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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Vacina pode evitar o uso das drogas com reações violentas no organismo

Para diversos cientistas, a solução pode estar na mesma abordagem que praticamente erradicou a poliomielite e o sarampo do mundo todo


A morte prematura da cantora inglesa Amy Winehouse e a nova internação em uma clínica de reabilitação da atriz Vera Fischer reacenderam o debate sobre os malefícios da dependência química. De acordo com um relatório publicado recentemente pela Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 280 milhões de pessoas entre 15 e 64 anos consomem drogas ilícitas, apesar das evidências sobre o perigo que essas substâncias representam à saúde.

Para diversos cientistas, a solução pode estar na mesma abordagem que praticamente erradicou a poliomielite e o sarampo do mundo todo: a vacina.

O princípio da imunização contra o vício é aparentemente simples — fazer com que o organismo entre em contato com pequenas dosagens de uma substância invasora e produza anticorpos para combatê-la. A ideia é inibir o efeito cascata provocado pelas drogas: quanto mais se usa, mais se quer.

A vacina seria capaz de quebrar o ciclo, impedindo que a substância chegasse até o cérebro, onde é processada. Sem usufruir das sensações induzidas pelas drogas, o usuário deixaria de usá-las.

O problema é que chegar à fórmula da vacina é difícil, porque, diferentemente de vírus e bactérias, cujas proteínas são grandes e fáceis de reconhecer, as moléculas das drogas são muito pequenas e passam despercebidas pelo organismo em sua viagem até o cérebro.

Laboratórios dos Estados Unidos e da Inglaterra, contudo, não param — e os resultados positivos começam a aparecer. O trabalho mais recente foi produzido pelo Instituto de Pesquisa Scripps, na Califórnia. Neste mês, os cientistas anunciaram a criação de uma vacina que ataca a heroína, droga que, somente nos EUA, causa perdas anuais calculadas em US$ 22 bilhões.

De acordo com os pesquisadores, a estratégia foi bem-sucedida no combate à heroína e a outros componentes da droga, que, ao chegarem ao cérebro, produzem os efeitos eufóricos. O principal autor do estudo, Kim Jandra, afirmou que, em 25 anos dedicados à pesquisa de vacinas contra o vício, nunca viu uma resposta imune tão forte. Os estudos foram realizados em ratos, mas a expectativa dos cientistas é que efeitos semelhantes sejam observados em humanos.

Jandra afirma que há 40 anos os cientistas tentam encontrar uma vacina viável contra a heroína, mas sem sucesso, porque, injetada no organismo, ela se converte rapidamente em diversas substâncias, os metabólitos, cada um deles produzindo efeitos psicóticos diferentes.

A equipe do pesquisador, então, procurou desenvolver uma nova abordagem, chamada imunofarmacoterapia, pela qual foi possível não apenas identificar as substâncias ainda na corrente sanguínea como bloquear sua chegada ao cérebro. 

— Antes das pesquisas clínicas, precisamos fazer mais estudos em animais, principalmente para checar se há recaídas — afirma Jandra.

Ainda assim, ele está bastante animado com os resultados.

— Essa abordagem é absolutamente viável. Já conseguimos desenvolver vacinas semelhantes para cocaína, nicotina, matafetamina e distúrbios alimentares. Então, sim, acredito plenamente que outros tipos de dependência podem ser tratados com imunização — afirma.

Jandra, ao lado de Neil Stowe, também do Instituto Scripps, também participaram de um grupo de pesquisadores que conseguiram criar uma vacina contra a cocaína que, em ratos, também se mostrou promissora.

— Os resultados foram dramáticos na proteção dos efeitos da cocaína. Acredito que essa abordagem será bastante promissora em humanos — conta Ronald G. Crystal, professor de genética da Faculdade de Medicina de Weill Cornell, que fez parte da equipe.

Da mesma forma da vacina contra a heroína, a imunização que tem a cocaína como alvo conseguiu evitar que as moléculas da droga chegassem ao cérebro depois de consumidas. Segundo Crystal, os efeitos da vacina duraram 13 semanas, o maior intervalo de tempo já obtido em pesquisas do tipo. Com isso, não seriam necessários tratamentos caros, com diversas infusões.

A meta, segundo os cientistas, é conseguir fazer testes em humanos. Atualmente, não há vacinas antidrogas aprovadas em nenhum lugar do mundo.

Fonte Zero Hora

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