Equipe que busca pacientes usa calmantes, se necessário
Uma arma improvisada com um pedaço de madeira foi a forma que Michel* encontrou para interromper o tratamento forçado para se desintoxicar do uso de crack e outras drogas. Mas “antes de fazer alguma besteira”, como ele mesmo descreve, resolveu conversar com um psicólogo. Largou a arma e resolveu ficar por mais um tempo.
Michel tem 22 anos e usa drogas desde os 11, quando experimentou maconha pela primeira vez. Na gíria do tráfico, ele fazia "cruzado", misturava o consumo de várias drogas, como crack, cocaína, ecstasy, cola de sapateiro, entre outras. Diz já ter usado "de tudo". Ele é paciente da clínica Maia Prime, onde faz tratamento compulsório. Atualmente, está em sua terceira tentativa para se livrar da dependência. Agora, ele está na clínica por que quer.
Essa é base do tratamento compulsório na iniciativa privada: convencer o paciente. A postura joga um pouco de luz na discussão no país sobre a internação obrigatória de dependentes de crack. O Rio de Janeiro já adota isso. Em São Paulo, o governo estuda uma medida semelhante.
Na iniciativa privada, as internações à força já acontecem. O coordenador de terapia da clínica, o psicólogo Luciano Oliveira, diz que, quando é necessário trazer um paciente compulsório, uma empresa terceirizada especializada nesse tipo de caso faz o trabalho.
Segundo Oliveira, a equipe é constituída de três seguranças - geralmente, ex-usuários de drogas - que tentam convencer o paciente. Eles vão acompanhados de um médico e um enfermeiro, que aplicam calmantes caso a resistência do paciente seja grande.
Na clínica, de acordo com Oliveira, o convencimento segue.
– Membros da nossa equipe descrevem situações muito familiares aos usuários de drogas. Eles acabam se convencendo de que devem ficar.
A clínica tem grades e portas com fechaduras, mas nada muito difícil de pular.
FOnte R7
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