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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Pesquisa diz que má alimentação começa desde bebê

É preciso melhorar a alimentação das crianças antes que elas aprendam a andar, segundo estudos sobre nutrição publicados recentemente
 
Os dados indicam que os padrões de alimentação de bebês persistem por muito mais tempo do que se imaginava.
 
“Nossas preferências iniciais, sobretudo em termos de frutas e legumes ou por bebidas doces, são duradouras”, afirmou Elsie M. Taveras, do Hospital Infantil MassGeneral em Boston, que não participou das novas pesquisas.
 
O conjunto de 11 estudos foi publicado no periódico “Pediatrics”. Pesquisadores analisaram as dietas de cerca de 1.500 crianças de seis anos, comparando seus padrões alimentares com aqueles observados em um estudo que acompanhou as crianças até completarem seu primeiro ano.
 
Pesquisa anterior havia comprovado que as preferências alimentares se desenvolvem na primeira infância. Porém, até então não estava claro como as dietas de bebês alteram as preferências das crianças em idade escolar.
 
“Quando bebês consumiam poucas frutas e legumes, isso se estendia até os seis anos”, disse Kelley Scanlon, do Centro para Controle e Prevenção de Doenças e uma das autoras dos estudos.
As descobertas de Scanlon enfatizam a importância de oferecer frutas e legumes aos bebês na transição para alimentos sólidos.
 
Catherine A. Forestell, professora-adjunta de psicologia no College of WilliamMary no Estado de Virgínia, declarou ser crucial que os pais “não desistam mesmo diante de reações negativas iniciais dos bebês”.
 
Em um estudo feito em 2007 por Forestell, bebês franziam o nariz quando lhes ofereciam feijão. Mas, se os pais insistiam, eles abriam a boca voluntariamente para comer outra colherada.
 
Um estudo da nova série descobriu que bebês que consumiam qualquer quantidade de bebidas com açúcar eram duas vezes mais propensos a consumi-las pelo menos uma vez por dia aos seis anos.
 
Segundo outro estudo, bebês entre 10 e 12 meses que tomavam bebidas com açúcar mais de três vezes por semana tinham o dobro da propensão a ser obesos aos seis anos do que bebês que jamais ingeriam esse tipo de bebida.
 
Sohyun Park, do Centros para Controle e Prevenção de Doenças, disse que 27% dos bebês haviam tomado bebidas açucaradas.
 
Alguns especialistas dizem que os pais não são orientados sobre como fazer seus bebês se interessarem por legumes desconhecidos. A tarefa também é dificultada porque os bebês se apaixonam rápido por doces e salgados.
 
“Precisamos orientar melhor os pais sobre a nutrição na primeira infância”, disse Deanna Hoelscher, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade do Texas.
 
Porém, segundo Forestell, nem tudo está perdido. Basta adotar uma nova abordagem. As crianças tendem a ter menos resistência para experimentar, por exemplo, couve-de-bruxelas quando veem os adultos comendo o legume. “Não se trata apenas de mudar a dieta das crianças, e sim da família inteira”, explicou ela.
 
Folha de São Paulo

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