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terça-feira, 30 de agosto de 2011

“Nunca mais consegui me libertar dos comprimidos”

Dona-de-casa de 60 anos toma remédios por conta própria para a depressão e insônia e se reconhece dependente

Perto dos 40 anos, depois de já ser mãe de dois filhos, ela começou a sentir as transformações no humor e no sono. “Acho que era a menopausa chegando, não sei definir. Mas fui invadida por uma tristeza, uma angústia e uma dificuldade para dormir.”

Isaura, que pede para não ter a identidade revelada, procurou um médico. A prescrição de um remédio tarja preta trouxe mais um problema do que solução.

“Nunca mais consegui me libertar dos comprimidos. Hoje, se não tomo alguma coisa para dormir, passo horas e horas rolando na cama, pensando besteira.”

A dona-de-casa sente-se dependente das drogas e confessa que, depois daquela visita ao médico, não procurou mais o especialista para tratar a insônia e a tristeza. O medicamento que toma é o mesmo que tomam "todos os seus parentes”.

“Um dia fui no pronto-socorro e eles me deram cinco gotinhas de um remédio para enjôo e eu percebi que fiquei sonolenta. Então, comprei o remédio e pingo algumas gotinhas antes de ir para cama. Não sei se faz mal, mas como não é tarja preta, não deve ser perigoso” conclui.

Esta não é a única alquimia que ela testa para amenizar a dificuldade para dormir e para lidar com a ansiedade e o estresse. “Já fiz uso de um monte de remédio, mas nunca me dei bem. Queria muito deitar e dormir. Sonhar com o meu pai, como sempre fazia quando era criança, e matar um pouco a saudade que sinto dele.”

Isaura está nas estatísticas de uso inadequado de antidepressivos, sedativos e hipnóticos e ajudou a venda destas medicações crescerem até 49% nos últimos quatro anos. Neste gráfico também, estão pessoas como Cátia Moraes que, graças à medicação – prescrita e acompanhada por um especialista –, consegue ter uma vida normal e lidar com a própria depressão.

Os especialistas defendem que a automedicação, apesar de danosa para a saúde por aumentar o risco de efeitos colaterais graves, é uma parte minoritária do uso de remédios para as doenças como depressão, ansiedade, estresse, síndrome do pânico.

Fonte IG

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