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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Tecnologia: Entrevista - Mente Colaborativa

Apaixonado pelas transformações positivas da tecnologia na entrega de cuidados de saúde em economias emergentes e desenvolvidas, o gerente geral mundial de Saúde da Microsoft Neil Jordan acredita no potencial do Brasil no segmento. Mestre em antropologia biológica pela Universidade de Cambridge, o executivo ingressou na companhia há 7 anos, depois de uma trajetória de sucesso na IBM, na Inglaterra. Na bagagem, ele traz um olhar apurado às necessidades do setor em TI, cuja capacidade maior é conectar pessoas, além de informações e processos no ecossistema de saúde

Responsável por articular a visão da Microsoft para o futuro da Tecnologia da Informação (TI) nos cuidados em saúde, seus produtos, tecnologias e soluções, o gerente geral mundial de Saúde da Microsoft Neil Jordan defende uma perspectiva colaborativa na construção de sistemas e equipes.

Nascido no Reino Unido, mestre em antropologia biológica da Universidade de Cambridge, há sete anos ele atua na divisão mundial de saúde da Microsoft, sendo que durante três anos foi  o chefe da Saúde para a Microsoft do Reino Unido, liderando a equipe local no Serviço Nacional de Saúde (NHS) na Inglaterra, durante a implementação do Programa Nacional de TI.

Entre seus méritos e interesses, está medir e provar o valor das economias de saúde, vitais para garantir benefícios gerados a partir de recursos aplicados em soluções de tecnologia significativamente superiores aos que derivam gastando o mesmo orçamento em procedimentos, pessoal e medicamentos.

Antes de ingressar na Microsoft, Jordan trabalhou sete anos na IBM Corp atuando em vários mercados, especialmente no de telecomunicações e provedores de serviços de internet. Antes, passou um tempo dedicado à construção de aplicações de saúde no Reino Unido para o NHS, enquanto dividia-se com outra paixão: a música clássica, já que foi cantor profissional. E a mesma fibra e encanto que levou aos palcos, ele direciona às suas estratégias em TI e saúde no mercado global.

FH: Quando se fala sobre TI em Saúde, a palavra do momento tem sido Colaboração. Colaboração entre médicos, cuidadores, profissionais de saúde, entre serviços públicos e privados, entre educadores de saúde, etc. Como você avalia a colaboração dentro do mercado de saúde e seus impactos na entrega do serviço?Neil Jordan: Acreditamos que o ambiente de TI em saúde deve ser abordado com uma equipe baseada numa mente colaborativa, já que é impossível prestar cuidados de saúde de alta qualidade sem isso. Tecnologia em saúde tem sido, em grande parte, preenchida com sistemas transacionais. No entanto, com a digitalização de informações, há agora a capacidade de conectar pessoas, informações e processos em todo o ecossistema de saúde. Por exemplo, compartilhando conversas de vídeo e material de educação continuada em tempo real, uma forma mais ágil e de custo eficaz para gerenciar os cuidados na saúde.

FH:Em todo mundo, os desafios em saúde são o mesmo: melhorar a qualidade da assistência a um custo menor e mais acesso aos serviços. Ferramentas de TI tornaram-se essenciais para promover essa mudança, mas, em alguns lugares, parece distante a realidade do uso significativo delas na integração das informações. A indústria de TI parece ter a soluções para atender a demanda, mas somente há alguns exemplos em funcionamento. Como você avalia isso?

NJ: A entrega dos serviços de saúde ainda é um negócio local, com base nas necessidades linguísticas e culturais. Não existe uma maneira totalmente padronizada de provê-la, apesar de aumentar a padronização quando se trata de processo e ajudar a construir a linguagem para uma uniformização. No Brasil, por exemplo, nosso trabalho contínuo tem sido focado no fornecimento de uma solução que atenda tanto as necessidades culturais quanto linguísticas do país.

FH:Informações centradas no paciente emergem como o futuro da TI em saúde e o centro da integração entre os players. No Brasil, a maior parte dos investimentos ainda são em soluções de ERP ou sistemas focados em dados financeiros, em negócios, não nos pacientes. Mesmo nos EUA, o Registro Médico Eletrônico ainda não é tão utilizado como deveria. Você acredita que este uso traduzirá uma evolução no mercado de saúde?NJ: Sim, estamos absolutamente de acordo que este é o futuro dos cuidados em saúde. No entanto, o valor real vem dos sistemas do tipo colaborativo que não só irão melhorar a qualidade da gestão de saúde, mas também a prevenção e gestão de doenças – esta é a fórmula vencedora. Para atingir esse esforço holístico, os pacientes precisam se envolver e a única maneira de conseguir isso é digitalizar o conteúdo.

FH:Lidar com os doentes crônicos e com a população idosa, sobretudo para evitar o explosivo aumento de custos na saúde é outro desafio global. Neste sentido, a telemedical home surge como uma tendência em saúde. Como você vê o futuro no atendimento a esses pacientes com o uso da TI?
NJ: Vemos a TI e a saúde conectadas como uma receita para o futuro. Envolver os pacientes no gerenciamento de sua própria saúde e simplificar como o gerenciamento de casos é feito são essenciais. Recebendo pacientes integrados à gestão da sua própria saúde, bem como a racionalização do gerenciamento de casos é feito é essencial. Tornando as informações de fácil acesso e utilização, multiplicamos o seu valor para as pessoas – desde a pesquisa à assistência a gestão em casa. Sintomas se tornarão muito mais pessoais. Por exemplo, usando o Xbox Kinect para os esforços de reabilitação não só se evita que o paciente viaje até um consultório médico como reduz os custos e aumenta a qualidade da gestão de vida dentro do ambiente doméstico.

FH:Muitas empresas de TI têm focado ações na área pública de saúde, e a Microsoft também tem soluções na área. O que torna o setor público tão atraente? São políticas como a dos EUA que promoverão a transformação no uso do TI?NJ: Vemos um monte de oportunidades no setor público. Para a Microsoft, nosso objetivo é simples – melhorar a saúde em todo o mundo através da inovação de software. Em mercados altamente comercializados como os EUA e o Brasil, saúde e cuidados com saúde são questões importantes e algo que os governos tomam com forte ponto de vista político. Estamos trabalhando com constituintes relacionados à saúde – por parte dos governos para a indústria e indivíduos para transformar positivamente a saúde e a gestão em saúde.

FH: Como você avalia a evolução do projeto americano de incentivo ao uso da TI pelo setor de saúde? Os desdobramentos têm sido suficientes para a levar a questão a outro nível?NJ: O projeto norte-americano, parte do ARRA (American Recovery and Reinvestment Act, de 2009) é uma iniciativa política conduzida pela administração Obama, com o objetivo de mover o setor de saúde para registros de saúde digital. O uso de padrões significativos e critérios fazem sentido como os registros de saúde digital expandidos aos pacientes. Setenta e cinco por cento dos gastos em saúde vão para o gerenciamento de doenças crônicas. Precisamos encontrar um equilíbrio e foco na prevenção e as pessoas estão sendo motivadas na gestão de sua própria saúde. Saúde é entregue no local, no entanto, é necessária a criação de padrões baseados em redes de cuidados de TI em saúde, o que poderia em última análise vir a ser integrado a uma rede nacional em algum ponto. Embora precisemos começar localmente, em primeiro lugar, em vez de tentar construir um sistema nacional. 

FH: Muito tem se falado em Cloud Computing na saúde, e há uma intensa discussão sobre a segurança das informações. Como tem sido a experiência de vocês na área? A atenção é redobrada em função da sensibilidade dos dados?NJ: Sim, estamos prestando uma atenção extra para a segurança das informações de saúde. Segurança da informação, seja ela baseada em nuvem ou não, é fundamental para a Microsoft e nós fornecemos uma infraestrutura segura nas soluções e tecnologias que oferecemos. Por exemplo, com o BitLocker Drive Encryption podemos assegurar a proteção da informação num evento em que o computador seja roubado. Quanto à informação baseada em nuvem, há casos em que os dados não estão residentes no país onde se originaram, e nós continuamente trabalhamos para cumprir os regulamentos em cada um dos países onde realizamos negócios. Por exemplo, o Texas Health and Human Services apenas migrou para o Office 365 quando encontrou tanto a privacidade do paciente e as leis HIPAA [Health Insurance Portability and Accountability Act]. No Brasil, as soluções baseadas em nuvem estão disponíveis via Windows Azure, e estamos trabalhando para ajudar o governo e as organizações locais a entenderem quais cargas de trabalho seriam facilmente movidas para a nuvem.

FH:Comparando com o cenário atual, como você vê o setor de saúde nos próximos 10 anos em relação ao uso da TI? Quais serão os próximos passos a avançar?NJ: Transformar toda a informação que está sendo digitalizada em informações úteis e conhecimento a todo o ecossistema de saúde. O próximo passo é dar às pessoas o acesso às ferramentas para fazerem uso desta informação em um nível pessoal. Vemos também o crescimento das tecnologias de Interface de Usuário Natural (NUI) que trará toque, movimento e voz, como fundamentais para a adoção generalizada nas soluções de TI em cuidados de saúde. Tornando as informações de fácil acesso e utilização, multiplicamos seu valor para as pessoas em pesquisas, cuidados e na gestão doméstica da saúde.

FH:Falando da Microsoft, o que podemos esperar da companhia na área de saúde, sobretudo no Brasil?  NJ: As clínicas de saúde pública no Rio de Janeiro tiveram sucesso criando infra-estruturas ligadas em curso. A taxa de aquisição rápida de hospitais por companhias de seguros está criando uma indústria menos fragmentada. Estamos prestando muita atenção e realmente animados sobre o futuro da saúde no Brasil.

Fonte SaudeWeb

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