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terça-feira, 12 de agosto de 2014

Marca de pasta de dente pode ter substância cancerígena, diz reportagem da 'Bloomberg News'

Reprodução
Triclosan, encontrado na Colgate Total, tem sido associado à doença em animais. Fabricante garante segurança  

Rio - O creme dental que você coloca na boca algumas vezes ao dia pode estar ligado ao crescimento de células cancerígenas, segundo matéria publicada pela "Bloomberg News". Apesar de aprovado há mais de uma década pela FDA, agência que regulamenta alimentos e medicamentos nos EUA, o ingrediente triclosan, encontrado na Colgate Total, tem sido associado ao crescimento do câncer em animais, diz a empresa de comunicação.

A fabricante refuta os argumentos da reportagem. A fabricante afirma que o produto é seguro, tendo sido aprovado por rigorosos testes. Além disso, segundo a empresa, os resultados obtidos pela pesquisa não são relevantes. A Colgate informou também que a eficácia e a segurança do produto são apoiadas por mais de 80 estudos clínicos envolvendo 19 mil pessoas. Segundo o porta-voz da Colgate, Thomas DiPiazza, a empresa também apresenta relatórios anuais ao FDA, revisando novas descobertas da ciência e de segurança.

Segundo a reportagem, os reguladores de medicamentos estão atualmente revisando os perigos de triclosan, um produto químico doméstico comumente usado, que ajuda a reduzir a contaminação de bactérias. De acordo com o FDA, o triclosan é encontrado em antibacterianos como sabão para as mãos, utensílios de cozinha e brinquedos para crianças, bem como em um dos cremes dentais mais vendidos do país - Colgate Total. Mas as descobertas do processo de aprovação do FDA da Colgate Total em 1997 mostram que a pasta de dente pode não ser tão segura quanto a empresa diz.

A FDA não havia divulgado o resumo de 35 páginas de toxicologia da Colgate Total e triclosan até o início de 2014, após uma ação da Lei de Liberdade de Informação movida em 2013. Depois de alguma pressão da Bloomberg News, a FDA também publicou os resultados em seu site.

No relatório, o FDA foi cauteloso sobre determinadas características da Colgate, colocando em questão não só os perigos potenciais de triclosan, mas também que ela pode tratar gengivite - que o FDA aponta que não é auto-diagnosticável - e acabar com a placa dental.

Uma das maiores revelações, de acordo com a Bloomberg News, é o fato de que a Colgate não considerou relevantes os experimentos com triclosan feitos em animais, e afirmou que seu produto é seguro.

Segundo a FDA, não se sabe com certeza se o triclosan é perigoso para os seres humanos. Embora os testes em animais nem sempre levam aos mesmos efeitos em humanos, essas experiências com animais anteriores levaram a FDA a abrir-se mais pesquisas sobre triclosan.

Já cientistas dizem que não é incomum - ou errado - atentar para esses produtos químicos comuns, especialmente porque estamos expostos a milhares deles todos os dias.

- Criamos um sistema em que estamos testando esses produtos químicos na população humana. Amo a ideia de que eles são todos seguros - afirmou à Bloomberg News o professor da Universidade de Massachusetts, Thomas Zoeller. Ele complementou, no entanto, que quando temos estudos em animais que sugerem o contrário, estamos assumindo um risco grande.

Outras empresas
Em maio, legisladores de Minnesota votaram para proibir o químico e um mês antes a Avon anunciou planos para eliminar progressivamente triclosan de seus produtos cosméticos e de cuidados pessoais. Embora a Avon tenha dito que a evidência científica "apoia o uso segura de triclosan", a empresa cedeu à pressão dos consumidores para soltar a substância química de seus produtos de consumo.

Em agosto de 2012, a Johnson & Johnson anunciou planos para remover uma série de substâncias química potencialmente prejudiciais, incluindo triclosan, a partir de sua linha de produtos de consumo de adultos até o final de 2015. A empresa já se comprometeu em novembro do ano passado a remover produtor químicos específicos de seus produtos para bebês, tais como o shampoo Johnson.

O Globo

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