Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Nem câncer faz paulistano deixar vícios

Não é folclore, nem papo de médico. Fumar e consumir bebida alcoólica são comprovadamente os principais fatores de risco para o desenvolvimento de tumores de cabeça e pescoço. Mesmo assim, a maioria dos pacientes com esse tipo câncer continua fazendo uso de álcool após receber o diagnóstico da doença. E quase metade deles também não consegue abandonar o vício do cigarro.

Os dados são de uma pesquisa feita pelo Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do Hospital A.C. Camargo, referência em oncologia, sob a orientação da psiquiatra Célia Lídia da Costa, diretora do Departamento de Psiquiatria e Psicologia da entidade. “Essas pessoas estão submetidas a fatores de risco da doença e têm risco aumentado de enfrentá-la novamente”, explica.

Foram estudados 350 pacientes, com avaliações periódicas feitas a cada três meses, ao longo de um ano, em 2010. A psico-oncologista Ana Carolina Maia Staniscia, que liderou a pesquisa, conta que o objetivo do estudo era entender por que diante do diagnóstico de uma doença tão grave as pessoas não abandonavam os vícios. “Eles até querem mudar o comportamento, mas não é tão simples assim”, analisa. São indivíduos que têm uma ligação emocional com o cigarro e a bebida. “Passaram boa parte da vida usando o cigarro e o álcool para enfrentarem seus problemas, portanto é difícil largarem tudo de repente.”

Em termos porcentuais, o estudo apontou que 54% dos pacientes continuam consumindo álcool e 46% deles não abandonaram o cigarro após receber o diagnóstico de um tumor de cabeça e pescoço. A pesquisa indicou ainda que os três primeiros meses são os mais oportunos para tentar desvincular o paciente dos vícios. Esse é momento é chamado ‘choque do diagnóstico’, explica o oncologista Rafael Kaliks, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Ele toma aquele choque de saber que está doente e naquele momento está mais disposto a mudar seus hábitos. Mas quando começa o tratamento e o tempo vai passando, ele vai cedendo e voltando aos costumes antigos”, acredita.

Uma das soluções, acredita Ana Carolina, é criar redes de apoio envolvendo também a família do paciente, além dos profissionais de saúde. Segundo Kaliks, neste contexto os programas de cessação do tabagismo dos hospitais e também as medicações são auxílios de grande importância.

Em recuperação, Lidiomar Gonçalves, de 42 anos, admite que não conseguiu deixar o fumo após descobrir um câncer na língua, em 2010. “A bebida eu consegui largar. Mas o cigarro, não. Fumo desde os 16 anos”, justifica. Há pacientes que chegam a fumar às escondidas, para escapar das broncas da família (veja abaixo). Com esse tipo de comportamento, o risco de passar pela reincidência da doença aumenta entre 15% e 20%, segundo o oncologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Gilberto Castro Júnior.

Mas há, também, boas lições de força de vontade. É o caso de João Cerqueira Lima, de 52 anos. Ele, que consumia dois maços de cigarro por dia, deixou de fumar após ter um câncer na garganta. “Disse: ‘nunca mais vou colocar um cigarro na boca’. E cumpri a promessa.”

Fonte Estadão

Nenhum comentário:

Postar um comentário