Ar seco tem levado mais pacientes às instituições privadas; atendimento pode demorar até 3 horas
Doenças respiratórias como rinite, faringite e crises alérgicas têm aumentado por conta do tempo seco e levado mais pacientes aos prontos-socorros dos hospitais privados da cidade. A procura por consultas de emergência também tem atrasado o atendimento. O tempo de espera, que costuma ser em média de 30 minutos, agora pode chegar a 3 horas.

DANIEL TEIXEIRA/AE
Previsão de espera de mais de 2 horas para ser atendida no Hospital São Camilo, no bairro da Pompeia, irritou ontem a administradora Cecília Calovini.
Procurados ontem pelo Jornal da Tarde, os hospitais São Camilo, Paulistano, Santa Catarina e Oswaldo Cruz confirmaram um aumento médio de 30% no número de atendimentos por conta da baixa umidade do ar. O número coincide com a estimativa da Secretaria Estadual da Saúde para os postos de saúde de todo o Estado pelo mesmo motivo.
"O inverno modifica a condição atmosférica e a junção entre frio, ar seco e poluição compromete as vias aéreas de qualquer pessoa, alérgicas ou não", explica o pneumologista Clystenes Odyr Soares Silva, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Estudos apontam que cerca de 10% da população têm doenças respiratórias, uma estimativa de pouco mais de 1 milhão de pessoas alérgicas na capital. "Se 20% delas passarem mal por conta do tempo seco, já serão 200 mil pessoas a mais nos hospitais."
Sempre que precisa de um médico, a analista financeiro Fernanda Pellegrino, de 33 anos, vai ao mesmo hospital. Anteontem, as cadeiras da sala de espera estavam todas ocupadas e 18 pessoas aguardam pelo atendimento em pé. "Cheguei ao meio-dia e fui atendida só às 15h. Nunca tive crises alérgicas, mas estava com uma dor de cabeça muito forte."
A administradora Cecília Calovini, de 48 anos, foi ontem ao Hospital São Camilo, na zona oeste, com crise de rinite. Só não contava com a espera de 2 horas para ser atendida. "A gente paga convênio e não é nada barato e tem de ficar plantado aqui", reclamou.
A estudante Thais Brandão Curto, de 19 anos, também aguardava atendimento no mesmo hospital havia quase 2 horas e se queixava "de muita dor de garganta". A suspeita, disse Thais, era de que fosse caxumba. "Ela passou pela triagem e como está com suspeita de uma doença viral, o correto seria não ter contato com outras pessoas", observou Cátia Curto, de 50 anos, mãe da estudante.
Outra paciente que não quis se identificar contou que paga mais de R$ 1 mil de convênio e esperou por 2h40 para ser atendida. Questionados, profissionais do São Camilo disseram estar atendendo com seis clínicos, o número normal de médicos na emergência.
Também por conta de uma forte crise de rinite, o empresário Osmar Henrique dos Santos, de 29 anos, foi à unidade Santana (zona norte) do Hospital São Camilo. Como a previsão de espera era de 2h30, ele resolveu ir ao Hospital Paulistano, no centro. "Aguardei 1h30 pela consulta."
A alergologista do Hospital Santa Catarina Fabiana Hashimoto diz que as partículas que ficam em suspensão no ar nessa época podem desencadear crises alérgicas até em pessoas que nunca tiveram a doença.

















Fonte Estadão
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