Aelio Caracelli, de 83 anos, mal compreendia o que sua mulher falava e os desentendimentos conjugais eram recorrentes. Até que os dois decidiram tratar a perda auditiva. Desde junho, ele usa um amplificador de áudio em cada ouvido. O aposentado é um dos quase 10 mil pacientes atendidos gratuitamente pelo Núcleo Integrado de Saúde Auditiva (Nisa), programa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo que oferece um conjunto de aparelhos orçados em até R$ 8 mil.
Voltado para pessoas de todas as idades com perda auditiva, o programa é subsidiado com verba do governo federal e, além de distribuir aparelhos, oferece manutenção do equipamento e acompanhamento fonoaudiológico. “No começo, ouvia até o barulho do vento”, conta Caracelli. Agora, também escuta o que sua mulher diz e até a filha deles, Anália, passando pelo portão. “Minha vida melhorou.”
Caracelli admite que não esperava muito do serviço quando procurou atendimento. “Soube que o SUS (Sistema Único de Saúde) nos favorecia, mas não tinha grandes esperanças”, lembra. “Mas, no fim, fiquei muito satisfeito.”
Como proceder
Na capital paulista existem 16 núcleos de saúde auditiva, sendo o da Penha, na zona leste, habilitado pelo Ministério da Saúde para distribuir aparelhos auditivos. Para ter acesso ao serviço especializado, o paciente deve passar por um clínico geral da unidade básica de saúde (UBS) mais próxima de sua residência. É o médico da UBS quem poderá encaminhar a pessoa para um desses núcleos.
Na capital paulista existem 16 núcleos de saúde auditiva, sendo o da Penha, na zona leste, habilitado pelo Ministério da Saúde para distribuir aparelhos auditivos. Para ter acesso ao serviço especializado, o paciente deve passar por um clínico geral da unidade básica de saúde (UBS) mais próxima de sua residência. É o médico da UBS quem poderá encaminhar a pessoa para um desses núcleos.
“O paciente sai da UBS com dia e hora marcados no Nisa”, diz Claudia Manzoni, técnica em Saúde da Pessoa com Deficiência da Secretaria Municipal de Saúde. Após fazer os exames, pode receber a indicação para o aparelho. É feito um molde e testes com o aparelho já pronto, para ajustes. Nem todos se adaptam ao equipamento, pois o som do ambiente aumenta muito e pode provocar irritação e incômodo.
Entre a chegada ao serviço e o recebimento do dispositivo, o prazo é de seis meses – sendo o último destinado aos testes práticos com o equipamento. O paciente deve comparecer periodicamente ao Nisa. Após quatro anos de uso, adultos têm direito à troca de aparelho. Para crianças, esse período é de até dois anos. Também há reposição gratuita para casos de roubos, mas é preciso apresentar o boletim de ocorrência.
Aos 64 anos, Maria Zuleide Siqueira Silva acaba de colocar um amplificador. “Não entendia direito o que as pessoas falavam e isso me deixava muito chateada”, conta. A irmã dela, Etel Siqueira Silva, de 67 anos, lembra que se irritava com as conversas. “Tinha de ficar gritando no ouvido dela.”
O envelhecimento é a principal causa da surdez. No Brasil, ainda não existem estatísticas precisas sobre deficientes auditivos. Diretor da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e da Sociedade Brasileira de Otologia, Marcelo Ribeiro de Toledo Piza estima, com base na literatura médica existente, que cerca de 10% da população seja portadora de deficiência auditiva de leve a grave – cerca de 20 milhões de pessoas.
A doença também pode ser genética ou adquirida na gravidez, como consequência da rubéola materna. Ela atinge de uma a três crianças em cada grupo de dez mil, segundo Piza.
Em São Paulo, há mais seis instituições autorizadas pelo Ministério da Saúde a distribuir os aparelhos. São elas: a Santa Casa de Santo Amaro, Hospital Municipal de Pirituba, Instituto Cema, Fundação São Paulo Derdic-Ceac, Hospital das Clínicas, Hospital São Paulo (Unifesp) e Santa Casa.
No sistema particular, além de comprar os aparelhos, é preciso arcar com consultas exames. A audiometria completa custa cerca de R$ 160. O Bera, um exame específico que avalia a integridade das vias auditivas até o tronco cerebral, varia de R$ 300 a R$ 400.
TOLERÂNCIA
>> O ouvido tolera 85 decibéis, o equivalente a uma avenida movimentada
>> Nesse volume, a exposição ao som deve ser de até 8 horas ao dia
>> A cada 5 decibéis acrescentados, a exposição ao barulho deve ser reduzida pela metade
>> Nesse volume, a exposição ao som deve ser de até 8 horas ao dia
>> A cada 5 decibéis acrescentados, a exposição ao barulho deve ser reduzida pela metade
E M DECIBÉIS
>> Um cochicho mede 20 decibéis
>> Tráfego pesado: 80 decibéis
>> O walkman no volume 5 tem som de 95 decibéis
>> Show de rock, longe até 2 m da caixa de som: 105 a 120 decibéis
>> Disparo de arma de fogo: 130 a 140 decibéis
>> Tráfego pesado: 80 decibéis
>> O walkman no volume 5 tem som de 95 decibéis
>> Show de rock, longe até 2 m da caixa de som: 105 a 120 decibéis
>> Disparo de arma de fogo: 130 a 140 decibéis
Fonte Estadão
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