Os homens de hoje são menos "machos" do que seus pais ou avós. Pelo menos se depender da quantidade de testosterona, o hormônio masculino.
Nas últimas duas décadas, os níveis desse hormônio caíram bastante, segundo alguns estudos. Um deles, feito com mais de 1.500 homens entre 1987 e 2004, constatou que os machos de hoje têm 22% menos testosterona do que os de duas décadas atrás.
Segundo os pesquisadores, do New England Research Institutes, nos EUA, o declínio dos índices não está relacionado com a idade dos participantes da pesquisa --é normal que os mais velhos tenham níveis mais baixos do hormônio. A queda foi generalizada e, para eles, deve-se a mudanças no estilo de vida e fatores ambientais, como estresse e tabagismo.
O trabalho foi publicado na revista "The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism".
Para Ricardo Meirelles, endocrinologista e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, o achado do estudo é consenso entre os médicos. Uma das principais razões, segundo ele, é o aumento no número de obesos.
"A obesidade causa queda nos níveis de testosterona e isso favorece o acúmulo de gordura. É um círculo vicioso perverso: menos hormônio aumenta a formação de gordura e inibe a quebra", diz. O excesso de gordura também pode fazer com que o hormônio testosterona seja transformado em estrogênio, hormônio feminino.
De acordo com a endocrinologista Elaine Maria Frade Costa, do Hospital das Clínicas de SP, outros fatores da vida moderna também influenciam.
"Poluidores ambientais e a ingestão de substâncias estrogênicas --pesticidas, componentes do plástico, soja-- podem inibir a liberação do hormônio", afirma.
As consequências são diminuição de libido, disfunção sexual, perda óssea, anemia e alterações no humor.
O quadro nem sempre precisa ser tratado. Mas, se a quantidade de hormônio masculino for abaixo da normalidade, vira doença: o hipogonadismo.
Um exame de sangue simples detecta o problema. Se a causa for excesso de peso, muitas vezes só o emagrecimento é suficiente para normalizar os níveis de testosterona. Se não, há tratamentos com reposição hormonal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário