetados pelo vírus.
Uso de drogas experimentais entra em debate Brasília
A utilização de medicamentos experimentais para tratar o ebola suscita
intenso debate ético. Por isso, especialistas de todo o mundo se
reuniram ontem para discutir a elaboração de diretrizes sobre o uso de
medicamentos não autorizados em situações de emergência. Dois
norte-americanos e um padre espanhol, infectados com o vírus quando
cuidavam de doentes na África, estão sendo tratados com o medicamento
experimental ZMapp, que mostrou resultados promissores.
O remédio, da
empresa norte-americana Mapp Pharmaceuticals, está em fase inicial de
desenvolvimento e só foi testado em macacos, além de ser escasso. “É
ético utilizar medicamentos não autorizados para tratar as pessoas? Em
caso afirmativo, que critérios devem cumprir e em que condições, bem
como quem deve ser tratado” são as questões a responder, disse
Marie-Paule Kieny, assistente do diretor-geral da Organização Mundial da
Saúde (OMS), anfitrião do encontro organizado pela OMS. Não existe
atualmente tratamento ou vacina.
O Dia
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