As peças estão expostas no saguão de entrada do instituto, bem ao lado do colorido mosaico em pastilhas de vidro do destacado artista plástico brasileiro Homero Britto, que inspira à vida. Mas, ao contrário dessa arte, as criativas peças publicitárias induziram milhares de pessoas ao vício do cigarro, o que, mostra a ciência, tem várias sequelas como enfisema pulmonar e câncer.
Nos cartazes, marcas de cigarros que existiam no mercado ou ainda à venda estão entre os dedos de artistas de cinema famosos da época ou sugeridas por imagens de profissionais de saúde ou de ídolos do esporte. Entre as figuras, estão a do ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, nos tempos em que era um galã das telas de cinema; a do ator e cantor Frank Sinatra; a da comediante Lucille Ball, da série I Love Lucy; e a de John Wayne. Com este último, a indústria do tabaco vendeu a ideia de que se o destemido astro do faroeste era um consumidor de cigarro quem lhe seguisse no mesmo hábito poderia vir a ser tão forte e bonito quanto o ator.
Nem o principal protagonista das vendas de Natal, Papai Noel, escapou da estratégia de agarrar o consumidor pela emoção. Além dele, aparecem vendendo cigarros bebês com bela aparência, gordinhos e de olhos azuis. No entanto, em meio a essas peças, também estão os cartazes de alerta entre os quais a de uma modelo negra, que traz na garganta um aparelho respirador. A mensagem associada à imagem da modelo diz que, ao contrário do que possa parecer, o que a moça traz na garganta não é um enfeite e sim um aparelho para ajudar a minimizar os efeitos de um câncer.
A primeira mostra foi realizada em 2007, quando uma equipe de médicos da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, decidiu expor a coleção que pertence ao Instituto Smithsonian de Washington. As peças foram expostas naquele ano em São Francisco, Boston, Nova York, na Filadélfia e em Nova Orleans. A coleção original faz parte do Smithsonian.
Segundo o pneumologista Gustavo Prado, do Icesp, além de influenciar adultos, esse marketing agressivo atinge as pessoas na passagem da adolescência para a idade adulta. Ele destacou que, com isso, muitos, já viciados desde jovens, querem, mas não conseguem largar o cigarro por causa da dependência química provocada pela nicotina presente na folha de fumo.
Dados do Icesp indicam que 60% dos fumantes diagnosticados com câncer não conseguem parar de fumar mesmo após descobrirem a doença, e 35% dos pacientes, ou um em cada três, afirmam ser tabagistas no momento em que ingressam na unidade para fazer o tratamento.
“O uso do tabaco é uma doença classificada pela Organização Mundial da Saúde [OMS], mas tem tratamento disponível na rede pública”, alertou Prado. O hábito de fumar pode levar a diversas doenças cardiovasculares e respiratórias, além de ser um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer. Estima-se que 30% das mortes de pacientes oncológicos tenham sido causadas pelo consumo de tabaco.
Mesmos aquelas pessoas que não fumam, mas vivem sob o mesmo ambiente dos fumantes, estão sujeitas às doenças. Com as recentes medidas de restrição ao uso dos cigarros, o especialista acredita que, no futuro, as estatísticas que apontam casos de doenças originadas pelo contato com o tabaco tendem a diminuir.
De acordo com artigo dos médicos Stella Martins e Paula Santos, do Instituto do Coração (InCor), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, nos últimos 19 anos, o número de fumantes no país caiu de 33% para 17% da população.
Fonte Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário