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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Paulistanos sem remédio para Parkinson

A assistente social Natalina Amodio Ribeiro, de 48 anos, percorreu dez unidades de saúde da capital nos últimos dias em busca de um remédio indicado contra o mal de Parkinson, que deveria ser fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde. A mãe dela, de 80 anos, faz parte das centenas de pacientes paulistanos que, há três semanas, enfrentam o desabastecimento do levodopa, principal medicamento usado para tratar a doença. Passar um dia sem a medicação já é prejudicial para os pacientes, segundo os médicos ouvidos pelo JT.

Com base na lista de pacientes cadastrados e nas reclamações que tem recebido, o presidente da Associação Brasil Parkinson, Samuel Grossman, calcula que 800 paulistanos tenham sido prejudicados com o desabastecimento. “É um crime o que estão fazendo com essas pessoas, que dependem tanto do remédio”, critica.

Junto com o mal de Alzheimer, a doença de Parkinson é uma das patologias neurodegenerativas mais importantes nos idosos do País. O Ministério da Saúde estima uma prevalência de 100 a 200 casos por 100 mil habitantes.

Segundo Natalina, desde o início do ano tem havido falhas esporádicas na distribuição dos três medicamentos que sua mãe consome. Foi justamente neste ano que a Secretaria Municipal de Saúde assumiu a responsabilidade pelo fornecimento do remédio levodopa (leia mais ao lado). A assistente social conta que sua mãe foi diagnosticada com Parkinson há 9 anos.

“Quando ela fica sem o remédio, sente a diferença no mesmo dia. As pessoas imaginam que Parkinson é só tremedeira. Mas também é rigidez muscular, por isso não dá para ficar nem sequer um dia sem”, afirma.

Enquanto a situação não é regularizada, Natalina tem comprado o levodopa por conta própria. Mas diz que não conseguirá custear a medicação por muito tempo. Uma caixa pode custar, de acordo com a dosagem, mais de R$ 90. E a quantidade de medicação ingerida depende do estágio em que a doença se encontra.

Há pacientes que precisam de quatro caixas por mês, por exemplo. “Nem fiz os cálculos de quanto gastaria se tivesse de comprar todos os remédios. Se não se regularizar em breve, não sei como fazer. Essa situação me estressa muito e estressa também a minha mãe.”

Segundo o neurocirurgião Luís Alcides Manreza, do Hospital São Luiz, o remédio levodopa é usado por cerca de 90% dos pacientes de Parkinson. “A falta do medicamento promove uma piora imediata”, garante. Embora não exista cura para a doença, com tratamento adequado o paciente consegue viver de forma relativamente normal, sem a intensificação dos sintomas, por 10 anos, em média.

O mal de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso geralmente associada a tremores. Mas há sintomas mais graves: rigidez e lentidão dos movimentos, podendo levar à incapacidade. “Todos se impressionam muito com o tremor, mas o pior é a rigidez: o andar e o falar tornam-se lentos e aumenta a dificuldade para engolir e deglutir os alimentos.”

O neurologista Cícero Galli, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), confirma que o levodopa é imprescindível contra o Parkinson. Uma vez na corrente sanguínea, a droga se transforma em dopamina, substância deficiente nesses pacientes. “Esse tratamento é fundamental para aliviar os sintomas e as limitações provocadas pela doença”, diz.

Outro lado
A responsabilidade pelo fornecimento do remédio levodopa, usado contra a doença de Parkinson, passou a ser da Secretaria Municipal de Saúde neste ano. Anteriormente, a distribuição era feita pela Secretaria Estadual de Saúde. Em nota, a pasta municipal informou que “a situação está sendo regularizada e que o abastecimento deverá ser feito nos próximos dias.”

Questionada pela reportagem sobre o motivo que teria provocado a falta da medicação, a Secretaria Municipal de Saúde respondeu, por meio de sua assessoria, que “a equipe técnica não forneceu detalhes sobre o motivo do atraso.”

Fonte Estadão

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