Embora a venda de cigarro para menores de 18 anos seja proibida no país, o produto pode ser facilmente comprado por essa parcela da população. A conclusão está em um estudo divulgado ontem (29) pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
O levantamento é baseado em pesquisas do Sistema Internacional de Vigilância do Tabagismo da Organização Mundial da Saúde (OMS), feitas no Brasil entre 2002 e 2009, e revela que a maior parte dos adolescentes nunca foi impedida de comprar cigarro por causa da idade. Em Maceió, essa situação foi relatada por 96,7% dos jovens com idades entre 13 e 15 anos que afirmaram já terem fumado. Em Fortaleza, o percentual alcançou 89,9% e em Salvador, 88,9%.
O estudo aponta que a maior parte da venda do produto é feita por unidade, apesar de a prática também ser proibida por lei, em estabelecimentos legalizados, como bancas de jornal, bares e padarias.
De acordo com a gerente da Divisão de Epidemiologia do Inca, Liz de Almeida, outro dado preocupante que o documento revela é que, ao contrário do que ocorre entre os adultos, o tabagismo vem aumentando entre os adolescentes. Quase oito em cada dez fumantes iniciam a prática com menos de 20 anos.
Ela destacou que esse cenário resulta de uma série de ações da indústria do tabaco para reduzir os impactos das medidas de controle ao tabagismo no país e conquistar consumidores cada vez mais jovens.
“Para isso, desenvolvem embalagens cada vez mais bonitas e atraentes ao olhar dos jovens. Além disso, os cigarros ganham aditivos que lhes dão sabor de cereja, canela ou chocolate, para disfarçar o gosto desagradável que têm. Tudo para conquistar o mercado do futuro, afinal quanto mais precocemente uma pessoa começar a fumar, mais cedo ela fica dependente e mais tempo vai consumir o produto”, disse.
Liz de Almeida ressaltou que a baixa escolaridade tem forte influência nesse processo. Entre as pessoas sem instrução ou com menos de um ano de escolaridade, quatro em cada dez começaram a fumar antes dos 15 anos. Essa proporção cai para menos de dois em cada dez entre as pessoas que estudaram de oito a dez anos. Já no caso daqueles com 11 anos ou mais de escolaridade, o percentual é 12,9%.
De acordo com o estudo, em algumas capitais as meninas estão experimentando o cigarro com maior frequência do que os meninos. Em Porto Alegre, por exemplo, onde foi registrada a maior variação entre os dois grupos, 52,6% das adolescentes já haviam fumado pelo menos uma vez, contra 38% dos meninos.
O diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini, defendeu o fortalecimento das ações de prevenção focadas principalmente nas populações consideradas vulneráveis, como os jovens, as pessoas de baixa renda, e os moradores das regiões Nordeste e Centro-Oeste, que, segundo ele, concentram as maiores proporções de fumantes.
Santini lembrou que o Brasil avança no combate ao tabagismo, tendo reduzido pela metade, em 20 anos, a prevalência de fumantes, de 34% para menos de 17% da população. “Mesmo assim, esses dados indicam que ainda há 25 milhões de fumantes no país, o que é uma tragédia sanitária em função dos prejuízos à saúde dessas pessoas e dos impactos relacionados a custos e tecnologias e, principalmente, das perdas de vidas por causa do tabaco”, acrescentou.
Fonte Agência Brasil
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