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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Desenvolvido método para detectar pesticida em leite

Uma tese de doutorado desenvolvida no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) propõe um novo método para detectar, no leite bovino, a presença de um ingrediente ativo utilizado em agrotóxicos, conhecido como clorpirifós etil. “Trata-se de um kit simples, barato e de fácil aplicação, que permite ver, em apenas um dia, se o leite está ou não contaminado”, explica a autora do trabalho, a engenheira química Christina de Jesus Morais.

Os pesticidas são empregados na pecuária para combater, sobretudo, os carrapatos. Ao serem aplicados por meio do banho, esses produtos deixam uma toxina (o clorpíriflós-etil) na pele do animal, que envenena o parasita quando ele a pica. Contudo, ao lançar mão desse recurso o agricultor deve respeitar um período de carência, no qual não pode extrair leite de suas vacas sob o risco deste estar contaminado e ser considerado impróprio e perigoso para o consumo humano.

Ciente dessa situação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu limites para a presença de clorpifós etil na gordura do leite. “Daí a importância de dispormos de recursos os mais diversos para monitorarmos e controlarmos sua qualidade”, diz Christina, que teve a ideia para a sua pesquisa a partir de sua rotina de trabalho no INCQS. Para chegar a seu método, Christina adaptou um kit de detecção de agrotóxicos na água. “Minha pesquisa consistiu em desenvolver um procedimento de extração dos ingredientes ativos dos pesticidas do leite, que é uma matriz muito mais complexa que a água, para depois submetê-los ao kit”, relata a engenheira, destacando que este foi idealizado por Mauro de Castro Faria, um de seus orientadores, médico e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Explicado de modo simples, a pesquisadora aplica solventes específicos no leite e obtém um resíduo, que é misturado a uma enzima (conhecida como acetilcolinesterase). Isso gera um extrato cuja cor é avaliada, denunciando ou não a presença do agrotóxico. Todo esse procedimento pode ser feito em apenas um dia, o que representa economia de tempo e de custo, já que o produto é considerado barato pela pesquisadora. Agora, Christina busca o reconhecimento de seu método pela Anvisa para estabelece-lo como alternativa. Seu trabalho chama-se Avaliação de método enzimático para monitorar a presença de agrotóxicos organofosforados em leite bovino e foi defendido com sucesso em 2009.

As consequências da ingestão de clorpirifós etil
O monitoramento do leite é considerado por especialistas como essencial para preservar a saúde da população, sobretudo por se tratar de alimento muito consumido por idosos e crianças, cuja saúde requer atenção redobrada. Quando acima dos limites permitidos por lei, a presença do clorpirifós etil no leite pode causar complicações. Essa substância atua no sistema nervoso, inibindo os neurotransmissores. Desse modo, um indivíduo que tenha ingerido leite por ela contaminado pode apresentar sintomas que vão desde simples sudorese e tremores, até um quadro mais grave, caracterizado por espasmos musculares, parada cardíaca e até óbito.

Fonte Agência Fiocruz

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