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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Saiba em quais orgânicos investir o dinheiro das compras

Produtos sem aditivos chegam a custar o dobro dos convencionais. Especialistas ensinam a economizar priorizando

Quem já se acostumou a abastecer a despensa (e a mesa) com orgânicos garante que a única desvantagem é o preço. Por serem produzidos em menor escala, tais alimentos têm prazo de validade mais curto e exigem um investimento que nem todos podem fazer.

Segundo o nutricionista esportivo Marcelo Ferreira, os orgânicos custam, aproximadamente, o dobro do preço dos convencionais. A couve, por exemplo, custa, em média, R$ 2,00. A versão orgânica chega a custar R$ 4,00 em feiras e estabelecimentos especializados em podutos naturais.

“No meu ponto de vista, é o único entrave. Não posso estabelecer uma dieta para meus pacientes exigindo que comprem esses alimentos, pois o desequilíbrio no orçamento pode até comprometer o empenho no regime” lamenta Ferreira.

Para a publicitária Juliana Ayabe, porém, o preço mais alto compensa. “Acho saudável, não caro. Deixar de consumir produtos de origem duvidosa vale o preço. Sinto a diferença no paladar, principalmente quando como as verduras com folhas”.

Além do ganho em sabor, ela afirma que a mudança para um cardápio mais orgânico eliminou o cansaço diário e as dores de cabeça. Embora não exista nenhuma comprovação científica, defensores dos orgânicos juram que eles contribuem para o equilíbrio do organismo e para afastar o risco de doenças, em longo prazo.

“Ainda trabalhamos com hipóteses. Com o tempo, os alimentos modificados podem aumentar a nossa predisposição a certos tipos de câncer. Essa relação existe, mais faltam estudos que a comprovem”, diz Marcelo Ferreira.

Nova matemática
Se consumir apenas alimentos orgânicos fica pesado demais no orçamento doméstico, especialistas afirmam que pequenas mudanças podem garantir saúde sem rombos financeiros. Renato Caleffi, chef de cozinha do restaurante Le Manjue Bistrô, em São Paulo, é um dos defensores dessa política de "redução de danos". Em seu estabelecimento, 80% dos ingredientes são orgânicos. Apenas especiarias e temperos ficam de fora, devido ao alto custo de importação.

O critério estabelecido na profissão permanece quando ele está fora do restaurante. As vantagens são múltiplas e o ganho, para quem vive de sabor e paladar, é incomensurável, garante o chef.

“Já participei de degustação às cegas e consegui distinguir o gosto. O tomate é menos ácido, mais doce. O frango tem mais fibra, a textura muda. Quem come apenas alimentos convencionais está anestesiado. Depois de 14 dias comendo só orgânicos é possível perceber o sabor, a diferença."

Caleffi explica que nem todos os alimentos orgânicos são capazes de comprometer grandes impactos orçamentários. O arroz e o feijão orgânicos, por exemplo, rendem muito mais do que os tradicionais.

“Nem tudo é excessivamente mais caro. O rendimento de alguns produtos os torna mais acessíveis. Falta conhecimento. É preciso pesquisar, se informar sobre antes de sair comprando.”

Apostas certeiras
Segundo o chef Renato Caleffi, tomate, morango, pimentão e batata são os orgânicos que mais valem o investimento. São alimentos muito delicados, facilmente destruídos por parasitas e mudanças climáticas. Para não perder a colheita, explica ele, os produtores recorrem a altas doses de agrotóxicos.

“O alimento orgânico tem menos água e mais matéria seca. Não foi colocado agrotóxico na terra, então ele teve que se autodefender para crescer. É um produto mais resistente, com mais nutriente. A química cria um vegetal preguiçoso, que não fabrica as próprias defesas.”

De acordo com o último relatório do sistema nacional de informações toxicológicas, ligado à Fundação Oswaldo Cruz, divulgado em 2010, o pimentão, a uva, o pepino e o morango lideram o ranking dos alimentos mais intoxicados por pesticidas, com índice de contaminação de 80%, 56,4%, 54,8% e 50,8%, respectivamente. Na época, foram avaliados 3.234 alimentos, de 20 culturas diferentes, colhidos em feiras e supermercados de 27 capitais brasileiras e o Distrito Federal.

“Cientificamente, ainda não existe um consenso sobre a superioridade dos orgânicos. As vantagens podem estar no sabor, na ausência de resíduos químicos e na qualidade dos nutrientes. Nesse ponto, o tomate, o morango e o pimentão são os mais afetados. Vegetais folhosos, como a couve, também. O benefício em relação aos alimentos convencionais é o respeito ao meio ambiente e a manutenção da biodiversidade, que preserva recursos naturais”, afirma a nutróloga Cristiane Coelho.

Além das frutas e legumes, os leites e carnes orgânicas também acirram a polêmica sobre a superioridade dos alimentos produzidos de forma natural. O uso de hormônios e aditivos na ração destinada a esses animais, além de pouco sustentável do ponto de vista ecológico, compromete a qualidade da carne, acredita Callefi.

“A carne bovina brasileira não é confinada e representa um impacto menor ao ambiente. O frango, em contrapartida, é exposto à luz para estimular a fabricação de hormônios naturais. A ração leva aditivos para que os ovos ganhem coloração e a casca fique bem dura. Tais mecanismos deixam a ave estressada, e ela se pica muito. É uma agressão ao animal", diz Caleffi.

Para quem está realmente decidido a mudar, a dica dos profissionais é procurar feiras livres que comercializam apenas orgânicos e checar se os alimentos à venda têm o selo que atesta a ausência de aditivos.

"A lógistica ainda não é favorável ao consumidor consciente. Com o tempo, porém, a realidade deve mudar. É preciso entender que o convencional só é mais barato porque tem agrotóxico e aditivos."

Fonte IG

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