Falta de reajuste no valor das operações motiva o movimento em 16 Estados; no Rio, a crise está perto de um impasse
Cirurgiões cardiovasculares que operam em hospitais privados e filantrópicos ameaçam rescindir contrato com planos de saúde a partir de 8 de agosto, no Rio. A categoria alega que há oito anos não há reajuste. A suspensão das cirurgias atinge o Bradesco Saúde e Geap, além de planos de autogestão, como Banco Central e Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae).
Em 2010, em movimento semelhante, os cirurgiões ameaçaram deixar de operar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Conseguiram reajuste.
"Esses planos pagam muito abaixo do SUS. Alguns chegam a pagar R$ 750 para uma equipe inteira. Minha equipe recebeu pelo procedimento de troca de válvula R$ 459. Isso é pagar para trabalhar", afirmou Ronald Souza Peixoto, presidente da CardioCoop, cooperativa que reúne os cirurgiões que atuam no Estado. As urgências serão atendidas.
Segundo Peixoto, outros planos fecharam acordo, como Assim, Amil, Golden Cross, Unidas (que reúne empresas de autogestão). As negociações com a Unimed avançam.
Outros Estados. Em São Paulo, onde as cirurgias cardiovasculares são realizadas em 42 cidades, as negociações não foram interrompidas. "A maior parte dos convênios quer pagar valores da tabela da Associação Médica Brasileira, de 1990, que foi substituída em 2004 pela Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos", critica Maurício Galantier, presidente da cooperativa de São Paulo.
O presidente da Federação Brasileira das Cooperativas dos Cirurgiões Cardiovasculares, Sidnei Narbeli, informa que o movimento por reajustes atinge 16 Estados. "Na Bahia, suspendemos todos os convênios há oito anos. Alguns renegociaram. Outros esperam que os beneficiários obtenham liminares, porque não têm autonomia para negociar regionalmente, como o Bradesco. Por esse método, há mais burocracia para o paciente, mas a resolução sai em dois ou três dias", afirmou. Segundo Narbeli, os planos ofereceram pagar 30% do que desembolsam quando há determinação judicial.
Em nota, a Federação Nacional de Saúde Suplementar, que reúne 15 dos maiores grupos de operadoras de planos de saúde, entre eles o Bradesco, afirmou que "suas afiliadas estão entre as que pagam os maiores honorários aos médicos", com reajuste do valor das consultas superior à variação do (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA).
Geap, Caixa de Assistência da Cedae (CAC) e Banco Central informaram que não receberam nenhum tipo de comunicado de paralisação dos cirurgiões cardiovasculares.
Fonte Estadão
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