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sábado, 30 de julho de 2011

Mulheres buscam barrigas de aluguel em países pobres

Programa da BBC acompanhou mulher irlandesa durante a gravidez 'encomendada' na Índia

Mulheres ocidentais buscam mães de aluguel em países como a Índia, como alternativa aos altos custos e às leis rigorosas sobre os procedimentos de barriga de aluguel na Europa e nos Estados Unidos.
BBC
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Em países em desenvolvimento como Índia o procedimento é reconhecido e pode ser remunerado
A barriga de aluguel é completamente proibida em países europeus como Itália, França e Alemanha. No Reino Unido e na Irlanda, somente a mãe que dá à luz a criança é reconhecida pela lei.
Já em países em desenvolvimento como Índia e Ucrânia, e em alguns estados americanos, o procedimento é reconhecido e pode ser remunerado.
O programa Your World, do Serviço Mundial da BBC, acompanhou a história da irlandesa Carolina, que fez fertilização in vitro e contratou a indiana Sonal como barriga de aluguel, através de uma clínica especializada na Índia.
Oportunidade
Sonal, de 26 anos, deu à luz uma criança que ela nunca verá. "Eles levaram o bebê assim que ele nasceu", disse à equipe da BBC.
"Eu estava inconsciente quando ela nasceu, por isso não a vi. Quando eu acordei, perguntei a minha mãe o que havia acontecido e ela me disse que era uma menina."
Sonal é da província de Gujarat, à oeste da Índia. Ela passou os últimos meses na clínica Akshanka, na cidade de Anand, longe de seu marido e de seus dois filhos.
Seu marido é um vendedor de vegetais e ganha cerca de 1.500 rúpias (R$ 53) por mês. O salário não é o suficiente para pagar pela educação que Sonal quer dar a seus filhos. Esta é sua segunda barriga de aluguel, pela qual ela ganhará 300 mil rúpias (cerca de R$ 10 mil).
"Eu serei feliz logo. Eu terei uma casa e viverei confortavelmente com meus filhos. Eu irei educá-los", diz.
Os pais biológicos do novo bebê vivem a 7 mil quilômetros, na Irlanda. Carolina, de 21 anos, foi diagnosticada com câncer de colo do útero, e teve esta parte do sistema reprodutor removida.
Ela disse à BBC que os médicos garantiram que ela poderia engravidar, mas ela não conseguiu chegar ao fim de nenhuma gestação.
"Mesmo antes de ter câncer eu queria ter um bebê. Quando você tem uma doença e essa chance é tirada de você, você passa os primeiros anos pensando 'o que eu vou fazer?'. E antes que você se dê conta já passaram cinco anos, dez anos e você perdeu a oportunidade."
Estigma social
Segundo especialistas, o mercado de barrigas de aluguel, que foi legalizado na Índia em 2012, deve gerar cerca de US$ 2,3 bilhões (R$ 3,4 bilhões) até 2012. No entanto, o procedimento ainda causa controvérsia no país.
Sonal diz que, inicialmente, seu marido não queria que ela participasse de um programa de barriga de aluguel.
"Ele disse que estas coisas não são aceitáveis em nossa sociedade, mas eu o convenci."
"Quando tive meu primeiro bebê de barriga de aluguel, eu o alimentei por três dias, parecia que era meu filho. Desta vez, quando eu der meu bebê para Carolina será como se estivesse dando um filho meu para outra pessoa, mas depois irei me convencer de que era o filho dela e eu a estuo devolvendo ele. Quando ela tiver ido embora eu terei que esquecê-la", disse Sonal.
Apesar do apoio da mãe de Sonal, o casal evitou dizer aos sogros dela, que eles saviam que não iriam aprovar - para os indianos, carregar o filho de outra pessoa é como cometer adultério.
A especialista em fertilização in vitro Nayna Patel, que administra a clínica Akshanka, está ciente das críticas feitas a esta prática, mas se preocupa em negar a ideia de que as mães de aluguel são exploradas.
"Quando você vê um bebê nas mãos de um casal que é infértil e já tentou diversos tratamentos e você vê a mãe de aluguel, que vestia trapos e agora tem uma casa e pode pagar a educação de seus filhos, você não se incomoda com nenhuma crítica", diz Patel.
Desentendimentos
Carolina e Sonal mantiveram um bom relacionamento durante a gravidez, mas quando o bebê nasceu, tiveram desentendimentos.
Por causa de complicações, o recém-nascido foi levado imediatamente para um hospital perto da clínica, e Sonal não teve permissão para vê-la.
"Estou triste porque sinto que os esforços que fiz nos últimos nove meses foram um desperdício. Carolina diz que eu não posso ajudá-la a cuidar do bebê, que ela vai ter uma babá", disse a indiana.
Quando Carolina pediu a Sonal que enviasse leite materno para o bebê, a mãe de aluguel se recusou.
"Eu disse: 'Se você pode conseguir alguém para cuidar da criança, você também pode encontrar alguém para alimentá-la. Por que não posso viver com meu bebê?"
Mas Carolina diz que a decisão foi justificada. "Serei eternamente grata a Sonal pelo que ela fez, mas achei que era preciso ter uma quebra de laços", disse a mãe irlandesa.

Fonte Estadão

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