Sinais simples podem ajudar os pais e até as escolas a identificar
possíveis casos de diabetes na infância. Se a doença demora a ser
diagnosticada, há risco de a criança sofrer sintomas graves, podendo
entrar em coma e até morrer em consequência do nível elevado de glicose
no sangue por um período prolongado.
O endocrinologista Luis Eduardo Calliari, conselheiro da Associação de
Diabetes Juvenil (ADJ), explica que o primeiro sinal da diabetes na
infância - que é a diabetes tipo 1 - é a criança começar a beber muita
água e fazer xixi com mais frequência.
Progressivamente, começa a haver perda de peso. “A criança tem mais apetite, come muito, mas não ganha peso. Vai ficando muito fraquinha, às vezes até com falta de ar”, explica o especialista.
Progressivamente, começa a haver perda de peso. “A criança tem mais apetite, come muito, mas não ganha peso. Vai ficando muito fraquinha, às vezes até com falta de ar”, explica o especialista.
“Geralmente, a criança chega ao pronto-socorro bem prostrada, com
respiração muito rápida e a mãe leva a criança ao hospital pela falta de
ar. Mas o problema não tem a ver com o pulmão, mas com um quadro de
cetoacidose diabética.”
Em pacientes com diabetes, há uma deficiência na produção de insulina,
hormônio que tem a função de decompor a glicose e produzir energia a
partir dela. Quando a doença não é controlada, o organismo passa a usar a
gordura como combustível. A decomposição da gordura leva ao acúmulo de
substâncias que deixam o sangue ácido: esse é o quadro de cetoacidose
diabética, que pode ser muito perigoso caso a doença demore a ser
identificada.
Para o médico, a escola pode ser um importante aliado em identificar os
primeiros sinais da doença e também em monitorar os alunos diabéticos.
“Hoje em dia, pais e mães trabalham e a criança passa cada vez mais
tempo na escola. Se o aluno leva muita água pra a sala de aula e pede
para sair várias vezes para ir ao banheiro, antes de achar que é
malandragem, é importante pensar que pode ser diabetes”, diz.
Dificuldades
A dona de casa Elizabete Gonçalves da Costa, mãe de Enzo, de 10 anos, conta que a família, que vive em Itapevi, na região metropolitana de São Paulo, enfrentou várias dificuldades em relação às escolas que o garoto frequentou. Diagnosticado com diabetes do tipo 1 aos 3 anos, Enzo já começou a aprender sua rotina de cuidados desde pequeno.
A dona de casa Elizabete Gonçalves da Costa, mãe de Enzo, de 10 anos, conta que a família, que vive em Itapevi, na região metropolitana de São Paulo, enfrentou várias dificuldades em relação às escolas que o garoto frequentou. Diagnosticado com diabetes do tipo 1 aos 3 anos, Enzo já começou a aprender sua rotina de cuidados desde pequeno.
A criança com diabetes deve fazer o controle da glicemia (que é a
concentração da glicose no sangue) com o exame de ponta de dedo várias
vezes ao longo do dia. Ela também pode ter de se aplicar insulina. A
escola que Enzo começou a frequentar com 7 anos de idade, porém, não
permitiu que ele levasse o aparelho para medir sua glicemia. A
instituição também determinou que o garoto deveria comer seu lanche
separado das outras crianças, por ele levar os alimentos de casa.
No início, Elizabete chegou a permanecer na escola para fazer os testes
no filho ao longo do dia. Hoje, depois de muitas conversas entre a
família e a coordenação, Enzo já pode levar seu aparelho para a aula e
fazer os testes dentro da escola, sem a presença da mãe. A escola também
reuniu as crianças de seu período no refeitório e explicou por que o
garoto tinha de levar o próprio lanche, diferente do de outros alunos.
Agora, o menino pode comer ao lado de seus colegas.
O diagnóstico de Enzo também foi trabalhoso. “Levei o Enzo a três
pediatras diferentes, pois ele reclamava do cansaço, não conseguia
segurar o xixi e bebia muita água. Ele também começou a emagrecer, mesmo
comendo muito”, conta.
Nenhum deles diagnosticou a doença. A constatação da diabetes só
ocorreu quando o garoto passou mal e a mãe o levou ao pronto-socorro. “O
pediatra pediu exame de sangue e viu que a glicemia estava muito alta.”
Segundo ela, só depois de três meses, quando Enzo passou a ser tratado
por uma endocrinologista pediátrica, é que o tratamento foi bem definido
e as dúvidas sobre a doença foram sanadas.
Programa em escolas
Um programa desenvolvido pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), lançado no Brasil nesta terça-feira (5), vai levar a 15 escolas públicas e privadas brasileiras orientações sobre como identificar e como lidar com a diabetes no meio escolar. Chamado KiDS (“Kids & Diabetes in Schools”, ou “Crianças e Diabetes nas Escolas”), o programa tem apoio do Ministério da Saúde e foi desenvolvido pela IDF em conjunto com a ADJ Diabetes Brasil e pela farmacêutica Sanofi.
Um programa desenvolvido pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), lançado no Brasil nesta terça-feira (5), vai levar a 15 escolas públicas e privadas brasileiras orientações sobre como identificar e como lidar com a diabetes no meio escolar. Chamado KiDS (“Kids & Diabetes in Schools”, ou “Crianças e Diabetes nas Escolas”), o programa tem apoio do Ministério da Saúde e foi desenvolvido pela IDF em conjunto com a ADJ Diabetes Brasil e pela farmacêutica Sanofi.
Outras instituições e também pais interessados podem acessar o material didático do programa, em português, no site da IDF.
O endocrinologista Calliari afirma que há muito desconhecimento sobre a
diabetes infantil no ambiente escolar. “Às vezes a professora não
permite que o aluno faça o exame de ponta de dedo na sala de aula e
também não permite que ele saia para fazer. É muito comum que a escola
não tenha essa percepção”, diz.
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