Reuters - Tickers: Voluntários carregam corpos em Kailahun |
Os funcionários da área de saúde da África Ocidental fizeram um apelo
por ajuda urgente para controlar o pior surto de ebola da história
mundial - 932 já morreram -, nesta quarta-feira (6) . No mesmo dia, a
presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, decretou estado de
emergência por um período de 90 dias no país, onde um hospital em que
vários agentes foram infectados teve de ser fechado.
"O governo e o povo da Libéria requerem medidas
extraordinárias para a sobrevivência do nosso Estado e para a proteção
das vidas do nosso povo", disse ela em comunicado oficial sobre o vírus,
que no total teve 1.711 casos registrados em três países, de acordo com
a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A epidemia de febre
hemorrágica sobrecarregou os rudimentares sistemas de saúde pública e
levou ao destacamento de tropas para impor quarentenas nas áreas mais
atingidas, na região remota das fronteiras entre Guiné, Libéria e Serra
Leoa, países em que os casos foram registrados.
A OMS relatou 45
novas mortes nos três dias desde 4 de agosto. Seus especialistas
iniciaram uma reunião de emergência em Genebra para discutir se a
epidemia constitui uma “Emergência de Saúde Pública de Gravidade
Internacional” e avaliar novas medidas para detê-la, incluindo o
possível uso de tratamentos com drogas experimentais.
"Este surto é
inédito e está fora de controle", disse Walter Lorenzi, chefe da
organização Médicos Sem Fronteiras em Serra Leoa. “Precisamos
desesperadamente de novos participantes no local – não em escritórios ou
reuniões – mas com luvas, fazendo trabalho de campo”.
O alarme
global com a propagação da doença aumentou quando o norte-americano
Patrick Sawyer morreu na Nigéria, no mês passado, depois de passar pela
Libéria.
O Ministério da Saúde informou nesta quarta que uma
enfermeira nigeriana que cuidou de Sawyer também foi a óbito em
consequência do ebola e que cinco outras pessoas estão sendo tratadas em
uma ala de isolamento em Lagos, maior cidade da África.
A
Libéria, onde o saldo de mortos cresce mais rápido, está com
dificuldades para lidar com o problema. Muitos moradores estão em pânico
e em alguns casos abandonam os corpos de familiares nas ruas da
capital, Monróvia, para evitar quarentenas.
O hospital católico
St. Joseph foi fechado depois que seu diretor morreu, disseram
autoridades, e seis funcionários testaram positivo, incluindo duas
freiras e o padre espanhol Miguel Pajares, de 75 anos, que deve ser
repatriado de avião por uma equipe médica.
Três dos maiores
especialistas mundiais em ebola exortaram a OMS a também oferecer drogas
experimentais às pessoas no oeste africano, mas a agência afirmou que
“não irá recomendar qualquer droga que não passou pelo processo normal
de licenciamento e testes clínicos”.
Muitos hospitais e clínicas
convencionais foram forçados a fechar em toda a Libéria, muitas vezes
porque os próprios funcionários temem contrair o vírus ou por causa de
episódios de violência de locais que acreditam que a doença seja uma
conspiração governamental.
O país mobilizou o Exército para
implementar controles e isolar as comunidades atingidas com maior
gravidade, na chamada operação “Escudo Branco”.
A vizinha Serra
Leoa afirmou ter implementado novas restrições no aeroporto e estar
pedindo aos passageiros que preencham formulários e meçam a temperatura
antes de embarques e desembarques. No leste da nação, os militares
criaram bloqueios nas estradas para limitar o acesso às áreas afetadas.
Algumas
das maiores companhias aéreas, como a British Airways e a Emirates
Airlines, interromperam os voos aos países contaminados, e muitos
expatriados estão partindo, segundo autoridades do governo.
Reuters / iG
Nenhum comentário:
Postar um comentário