Causas mais comuns da surdez congênita são as mutações genéticas que promovem alterações nas células do ouvido interno
Para a criança que tem deficiência auditiva detectada antes dos seis meses de idade, os recursos médicos e fonoterápicos ecoam esperança. Quando aliados, eles conseguem proporcionar aos pequenos uma qualidade de vida muito próxima à de meninos e meninas que escutam os sons perfeitamente.
Embora reconhecido mundialmente como uma triagem fundamental para se chegar a um diagnóstico precoce da surdez, o teste da orelhinha tornou-se obrigatório no Brasil somente em agosto de 2010. Segundo especialistas, muitos hospitais públicos e particulares ainda não dispõem da aparelhagem para realizá-lo.
Na população em geral, a deficiência auditiva atinge de um a seis bebês a cada mil nascimentos. Diversos fatores provocam a surdez infantil. Quando estão envolvidos indicadores de risco — histórico de deficiência auditiva na família, doenças na gravidez (rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, herpes, sífilis), prematuridade e permanência na UTI — a incidência aumenta para um caso a cada 50 nascimentos.
Segundo o otorrinolaringologista Marcelo Toledo Piza, as causas mais comuns da surdez congênita são as mutações genéticas que promovem alterações nas células do ouvido interno. Tais estruturas transformam o som em impulso nervoso, permitindo que o cérebro reconheça os estímulos sonoros. Menos comum, mas tão graves quanto, são as causas da deficiência auditiva depois do nascimento. Inflamações no ouvido, viroses e males como a meningite podem gerar o transtorno.
— O teste é um exame de triagem. Se alguma alteração for detectada, a avaliação deve ser refeita. Se a anormalidade persistir, exames diagnósticos devem ser realizados o quanto antes por um fonoaudiólogo — orienta o médico.
A impossibilidade de escutar o que se passa ao redor traz prejuízos sérios à oralidade e ao desenvolvimento cognitivo. Sem poder contar com os recursos atuais, até o início do século passado, os surdos eram internados em manicômios. As próteses auditivas e os implantes transformaram a realidade de quem consegue o diagnóstico e o tratamento precoces.
— A triagem auditiva neonatal universal (Tanu) é fundamental para que intervenções médicas e terapêuticas possam minimizar, ao máximo, a limitação. Indivíduos com indicadores de risco para a surdez devem ser monitorados, ou seja, testados por mais tempo — aconselha Martin Ptok, do Hannover Medical School, na Alemanha.
O pesquisador garante que todas as evidências científicas apontam que, quanto antes a deficiência auditiva for detectada e tratada, melhor o desempenho que o indivíduo terá na linguagem.
Reabilitação e reaprendizado
Quando o paciente perde grande quantidade de células do ouvido interno, as próteses auditivas não trazem benefício e a indicação passa a ser a cirurgia para implante coclear.
— Esse dispositivo estimula as fibras do nervo auditivo. Se o diagnóstico não for tardio, o atraso no desenvolvimento infantil é mínimo. O cérebro tem plasticidade. Porém, esse benefício é mais bem aproveitado quando o problema é remediado antes dos seis meses de idade. A fonoterapia também deve ser iniciada nessa fase — acrescenta o médico Marcelo Piza.
A fonoaudióloga e neurocientista Valéria Reis do Canto Pereira reforça que a orelhinha deve ser testada até a alta hospitalar. Confirmado algum problema, exames comportamentais e eletrofisiológicos são recomendados. O objetivo é descobrir o que promoveu a surdez, caracterizar o seu tipo e o grau e saber se a perda auditiva acomete um ou os dois ouvidos. A partir daí, é determinado o tipo de intervenção.
— Não adianta fazer a triagem, constatar o problema e não interferir. A deficiência auditiva nos primeiros meses de vida é muito sutil, os pais não a percebem. Por isso, a triagem é importantíssima. Quanto mais cedo intervirmos, menor o prejuízo e maior o sucesso das terapias fonoaudiológicas — enfatiza Valéria.
A reabilitação pode entrar em cena antes mesmo da colocação da prótese ou da cirurgia do implante coclear. Os fonoaudiólogos usam técnicas que estimulam a criança a desenvolver tanto as habilidades auditivas quanto a linguagem oral.
— O implante não é mágico. É essencial que o paciente aprenda a ouvir e a responder a tal estímulo. Isso é incansavelmente trabalhado com brincadeiras que fazem as crianças perceberem que o mundo é sonoro — explica a mestre em clínica fonoaudiológica e especialista em deficiência auditiva Ângela Alves.
Segundo ela, o desafio é ensinar os pequenos a detectar, distinguir, reconhecer e compreender os sons. A conquista do desenvolvimento da audição e da capacidade de se expressar oralmente é certa, porém gradativa. Os pais devem ser parceiros dos fonoterapeutas, participando da terapia e aplicando em casa as técnicas ensinadas na clínica.
— Ninguém escolhe ter um filho surdo. Mas lutar para que essa criança supere a limitação e fique em situação muito semelhante à de uma pessoa não afetada por esse tipo de deficiência é, sim, uma escolha. Todas as crianças têm o direito de desenvolver a comunicação oral. Para os surdos, isso é possível com a intervenção médica e a fonoterapia — sustenta Ângela.
Fonte Zero HoraEmbora reconhecido mundialmente como uma triagem fundamental para se chegar a um diagnóstico precoce da surdez, o teste da orelhinha tornou-se obrigatório no Brasil somente em agosto de 2010. Segundo especialistas, muitos hospitais públicos e particulares ainda não dispõem da aparelhagem para realizá-lo.
Na população em geral, a deficiência auditiva atinge de um a seis bebês a cada mil nascimentos. Diversos fatores provocam a surdez infantil. Quando estão envolvidos indicadores de risco — histórico de deficiência auditiva na família, doenças na gravidez (rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, herpes, sífilis), prematuridade e permanência na UTI — a incidência aumenta para um caso a cada 50 nascimentos.
Segundo o otorrinolaringologista Marcelo Toledo Piza, as causas mais comuns da surdez congênita são as mutações genéticas que promovem alterações nas células do ouvido interno. Tais estruturas transformam o som em impulso nervoso, permitindo que o cérebro reconheça os estímulos sonoros. Menos comum, mas tão graves quanto, são as causas da deficiência auditiva depois do nascimento. Inflamações no ouvido, viroses e males como a meningite podem gerar o transtorno.
— O teste é um exame de triagem. Se alguma alteração for detectada, a avaliação deve ser refeita. Se a anormalidade persistir, exames diagnósticos devem ser realizados o quanto antes por um fonoaudiólogo — orienta o médico.
A impossibilidade de escutar o que se passa ao redor traz prejuízos sérios à oralidade e ao desenvolvimento cognitivo. Sem poder contar com os recursos atuais, até o início do século passado, os surdos eram internados em manicômios. As próteses auditivas e os implantes transformaram a realidade de quem consegue o diagnóstico e o tratamento precoces.
— A triagem auditiva neonatal universal (Tanu) é fundamental para que intervenções médicas e terapêuticas possam minimizar, ao máximo, a limitação. Indivíduos com indicadores de risco para a surdez devem ser monitorados, ou seja, testados por mais tempo — aconselha Martin Ptok, do Hannover Medical School, na Alemanha.
O pesquisador garante que todas as evidências científicas apontam que, quanto antes a deficiência auditiva for detectada e tratada, melhor o desempenho que o indivíduo terá na linguagem.
Reabilitação e reaprendizado
Quando o paciente perde grande quantidade de células do ouvido interno, as próteses auditivas não trazem benefício e a indicação passa a ser a cirurgia para implante coclear.
— Esse dispositivo estimula as fibras do nervo auditivo. Se o diagnóstico não for tardio, o atraso no desenvolvimento infantil é mínimo. O cérebro tem plasticidade. Porém, esse benefício é mais bem aproveitado quando o problema é remediado antes dos seis meses de idade. A fonoterapia também deve ser iniciada nessa fase — acrescenta o médico Marcelo Piza.
A fonoaudióloga e neurocientista Valéria Reis do Canto Pereira reforça que a orelhinha deve ser testada até a alta hospitalar. Confirmado algum problema, exames comportamentais e eletrofisiológicos são recomendados. O objetivo é descobrir o que promoveu a surdez, caracterizar o seu tipo e o grau e saber se a perda auditiva acomete um ou os dois ouvidos. A partir daí, é determinado o tipo de intervenção.
— Não adianta fazer a triagem, constatar o problema e não interferir. A deficiência auditiva nos primeiros meses de vida é muito sutil, os pais não a percebem. Por isso, a triagem é importantíssima. Quanto mais cedo intervirmos, menor o prejuízo e maior o sucesso das terapias fonoaudiológicas — enfatiza Valéria.
A reabilitação pode entrar em cena antes mesmo da colocação da prótese ou da cirurgia do implante coclear. Os fonoaudiólogos usam técnicas que estimulam a criança a desenvolver tanto as habilidades auditivas quanto a linguagem oral.
— O implante não é mágico. É essencial que o paciente aprenda a ouvir e a responder a tal estímulo. Isso é incansavelmente trabalhado com brincadeiras que fazem as crianças perceberem que o mundo é sonoro — explica a mestre em clínica fonoaudiológica e especialista em deficiência auditiva Ângela Alves.
Segundo ela, o desafio é ensinar os pequenos a detectar, distinguir, reconhecer e compreender os sons. A conquista do desenvolvimento da audição e da capacidade de se expressar oralmente é certa, porém gradativa. Os pais devem ser parceiros dos fonoterapeutas, participando da terapia e aplicando em casa as técnicas ensinadas na clínica.
— Ninguém escolhe ter um filho surdo. Mas lutar para que essa criança supere a limitação e fique em situação muito semelhante à de uma pessoa não afetada por esse tipo de deficiência é, sim, uma escolha. Todas as crianças têm o direito de desenvolver a comunicação oral. Para os surdos, isso é possível com a intervenção médica e a fonoterapia — sustenta Ângela.
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