Muitas pessoas ao redor do mundo podem possuir "Doença Renal Crônica": perda total e permanente das funções dos rins (falência renal). A falência renal pode afetar qualquer pessoa e pode ocorrer a qualquer momento da vida. A doença normalmente progride de forma gradual, e os sintomas nem sempre são percebidos até que realmente necessite de tratamento. Para o tratamento da doença renal crônica em fase terminal é necessário optar por algum tipo de Terapia Renal Substitutiva (TRS). A Terapia Renal Substitutiva é o tratamento que exerce as funções dos rins que, quando doentes, não conseguem mais executar. A perda da função renal, não deve em hipótese alguma ser vista como um problema intransponível ou confundida com uma situação terminal de vida porque, uma vez diagnosticada, você pode optar por vários tratamentos. Este guia é dirigido a você portador de doença renal, e que necessita iniciar uma Terapia Renal Substitutiva e a seus familiares. Converse com seu médico nefrologista e procure mais informações sobre todas as opções de Terapia Renal Substitutiva. Escolha junto com seus familiares e a equipe clínica a melhor alternativa de tratamento para manter sua qualidade de vida. Conforme a legislação vigente (RDC/ANVISA/Ministério da Saúde – n°154/2004, republicada em 31/05/2006), é um direito do paciente ser informado sobre as diferentes alternativas de tratamento, seus benefícios, garantindo-lhe a livre escolha do método, respeitando as contra-indicações. O que os rins fazem normalmente? Os rins são órgãos em número de 2, na forma de grão de feijão, localizados na região lombar, dos dois lados da coluna vertebral, logo acima da linha da cintura. Os rins saudáveis atuam como uma equipe de limpeza do sangue durante as 24 horas do dia, exercendo diversas funções, principalmente: 1. Filtrar as substâncias tóxicas retidas no organismo.
2. Eliminar o excesso de água, através da urina. Além de metabolizar e eliminar os líquidos e alimentos ingeridos pelo organismo, os rins possuem funções complexas e indispensáveis para manter o funcionamento saudável do corpo, tais como: • Produzir uma grande variedade de hormônios que ajudam a fabricar células vermelhas do sangue, de forma que o oxigênio possa ser transportado por todo o corpo. • Produzir vitamina D na sua forma ativa para assegurar que os ossos sejam mantidos fortes e sadios. • Controlar a pressão sanguínea. Portanto, como você pode ver, quando os rins param de funcionar, o corpo pode ser afetado de várias formas. A maioria das pessoas com falência renal sentem-se mal antes de iniciar o tratamento. Os sintomas variam, geralmente incluem náuseas e vômitos, perda de apetite, coceira na pele, cansaço, inchaço nas mãos e tornozelos e freqüentes distúrbios do sono. Quais são as terapias de substituição renal? Apesar de ainda não existir a cura para a doença renal em fase terminal, estão disponíveis no Brasil a Hemodiálise e a Diálise Peritoneal como Terapia de Substituição Renal. Esses tratamentos são autorizados, regulamentados e subsidiados pelo SUS – Sistema Único de Saúde. Neste livreto abordaremos a “Diálise Peritoneal” e suas diferentes modalidades. Sobre os demais tratamentos consulte os outros livretos. Como realizar a diálise peritoneal? A diálise peritoneal pode ser realizada em casa, no trabalho, na escola ou mesmo durante sua viagem de férias. Ela utiliza uma membrana semipermeável que existe dentro do corpo, como um filtro natural. Este filtro é o peritônio, uma membrana que reste o abdômen. Ela envolve e protege os órgãos internos do corpo, sendo uma área ricamente vascularizada, ideal para realizar a diálise. Acesso Peritoneal: através de uma pequena cirurgia, um cateter (tubo flexível biocompatível) é implantado no abdômen e permite que a solução de diálise entre e saia da cavidade peritoneal. O cateter é permanente e indolor. Para a realização da terapia, a solução de diálise é infundida na cavidade peritoneal por meio de um cateter. Uma pequena parte do cateter fica externo ao abdômen, sendo o veículo de comunicação entre a cavidade peritoneal e as bolsas de solução de diálise. O volume de solução a ser infundido varia de acordo com a área de superfície corpórea do paciente, isto é, o tamanho de cada pessoa. A diálise acontece na presença da solução na cavidade peritoneal. O excesso de água e as substâncias tóxicas que saem do sangue, passam através da membrana peritoneal e ficam acumulados na solução de diálise. Após algum período (4 a 6 horas), a solução de diálise precisa ser trocada, por estar cheia de substâncias tóxicas e água. Quando isso ocorre, o líquido antigo é drenado e uma nova solução de diálise é infundida. A Diálise Peritoneal é um tratamento lento, natural e contínuo, realizado diariamente (nas 24 horas), assemelha-se ao funcionamento do rim. A remoção de líquido e toxinas ocorrem normalmente, sem intercorrências clínicas que necessitem de visitas e cuidados diários dos profissionais dos hospitais ou centros de diálise. Quais são as modalidade da Diálise Peritoneal Contínua Domiciliar? A Diálise Peritoneal pode ser feita manualmente pelo paciente durante o dia, denominada Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua – DPAC, ou com ajuda de uma pequena máquina cicladora. Essa modalidade é chamada de Diálise Peritoneal Automatizada – DPA. Os dois métodos de Diálise Peritoneal podem ser eficazes. Discuta com sua equipe clínica renal qual é o método mais indicado para você. Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua (DPAC) É uma alternativa da Terapia Renal Substitutiva que existe no Brasil desde 1980. A DPAC permite a realização da diálise no seu domicílio em todo o território nacional, sem restrição de raça, idade ou condição social. Antes de ingressar na DPAC: o paciente e seus familiares passam por um período de treinamento realizado pelo enfermeiro da Unidade de Diálise, durante o qual serão capacitados para realizar as trocas de bolsas de solução de DPAC, cuidados com o cateter e a identificar eventuais complicações que podem ocorrer no tratamento. A DPAC permite drenar e infundir por gravidade, a solução de diálise na cavidade peritoneal, usando bolsas plásticas conectadas ao sistema de equipo em “Y”. O sistema de DPAC O sistema de troca de bolsas de DPAC utiliza um equipo em “Y” conectado a 2 bolsas plásticas, uma vazia e outra contendo a solução de diálise. A bolsa cheia contendo a solução de diálise é infundida e a bolsa vazia é usada para drenar a solução antiga que estava na cavidade peritoneal. Da mesma forma que diversas doenças podem dar origem à perda total da função renal, o peso e a altura diferem de um paciente para outro e a prescrição de DPAC varia no número de trocas de bolsas e volume de solução a ser infundido. Normalmente, são realizadas 4 trocas de bolsas diariamente, que podem ser adaptadas aos horários e estilo de vida do paciente. O procedimento de troca leva aproximadamente 30 minutos, ou seja, as trocas podem ser feitas pela manhã antes de sair de casa, no almoço, à tardinha e à noite antes de dormir. No período de permanência da solução dentro do abdômen, aproximadamente 4 – 6 horas, a membrana peritoneal em contato com a solução de diálise atua como um filtro para o sangue. Após este período, uma nova troca de DPAC é realizada. Durante o período entre as trocas o paciente fica livre das bolsas, mantendo um pequeno equipo de transferência fechado, fixado e escondido em baixo das roupas. O que é a Diálise Peritoneal Automática (DPA) A Diálise Peritoneal Automatizada – DPA, foi regulamentada e custeada pelo SUS – Sistema Único de Saúde – em 1999. Essa diálise também é realizada no peritônio e consiste no uso da membrana peritoneal, do cateter flexível, de bolsas plásticas contendo solução de diálise peritoneal e uma máquina cicladora. A DPA, permite a realização da diálise no seu domicílio em todo o território nacional, sem restrição de raça, idade ou condição social. Antes de ingressar na DPA: O paciente, familiares e/ou outra pessoa indicada, passam por um período de treinamento, ministrado pelo enfermeiro da Unidade de Diálise. O enfermeiro especialista capacita-os para utilizar a técnica correta de conexão e desconexão do paciente, manipulação do sistema, manuseio da cicladora, cuidados com o cateter e identificação de eventuais complicações associadas à terapia. A DPA permite drenar e infundir automaticamente, a solução de diálise na cavidade peritoneal. O equipo cassete é utilizado para a infusão e o líquido drenado é levado diretamente ao ralo sanitário através de uma extensão de drenagem. O sistema de DPA O médico de equipe clínica renal prescreve a diálise peritoneal conforme as características do paciente: peso, altura e capacidade própria do peritônio em filtrar as toxinas para realização eficiente da DPA. A enfermeira da equipe insere na máquina cicladora do paciente, de acordo com a prescrição médica, os dados relativos a sua diálise: volume de infusão da solução de diálise, volume total da terapia e tempo total da diálise. Com base nos dados inseridos, a máquina de DPA monitora e controla automaticamente os ciclos da diálise peritoneal: número de infusões da solução, tempo de permanência na cavidade peritooneal e volume do líquido de cada drenagem. No procedimento de DPA todas as bolsas de solução que serão utilizadas na terapia são conectadas ao sistema que permite a infusão precisa de volumes que variam de 60 a 3000mL, graças ao uso da cicladora automática. Geralmente o paciente se conecta à máquina e inicia a diálise. A cicladora controla automaticamente a infusão, permanência e drenagem da solução, guardando na sua memória os registros das últimas terapias realizadas. Normalmente o volume de infusão da solução por ciclo para um paciente adulto é em torno de 2 litros e o volume total utilizado varia de 8 a 16 litros que podem ser infundidos de 8 a 12 horas durante a noite. Alguns pacientes podem ficar com a cavidade seca durante o dia, outros permanecem com o líquido na cavidade peritoneal. Em alguns casos se faz necessário o acréscimo de uma ou duas trocas manuais por dia. Benefícios da Diálise Peritoneal Contínua Domiciliar – DPAC e DPA • Preserva a função renal residual por mais tempo, promovendo uma melhor qualidade de vida, e remoção mais eficiente das substâncias tóxicas e de líquidos;
• Diálise mais lenta e estável, promovendo maior estabilidade cardíaca, maior controle da anemia e da pressão arterial;
• Maior liberdade e independência;
• Maior flexibilidade de horários para realizar a diálise;
• Menor necessidade de deslocamento para comparecer ao hospital ou à clínica de diálise para consultas mensais e exames laboratoriais;
• Menor necessidade de deslocamento para comparecer ao hospital ou à clínica de diálise para consultas mensais e exames laboratoriais;
• Possibilidade de retorno das atividades profissionais, escolares e do lar, bem como de lazer (ir à praia, andar de bicicleta, jogar bola, etc.);
• Maior convívio social e familiar devido ao tratamento domiciliar;
• Maior possibilidade de desenvolvimento físico nas crianças;
• Via de acesso permanente e indolor devido à flexibilidade do cateter peritoneal;
• Maior liberdade para passeios e viagens longas. Benefícios relacionados principalmente à Diálise Peritoneal Automatizada – DPA • Redução do número de trocas ao dia;
• Ciclos de diálise controlados automaticamente, permitindo maior precisão e segurança
• Possibilita a prescrição de pequenos e grandes volumes de infusão. Intercorrências e limitações da Diálise Peritoneal – DPAC e DPA
• Risco de infecção peritoneal (peritonite) devido a alterações no procedimento da técnica de troca de bolsas e/ou cuidados precários com o cateter;
• Dependências de familiares ou outras pessoas para a realização das trocas no caso de limitações motoras e visuais do paciente;
• Possibilidade de ganho de peso;
• Necessidade de espaço para estocar o material em casa. Vivendo com a Diálise Peritoneal A Diálise Peritoneal Domiciliar é uma opção dialítica para quase todos os pacientes com a Doença Renal Crônica. Muitos paciente em Diálise Peritoneal retornam às suas atividades sociais e profissionais. A equipe clínica renal pode orientar o paciente em relação aos diferentes locais de troca (trabalho, escola, domicílio). Desde que o local esteja limpo, as trocas de bolsas de DPAC podem ser realizadas e os pacientes em DPA podem carregar sua máquina cicladora para o local de férias. Provisoriamente, os pacientes em DPA podem desejar mudar para DPAC durante sua estada longe de casa ou em circunstâncias especiais. Não é necessário procurar outro centro de diálise se desejar ou precisar viajar. A Baxter possui o Travel Club que está disponível para assegurar a entrega do seu material na localidade que você indicar suas férias. Esportes e exercícios são importantes também para os pacientes em Diálise Peritoneal, e todos são encorajados a ter uma atividade física. Recomenda-se sempre seguir orientação da equipe clínica antes de iniciar uma nova rotina de exercícios. Como em qualquer doença crônica, podem existir momentos em que os pacientes se sintam cansados em realizar a diálise. O mais importante é lembrar que nunca se está sozinho. A doença renal acomete várias pessoas em toda a parte do mundo e sempre existirá uma equipe clínica especializada pronta para dar suporte e orientação, tanto para os pacientes como para seus familiares. A diálise Peritoneal é um tratamento simples e flexível. Qualquer modalidade escolhida, DPAC ou DPA, é de fácil aprendizado e logo se torna parte de uma rotina diária. Muitos pacientes são capazes de levar uma vida completamente independente, longe do ambiente hospitalar e se sentem seguros porque sabem que, caso necessitem, sempre há ajuda e orientação de profissionais especializados. Serviços de suporte na Diálise Peritoneal Contínua Domiciliar A Baxter Hospitalar Ltda. disponibiliza para todo o território nacional, sem custo para o paciente, um serviço mensal de entrega domiciliar de todos os produtos que compõem a Diálise Peritoneal – DPAC e/ou DPA. As entregas normalmente são programadas e feitas mensalmente de forma que nunca falte o material na residência do paciente. O entregador é treinado para empilhar e armazenar as caixas dos materiais em local seguro, livre de umidade e no local indicado pelo paciente e/ou familiar. A equipe clínica deve orientar sobre a armazenagem e descarte adequados do material durante o treinamento e/ou na visita domiciliar. A Baxter oferece o SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente, um grupo de profissionais que acompanham o envio e recebimento das bolsas prescritas. Através de uma linha telefônica gratuita os pacientes, em horário comercial, podem obter informações da data de entrega do seu material. A Baxter também chega à sua casa através da linha telefônica gratuita para esclarecer e resolver dúvidas e/ou problemas operacionais do funcionamento de sua máquina cicladora, disponibilizando profissionais especializados, 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive sábados, domingos e feriados. DDG: 08000 12 55 22 Como obter sucesso na Terapia Renal Substitutiva Através desse guia de orientação você pode notar que apesar de apresentar um Doença Renal Crônica e necessitar de cuidados específicos, o paciente conta com muitas alternativas de tratamento substitutivos para a falência renal. Na Diálise Peritoneal, o comprometimento com as trocas de bolsas, o controle do volume de drenagem e os cuidados com o local de saída do cateter são a chave do sucesso da terapia. Discuta com a Equipe Clínica Renal as opções de diálise peritoneal – DPAC e DPA. Avalie o desejo de independência, motivação e procure decidir qual a modalidade que mais se adapta ao estilo de vida do momento em que o paciente se encontra. Lembre-se, a Terapia Renal Substitutiva deve ser vista como um cuidado integrado entre as modalidades. Estilo de vida, convívio social e apoio familiar devem fazer parte da escolha da opção dialítica. Jamais esqueça que o sucesso da terapia depende de você.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário