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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Anvisa recua e propõe manter sibutramina

Novo relatório de técnicos ainda precisa passar pela aprovação da diretoria colegiada

Depois de seis meses de debate, técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltaram atrás e decidiram recomendar a manutenção da sibutramina, remédio usado para emagrecimento, no mercado brasileiro.

Em relatório apresentado ontem para membros da Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme) da agência, a equipe manteve a decisão de indicar a proibição apenas das drogas dietilpropiona, femproporex e mazindol.

O documento propõe que a sibutramina continue no mercado, desde que sejam respeitadas algumas condições: a droga não pode ser prescrita por um período superior a 60 dias, o paciente tem de ter índice de massa corpórea (IMC) acima de 30 e ele também terá de assinar um documento em que confirma estar ciente de todos os riscos.

A nova versão do relatório será apresentada para diretores da agência, a quem caberá decidir o destino dos emagrecedores no País. Pela praxe, a diretoria colegiada - formada pelos quatro diretores da Anvisa - segue a recomendação do relatório técnico.




Surpresa. Ontem, integrantes da Cateme afirmaram terem sido surpreendidos e se mostraram indignados com as novas indicações. A Cateme foi a responsável pelo primeiro relatório apresentado pela Anvisa, em fevereiro, recomendando a proibição do uso de todas essas drogas.

"Pensávamos que íamos colocar uma pá de cal nessa discussão e tirar de uma vez por todas esses medicamentos do mercado. Ficamos chocados com a proposta da equipe da Anvisa", afirmou um dos membros.

"A Cateme não concorda em nada com essa nova proposta. Uma das justificativas apresentadas para a manutenção da sibutramina foi ter mais rigor na prescrição. Mas quem vai controlar se só vão prescrever para pacientes com IMC maior do que 30?", questionou Elisaldo Carlini, também membro da Cateme.

Ontem, em votação unânime, a Cateme foi contrária ao parecer do grupo técnico. O voto será encaminhado aos diretores. "Nossa esperança é que esse posicionamento faça com que a diretoria pense duas vezes antes de acatar o parecer da equipe técnica", afirmou outro membro.

Riscos e benefícios. A equipe da Anvisa foi questionada sobre as razões da mudança de postura em relação aos emagrecedores. No início do ano, o mesmo grupo defendeu a retirada desses remédios - e a sibutramina era a vilã. O argumento era de que os riscos superavam os benefícios. Essa convicção foi mantida mesmo depois das duas audiências públicas realizadas pela Anvisa para ouvir especialistas e a sociedade.

No último encontro, em entrevista ao Estado, a chefe do Núcleo de Notificação da Anvisa, Maria Eugênia Cury, afirmara: "Nenhum argumento ouvido nos encontros trazia um fato novo que mereceria a mudança do parecer". Ontem, Maria Eugênia foi questionada sobre qual seria o fato novo. A resposta foi: "Uma decisão da equipe técnica".

O presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, Durval Ribas Filho, considerou a vitória parcial. "É preciso esperar a decisão da diretoria colegiada da Anvisa. Mas o ideal seria que todos os remédios continuassem no mercado." Ricardo Meirelles, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia concorda. "Não é o melhor dos mundos, mas seria insensato proibirem a sibutramina", afirmou.

Fonte Estadão

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